John e Li: o espião que queria ser um pouco mais.
John Cusack é um dos atores mais simpáticos que Hollywood tem à disposição. Avesso às premiações, ele é um dos poucos atores que são capazes de se defender em qualquer gênero. Seja em dramas pesados (Os Imorais/1990), comédias românticas (Alta Fidelidade/2000) ou surreais (Quero Ser John Malkovich/1999), o ator aparece sempre digno de crédito. Ao mesmo tempo que isso lhe dá uma certa estabilidade no terreno movediço dos astros americanos, faz com que nem sempre embarque em filmes destinados ao sucesso. Conspiração Shanghai nem chegou nos cinemas brasileiros, sendo lançado em DVD por aqui somente dois anos depois de estrear no exterior. O curioso é que não se trata de um filme ruim, pelo contrário, bem cuidado e com uma história de ficção que se mistura com fatos reais, o filme prende a atenção numa atmosfera noir de alguma elegância e muitos mistérios. A elegância fica por conta de John e sua parceira de cena, a sempre bela Gong Li. Ambientado na década de 1940, John interpreta o espião Paul Soames, que finge ser jornalista simpatizante do nazismo numa Shanghai ocupada por japoneses. Soames deseja descobrir o assassino do seu parceiro de missão (vivido por Jeffrey Dean Morgan) e acaba se envolvendo numa encruzilhada entre militares e membros de um movimento de resistência á ocupação japonesa. Em seu caminho está o influente Anthony Lan-Ting (Chow Yun Fat), sua atraente esposa Anna (Gong Li) e um militar (Ken Watanabe) que parece ter mais envolvimento com morte do tal amigo do que Soames desejaria. Como reza o manual de filmes de espionagem, o roteiro parece feito sob medida para confundir a plateia até que comece a desatar-se os nós. Girando entre informações, suspeitos e pistas, o filme apresenta bons personagens que são abandonados pelo meio do caminho pela direção sem sutileza de Mikael Hafström. Assim, além do elenco principal, o filme tem aquele sabor de desperdiçar atores do porte de David Morse, Hugh Bonneville, Rinko Kikuchi e Franka Potente em papéis que parecem importantes mas que tem desenvolvimento decepcionante na trama. Pelo menos, o filme tem o mérito de prender a atenção (nem que seja pelos figurinos exuberantes de Li - que aos 45 anos continua belíssima) e ter um último ato previsível filmado de forma espetacular. Trata-se de um bom passatempo, mas que deixa aquele sabor de que queria ser algo mais (assim como os outros filmes do diretor). É o segundo longa que Cusack realiza com o diretor sueco (revelado com a indicação ao Oscar por Evil em 2004), em 2007 os dois fizeram o terror num quarto de hotel nomeado 1408. Recentemente Mikael filmou o encontro de Stallone e Schwarzenegger em Rota de Fuga (2013), outra produção que parece ter ficado no meio do caminho de suas reais intenções.
Conspiração Shanghai (EUA-China/2010) de Mikael Hafström com John Cusack, Gong Li, Chow Yun Fat, Ken Watanabe, Franka Potente, Hugh Bonnevill e David Morse. ☻☻☻
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