Guillaume e Pierre: parceria espetacular.
Nascido em 1º de agosto de 1936 na cidade de Orã na Argélia, Yves Saint Laurent foi um dos nomes mais influentes na história do mundo fashion. Ele começou a carreira como estilista aos 17 anos ao trabalhar com Christian Dior e desde então seu estilo sofisticado foi marcado por grandes inovações na moda - da criação do smoking feminino, à popularização do Prêt-à-Porter e o pioneirismo ao colocar modelos negras nas passarelas. Aos poucos, o rapaz esguio de jeito tímido e óculos de armação grossa se tornou um dos mais queridos ícones da moda - e que até hoje rende milhões de dólares ao redor do mundo com produtos que levam seu nome. Falecido em 2008, dois filmes assumiram o desafio de levar sua biografia para as telas de cinema. Este Yves Saint Laurent é o mais tradicional, assinado por Jalil Lespert, o filme concorreu a sete prêmios César (o Oscar francês), levando para casa o de melhor ator para Pierre Niney, que apresenta um bom trabalho ao viver o estilista, caprichando em sua timidez, nos conflitos e na genialidade de um homem que amava criar vestidos, mas que não tinha a mínima noção de como gerenciar os negócios. Sorte que ele conheceu Pierre Bergé (em ótima atuação de Guillaume Galliene, bastante diferente do que vimos em Eu, Mamãe e os Meninos/2014) que se torna seu parceiro não apenas nos negócios, mas na vida. Foi com a ajuda de Bergé que Yves superou sua primeira grande crise, quando teve problemas para servir ao exército e terminou em uma instituição psiquiátrica. Foi ao lado do companheiro que ambos fundaram a renomada grife Yves Saint Laurent em 1961. O filme dedica bastante atenção ao relacionamento dos dois, deixando claro que retrata o ponto de vista de Bergé sobre o biografado. Não que isso prejudique o filme, pelo contrário, provoca um distanciamento que torna a figura de Yves ainda mais curiosa, especialmente quando começa a entrar em crise por ter se tornado um estilista famoso e, por consequência, uma celebridade mundial cheia de responsabilidades e dilemas. Apesar de ser bastante correto e optar por apresentar a homossexualidade de forma bastante contida, o filme não deixa de enveredar por algumas polêmicas (a transição do rapaz tímido para o adulto complicado, o amante que Yves dividia com outro estilista famoso e a postura cada vez mais autoritária de Bergé). Existem alguns problemas de edição (principalmente no início quando aparece Bergé envelhecido com narrativa em off e não fazemos a mínima ideia do que se trata e o último ato apressado) e no trato com alguns coadjuvantes (principalmente com a musa Victoire vivida por Charlotte Le Bon que tem destaque na história mas é dispensada sem o desenvolvimento necessário), são deslizes assim que deixaram o outro longa, batizado apenas de Saint Laurent, alguns níveis acima perante público e crítica - o longa de Bertrand Bonello concorreu à Palma de Ouro em Cannes e foi indicado a dez César, incluindo filme e direção, mas viu seu protagonista, Gaspard Ulliel, perder para a versão de Pierre Niney durante a cerimonia (o que não deixa de ser uma ótima vantagem para o longa de Lespert).
Ives Saint Laurent (França-Bélgica/2014) de Jalil Lespert com Pierre Niney, Guillaume Galliene, Charlotte Le Bon e Nikolai Kinski. ☻☻☻
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