quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Na Tela: Cães de Guerra

Miles e Jonah: negócio lucrativo. 

David Packouz (Miles Teller) é um massagista que está prestes a ser pai pela primeira vez. Vivendo com a esposa, os seus rendimentos parecem nunca dar conta das despesas - imagine com as que vem pela frente. Por isso mesmo, seu reencontro com o amigo de infância Efraim (Jonah Hill) num funeral promete mudar sua vida. Enquanto David percebe que seu novo empreendimento não irá para frente (venda de lençóis mais confortáveis e macios para asilos), Efraim lucra milhões negociando armas pelo mundo. Quando David e Efraim se tornam sócios, o céu parece o limite para a dupla de amigos que pretende ganhar cada vez mais no mercado de armamentos, mesmo que para isso precisem fazer algumas manobras perigosas pelo lucro que desejam. Entre viagens pelo deserto e negociações com tipos sombrio, os dois topam qualquer coisa por dinheiro. A trama de Cães de Guerra soa tão absurda que ele se torna um daqueles casos que é importante dizer que a história é baseada em fatos reais para que você não considere tudo uma grande invenção sem pé nem cabeça. O diretor Todd Phillips (diretor da trilogia Se Beber Não Case) é esperto o suficiente para manter o tom de comédia absurda durante o filme, sempre deixando um pouco de surpresa aos passos da dupla de amigos, que no fim das contas começa a ter lá os seus conflitos. A narrativa do filme é tão ágil que em vários momentos o espectador pode ficar perdido com o que está acontecendo, porém o mais importante está sempre evidente: a guerra é uma indústria milionária onde vários interesses (às vezes opostos) se cruzam. Baseado no artigo de "Arms and The Dudes" do jornalista Guy Lawson para a revista Rolling Stone, o filme retrata bem como dois jovens de vinte e poucos anos enriqueceram com o mercado de armas, sobretudo para o governo americano em meio a fortunas e deslizes. Senti falta de um posicionamento mais reflexivo sobre o que vemos na tela sobre a indústria de armamentos (só a esposa de David comentando de forma branda me pareceu pouco), mas o filme consegue contornar essa falha quando ganha proporções assustadoras em sua reta final. A dupla de atores dá conta do recado, mas o destaque fica mesmo para Jonah Hill que comprova, mais uma vez, não ter medo de viver tipos desagradáveis em seus filmes. Hill aqui aparece ainda mais gordo e, apesar da sua risada (postiça repetida quase mecanicamente), ele vive um tipo assustador em sua obsessão pelo lucro e que em momento algum reflete sobre as consequências do que está fazendo. Um desses sujeitos que se não acaba na prisão pode até se tornar presidente americano!

Cães de Guerra (War Dogs/EUA-2016) de Todd Phillips com Jonah Hill, Miles Teller, Ana de Armas, Kevin Pollack e Bradley Cooper. ☻☻☻

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