Amanda, Bakalova, Chase e Sennott: brincadeira levada a sério.
Um grupo de jovens ricos entediados e sem muito o que fazer resolvem se encontrar na mansão de um deles antes de uma tempestade para uma festinha. Este é o ponto de partida para Morte, Morte, Morte que parece um filme de terror, mas é na verdade um suspense psicológico em tom de galhofa. Quando o filme começa com o longo beijo de Sophie (Amanda Stleinberg) e Bee (Maria Bakalova), você não imagina o que irá acontecer quando Sophie encontrar seus velhos conhecidos. Estarão lá a sua melhor amiga (e influencer) Alice (Rachel Sennott), o melhor amigo dela (Pete Davison), a namorada atriz dele, Emma (Chase Sui Wonders), e a ex-namorada de Sophie, Jordan (Myha'la Herrold), além de uma espécie de penetra do grupo, Greg (Lee Pace) - o atual ficante mais velho de Alice. Sem perder muito tempo com as apresentações, o filme logo estabelece um clima pesado entre os personagens, muito por conta das situações que já passaram juntos e os ressentimentos que ainda não foram plenamente cicatrizados (além de uma certa antipatia por Bee e Greg, que estão longe de pertencer aquele mundinho). Conforme a festinha avança, o álcool começa a subir à cabeça, assim como o uso das drogas e a ideia de criar brincadeiras estúpidas ajuda a aumentar ainda mais a tensão do grupo. Eis que resolvem brincar do jogo que dá nome ao filme (em que um participante assume o papel de assassino e os demais são vítimas em potencial enquanto não descobrem a identidade do vilão) e a coisa não demora a sair ainda mais do controle. Quando o primeiro corpo é encontrado não demora para um a um ser eliminado. A ameaça iminente só aumenta o clima de paranoia que se instaura entre os personagens. Tudo se torna motivo para acusações e ações que, em nome da legítima defesa, começam a colocar em risco todos eles. Dirigido pela cineasta Halina Reijn (responsável por Instinto/2019 o pré-candidato da Holanda ao Oscar 2020), o longa surpreende pela desenvoltura com que vira do avesso a fórmula dos slasher movies e chega a um final tão irônico que poderia soar ridículo se não fizesse todo o sentido. Reijn segue os fatos com uma câmera nervosa, trêmula na medida certa (sempre em closes claustrofóbicos) e sabe tirar proveito do mínimo de iluminação que utiliza na maioria das cenas. Se existe um problema no filme é o desenvolvimento um tanto pobre das personagens, que fica lá pelo meio do caminho da histeria coletiva. Em certos momentos o filme me lembrou Clímax (2018) do Caspar Noé em seu tom de bad trip, mas consegue ser muito mais bem humorado, o que lhe confere até um certo charme especial. Para surpresa de muita gente o filme foi lembrado nas categorias de melhor roteiro de estreia e melhor direção na última edição do Independent Spirit Awards e está disponível atualmente na HBOMax
Morte, Morte, Morte (Bodies, Bodies, Bodies/ EUA - 2022) de Halina Reijn com Amanda Stleinberg, Maria Bakalova, Rachel Sennott, Lee Pace, Pete Davison, Myha'la Herrold e Chase Sui Wonders. ☻☻☻
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