Halle e Tom: vários personagens, várias histórias, toneladas de maquiagem...
Ah os Wachowski... lembro quando o primeiro filme dirigido pelos caras chegou nos cinemas por aqui (Ligadas pelo Desejo/1996) e alguns críticos diziam que se você sobrevivesse ao início insuportável iria se deparar com um filme suspense interessante. Reza a lenda que eles tiveram de fazer o filme para provar que eram capazes de fazer algo tão ambicioso como Matrix (1999). Lembro que na época da faculdade viviam ressaltando as filosofices que estavam presentes na trilogia. Eu ainda acho que Matrix é um dos maiores pastéis de vento do cinema. Até hoje qualquer um dos três é capaz de me fazer dormir em alguns minutos. Depois de tantos elogios, a dupla encerrou a trilogia com um episódio que decepcionou os fãs iludidos com a grandeza de toda aquela pretensão. Para baixar a bola dos manos eles lançaram a versão carne e osso de Speed Racer (2008) e decepcionaram mais uma vez. Depois de produzirem alguns filmes eles voltaram cheios de pompa com esse A Viagem, nome sem sentido para a adaptação cinematográfica da obra de David Mitchell. Desde o início houve grande dificuldade em bancar o filme, afinal a história se passava em seis tempos diferentes usando seis núcleos narrativos além de costurar dezenas de personagens. Ou seja, era necessário um bocado de coragem para se meter em um projeto tão complicado. A coisa era tão elaborada que os Wachowski até chamaram o alemão Tom Tykwer para dar uma força nas filmagens, dividindo os núcleos entre eles. O projeto demorou quatro anos para ser realizado, houve investimento de várias produtoras independentes numa arrecadação de mais de 100 milhões de dólares - o que tornou o longa um dos filmes independentes mais caros de todos os tempos. Em sua primeira exibição o filme dividiu opiniões - e parecia ter chamado mais a atenção porque no meio do processo de filmagen Larry Wachowski mudou de sexo, agora assinando e atendendo pelo nome Lana Wachowski. Entre efeitos especiais, direção de arte esmerada e maquiagens que Às vezes tropeçam, o filme pareceu perder o fio da meada que deveria unir as histórias: o efeito a longo prazo de nossas ações (pequenas ou grandes). No fim das contas fiquei com a impressão de que não havia nada de tão complicado na história (além do trabalho magistral do editor que costura várias histórias), talvez porque o enredo do livro se perdeu no meio do espetáculo armado. Ainda assim, o filme é uma aventura interessante. Seja acompanhando aa jornada de um jovem advogado (Jim Sturgess) envolvido com o tráfico de escravos em 1849, as desventuras de um músico inglês (Ben Whishaw) em 1936, uma jornalista (Halle Berry) que descobre problemas no projeto de um reator nuclear em 1973, os problemas de um editor (Jim Broadbent) com irlandeses esquentados, a vida dura de uma garçonete (Doona Bae) que resolve mudar o seu destino na nova Seul de 2144 e a vida de Zachry (Tom Hanks) numa sociedade primitiva no ano de 2321. Misture os atores em diversos personagens, comédia exagerada, dramas, suspense, ficção científica, romances, terror e você terá uma ideia de todos os altos e baixos do filme. Tem hora que tudo parece um jogo de adivinhar quem se esconde debaixo das maquiagens (e sempre que a maquiagem não se prende somente a detalhes acaba resultando em algo bizarro como a mexicana, a ruiva Tilda, o irmão do editor...), talvez a ideia fosse essa mesmo: perceber que não existe nada de muito complexo no filme (esqueça aquela bobagem da marca de nascença ou o papo não fundamentado de reencarnação na trama) você irá perceber que trata-se de um filme pipoca mais elaborado, só isso. Se quiser compreender as entrelinhas da história é melhor ler o livro.
A Viagem (Cloud Atlas / EUA - Alemanha - Hong Kong - Cingapura / 2012) de Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer com Tom Hanks, Halle Berry, Ben Whishaw, Doona Bae, Jim Sturgess, Hugo Weaving, Jim Broadbent, James Darcy, Susan Sarandon e Hugh Grant. ☻☻☻
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