Armie e Felicity: casal espetacular.
Com o discurso do empoderamento feminino em alta, em 2018 duas produções resolveram explorar uma personagem real por linguagens distintas, de um lado, estava um filme de tribunal que investe na reconstituição de um caso real que deu à Ruth Bader Ginsburg o início de um reconhecimento brilhante em sua carreira. Do outro lado está um documentário que conta a história da mesma Ruth, que se tornou a segunda mulher à servir a suprema corte nos EUA. Vou evitar ficar comparando os dois filmes por aqui, mas o que posso adiantar é que os dois são complementares, vale a pena conferir este drama assinado por Mimi Leder para depois enriquecer ainda mais seu conhecimento sobre esta mulher na ótica documental. Posso adiantar que quase tudo o que aparece aqui é verdade, de forma que o roteiro altera somente alguns detalhes que não prejudicam o todo. Ruth (vivida aqui por Felicity Jones) cursou direito em Harvard e Columbia, praticamente ao mesmo tempo que o esposo, Martin Ginsburg (Armie Hammer) e desde ali, o filme consegue ressaltar bem a parceria que existia entre os dois, seja nos tempos de estudo, em casa ou no trabalho, o laço entre os dois fica ainda mais fortalecido com o diagnóstico de câncer em Marty. Embora gire em torno de um casal interessantíssimo, infelizmente o roteiro e a direção são um tanto frouxos, parecendo várias vezes que estamos diante de um telefilme pouco inspirado. Assim, o filme depende bastante do talento do casal protagonista para prender a atenção. Em alguns momentos o filme cansa com suas frases feitas, mas em outras consegue ser realmente interessante pela forma como Ruth se depara com o caso que mudaria sua carreira para sempre: a de um homem que foi discriminado por não poder declarar no imposto de Renda os gastos com a enfermeira que cuidava de sua mãe. Quando esta premissa absurda cai nas mãos de Ruth e Marty, o filme cresce e ganha corpo, mas até lá já se passaram mais de uma hora de filme, ou seja, a produção enrola bastante até engrenar. Um detalhe importante do filme é localizar historicamente a luta por igualdade de direitos, esclarecendo que a luta feminista é bem maior do que a versão simplista que insistem em questionar nas redes sociais - e se você considera algumas situações do filme inacreditáveis, saiba que elas foram questionadas e, por isso mesmo, você as considera inacreditáveis nos dias de hoje. Felicity está ótima em cena, provando que pode viver todo tipo de personagem e por pouco não foi indicada novamente ao Oscar. Armie Hammer também parece bastante a vontade e personifica o marido perfeito à frente do seu tempo em plena década de 1950. Vale ressaltar que tem dois elementos que parecem truques narrativos, mas que aconteceram de verdade! Um deles é o famigerado jantar em que as alunas do curso de direito precisam justificar porque estão ali e tiraram a vaga de um homem. O outro é o delicioso fato de Marty aparecer várias vezes cuidando de atividades domésticas. Os dois realmente dividiam as tarefas em casa - e para uma mulher que ficou conhecida por sua luta de igualdade entre os gêneros, sua cara metade não poderia ser diferente.
Suprema (In Basis of Sex/EUA-2018) de Mimi Leder com Felicity Jones, Armie Hammer, Justin Theroux, Kathy Bates, Sam Waterston e Cailee Spaeny. ☻☻☻
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