Ryan: Paralisia cerebral leve e muito bom humor.
Já escrevi aqui no blog que a vida anda bastante corrida e está cada vez mais complicado conseguir assistir a um filme chegando em casa depois do trabalho. No fim de semana os afazeres domésticos também tomam mais tempo do que eu gostaria... no meio desta correria seguida de cansaço tenho procurado ver séries com poucos episódios e de capítulos mais curtos. Sendo assim, quando vi Special no catálogo da Netflix ela caiu como uma luva. Porém, antes de continuar este post, aviso que se você tem problemas com séries com personagens homossexuais você não precisa assistir a série ou ler o que escrevo, mas se você está mais preocupado com outras questões, Special será uma boa surpresa. Após ver o primeiro episódio eu pesquisei sobre o ator criador da série, Ryan O'Connel, que realmente tem paralisia cerebral e assumiu a homossexualidade publicamente aconselhado pelo amigo Jim Parsons (o Sheldon de Big Bang Theory) - que assina esta série baseada em muitas desventuras vividas pelo próprio Ryan. Este tempero pessoal recebe doses cavalares de humor e sinceridade, o que proporciona ao espectador uma ótica bastante diferenciada sobre o personagem. Sem deixar de tocar em assuntos sérios como auto-estima, virgindade, mentiras, autonomia e preconceito, a série consegue fluir com uma naturalidade desconcertante. Episódios com a tentativa de perder a virgindade com alguém que conheceu na internet ou quando Ryan decide morar sozinho, são tratadas de forma bastante espontânea, mais eficiente que muito filme indie que se acha descolado. Os episódios curtinhos juntos parecem compor uma longa metragem de duas horas que se assiste tranquilamente. Carismático e bem-humorado, O'Connell já provou anteriormente não ter medo de tocar em suas feridas quando lançou o livro "Eu Sou Especial e Outras Mentiras que Contamos a Nós Mesmos" que foi lançado em 2015, ano em que começou a construir uma bem sucedida carreira de roteirista de séries de TV (escreveu para Awkwards, Daytimne Divas e Will & Grace). O tom da série é bastante pessoal, o que torna a interpretação de Ryan um verdadeiro achado e vale ressaltar que ele está muito bem acompanhado. Jessica Hecht está ótima como a mãe que precisa deixar o filho crescer e viver a própria vida - e percebe que ela terá que fazer o mesmo, especialmente quando aparece um vizinho bombeiro aposentado (Patrick Fabian). Punam Patel também transborda carisma como a colega de trabalho do protagonista que aos poucos se torna sua melhor amiga. Devagar os personagens rompem padrões e estereótipos, seja da pessoa com deficiência, a mãe devotada, a mulher acima do peso se tornam personagens mais complexos e com novas nuances nesta série bastante divertida e humanista. Um verdadeiro acerto da Netflix.
Special (EUA-2019) de Ryan O'Connell com Ryan O'Connell, Jessica Hecht, Punam Patel, Patrick Fabian, Marla Mindelle e Augustus Prew. ☻☻☻☻
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