Three Robots: será que rola um longa, Netflix?
A série de animação Love Death + Robots da Netflix se tornou no maior acerto do serviço de streaming dos últimos tempos. Não para menos, já que não consigo lembrar de nenhum programa semelhante. Composto por dezoito episódios com histórias independentes, a série mostra-se um verdadeiro catálogo de estilos de animação - e para quem se acostumou com os traços da Disney e da Pixar nos últimos anos irá se surpreender com a diversidade que podemos ver em cada episódio. Existem algumas técnicas com tamanha riqueza de detalhes que temos até dúvidas se estamos diante de uma animação ou de uma produção live action (e a série até brinca com isso no décimo sexto episódio estrelado por Topher Grace e Mary Elizabeth Winstead em carne e osso). Reza a lenda que este projeto de David Fincher é uma forma de curar sua insatisfação de nunca ter conseguido convencer os estúdios de Hollywood de que era uma boa ideia refilmar a animação hardcore Heavy Metal (1981). Espécie de terapia para frustração, esta produção capricha não apenas na qualidade das imagens e sons, mas também mergulha em temáticas que dificilmente uma animação cinematográfica ousaria - ainda mais com o pesado e antiquado rótulo de que "desenho é para criança". Faz tempo que não é. Aqui temos algumas histórias com detalhes obscenos, palavrões e nudez suficientes para incomodar os mais puristas, mas também possuem criatividade que poderiam ganhar um Oscar de curta-metragem (são os casos de Quando o Iogurte Domina a Terra, do introspectivo Zima Blue e até do ousado A Testemunha - se a Academia fosse um tantinho mais liberal). Alguns poderiam gerar longa-metragens futuramente - sei que vão me achar um bobo, mas eu adoraria ver Três Robôs em uma história com, pelo menos, noventa minutos de duração ou rever os fazendeiros defendendo o gado com robôs gigantes em Trajes em uma história mais ampla. Particularmente não achei muita graça em episódios que parecem recriar histórias de games, mas eles estão longe de atrapalhar o todo. Com censura dezoito anos a série criada por Tim Miller (que antes de dirigir o primeiro Deadpool/2016 foi indicado ao Oscar pelo curta Gopher Broke/2004) tem sinal verde para inovar e deixa nos fãs a curiosidade do que pode rolar numa próxima temporada (e eu adoraria que algumas histórias fossem revisitadas, mas deixa isso para outro momento). Por enquanto, quem gostou do estilo do programa poderia satisfazer a vontade visitando o canal Dust do Youtube, que tem algumas produções bem legais em animação (e live action) com algumas temáticas parecidas.
Love Death + Robots (EUA-2019) de Tim Miller com Topher Grace, Mary Elizabeth Winstead, Samira Wiley, Aaron Himelstein, Josh Brener, Graham Hamilton, Emily O'Brien e Neil Kaplan. ☻☻☻☻
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