Pryce, Everett e Dancy: criando aparelho revolucionário.
Considerado o brinquedinho sexual favorito em todo o mundo, eu não fazia ideia que a invenção do vibrador havia acontecido de forma acidental. A diretora americana Tania Wexler resolveu contar essa história curiosa ambientada na Inglaterra vitoriana, especificamente no ano de 1880. Perto do século XX, o título faz referência à uma patologia que há tempos é associada à irritabilidade feminina. Diagnóstico de histeria é uma coisa rara desde 1960, mas na época em que acontece a história do filme era bastante comum. Embora os nomes dos personagens sejam fictícios, a história do apetrecho aconteceu de forma semelhante. No entanto, lá pelo meio da sessão, você percebe que o filme desvia o foco, seja para o casal protagonista ou para o papel da mulher na sociedade da época. Mortimer Granville (Hugh Dancy) é um jovem médico incompreendido, adepto da assepsia e da existência dos germes, seus métodos são considerados caros e desnecessários para a época. Ele acaba trabalhando com Dr. Robert, um ginecologista, e se torna o doutor favorito das senhoras da região pela, digamos, habilidade em seus exames. Com o novo trabalho, Granville conhece as filhas de Robert, a meiga Emily (Felicity Jones) e a aguerrida Charlotte (Maggie Gyllenhaal). Enquanto Emily ajuda o pai em seus estudos sobre avaliação do formato de cabeças humanas (?!), ela ajuda nos afazeres de casa e parece a esposa perfeita para o jovem médico, a Charlotte é vista como rebelde - trabalha num centro de assistência social ajudando os proletários, participa de movimentos sufragistas e critica todo mundo que não percebe que o mundo está em transformação. É verdade que ela e Granville tem muitas afinidades, mas o roteiro prefere colocar os dois brigando durante a sessão. Entre os personagens está o inventor Edmund (Rupert Everett, cuja barba atenua o efeito da passagem do tempo com cirurgias plásticas que o deixaram bem diferente do amigo gay de Julia Roberts em O Casamento do Meu Melhor Amigo/1997). Edmund divide o apartamento com Granville e tenta inventar um revolucionário espanador, que, após massagear uma cãibra na mão de Granville terá outro destino. É desse jeito quase por acaso que inventa-se o tal brinquedinho - já que o jovem doutor chega à conclusão que o efeito massageador pode ajudar as mulheres irritadas do consultório ginecológico. Wexler decora seu filme com toques de feminismo através da personagem Charlotte e acaba deixando o apetrecho em segundo plano. Ao invés de fazer um filme apimentado, ela prefere fazer uma comédia romântica simpática, ainda que previsível. É bem realizado, mas quem espera um filme escandaloso irá se surpreender com a sexualidade brejeira e inofensiva do filme - mas sua reflexão sobre a insatisfação sexual ainda pareça atual como o objeto inventado.
Histeria (Hysteria / Reino Unido - França - Alemanha/2011) de Tania Wexler com Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaall, Felicity Jones, Jonathan Pryce e Rupert Everett. ☻☻☻
Histeria (Hysteria / Reino Unido - França - Alemanha/2011) de Tania Wexler com Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaall, Felicity Jones, Jonathan Pryce e Rupert Everett. ☻☻☻
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