domingo, 27 de março de 2022

#FDS do Oscar: 007 - Sem Tempo para Morrer

 
Daniel: o fim de uma era. 

Fechando este Fim de Semana do Oscar por aqui está o filme de despedida de Daniel Craig enquanto o agente secreto mais famoso do cinema. Bem... na verdade, o Daniel já disse que se aposentaria do personagem desde o sucesso estrondoso de Skyfall (2012). Apesar de todo o sucesso, Craig criticava a postura do personagem, que Bond é machista, misógino e outras coisas que acabou virando motivo de algumas alterações no rumo do personagem a partir de então. O ator acabou topando voltar ao papel em Spectre (2015), que sofria por ser  o filme seguinte do que é considerado por muitos o melhor 007 de todos os tempos. Spectre não chega nem no dedinho do pé do que seu anterior foi, muito por conta de precisar improvisar uma trama que desse continuidade aos fatos que aconteceram no sucesso anterior. De certa forma, Sem Tempo para Morrer padece do mesmo problema. Aqui existe mais uma vez a necessidade de criar uma continuidade a partir de possibilidades pautadas em detalhes de filmes anteriores, colocando, desde a primeira cena o par de James Bond, Madeleine (Léa Seydoux) com uma participação ainda mais importante ao explorar novamente o misterioso grupo vilanesco do lançamento anterior. Desde o início Cary Joji Fukunaga deixa clara a sua intenção de criar um filme impactante. O primeiro momento é cheio de tensão e o espectador começa a entender o que está por vir dali em diante. Fukunaga cria então uma sucessão de cenas impressionantes, de forma que o filme demora a parar para respirar com a chegada dos créditos iniciais embalados por Billie Eilish e a canção tema favorita ao Oscar deste ano. Então conhecemos um MI6 que está diferente após a aposentadoria de Bond e alguns anos de gestão de M (Ralph Fiennes), ao ponto do novo agente 007 ser uma mulher, Nomi (Lashana Lynch) que possui uma visão bastante crítica sobre seu antecessor. Q (Ben Whishaw), Tanner (Rory Kinnear) e Monneypenny (Naomie Harris) também estão de volta em pequenas participações e dispostos a ajudar James em descobrir e impedir os planos do misterioso Lyutsifer Safin (Rami Malek). A história passa a evoluir com mortes misteriosas, experimentos secretos até se misturar de vez com o futuro de Bond. Com duas horas e quarenta minutos de duração, o filme tem alguns problemas para segurar a atenção por tanto tempo, a primeira delas é que o início é tão repleto de momentos arrebatadores que fica difícil manter o ritmo tão elevado dali em diante, quando desacelera para desenvolver a trama ele encontra um grande problema com o vilão da vez, Lyutsifer (sim, é para soar parecido mesmo) que tem uma aparência assustadora (com ou sem máscara), mas que não se sustenta por muito tempo com a atuação gélida de diálogos sem graça ditos por Rami Malek. De ameaçador ele passa a ser estranho e não mais do que isso (sem falar que fiz as contas aqui e uma dúvida ainda paira na minha cabeça sobre o personagem e sua ligação com Madeleine). Outro ponto que me parece desperdiçado foi a presença da nova 007 (e como o filme repete provocativamente ser apenas um número), que não parece desenvolvida o suficiente para tanto alarde que houve em torno dela. Lashana Lynch tem presença forte, charmosa e inteligente, mas... sua personagem não cresce ao longo do filme, tendo um efeito muito parecido com excelente participação de Ana de Armas como a agente novata Paloma, que rouba a cena e vai embora. Tive a impressão que o roteiro assinado pelo diretor, Neal Purvis, Robert Wade e Phoebe Waller-Bridge foi tão mexido que acabou picotando o que havia de mais promissor e investindo em pontos que na tela não se mostraram tão envolventes (embora tenha um padrão de qualidade que lhe garantiu indicações também ao Oscar de melhor Som e Efeitos Especiais). James Bond chega aqui diferente, é um homem apaixonado com pendores para pai de família (assim como o próprio Daniel Craig) e s acharam que isso era bom para que o ator se aposentasse da franquia. O único astro a viver o papel com chance de fechar sua era com dignidade deve deixar saudade nos fãs e lança um grande desafio para a nova fase que se anuncia. Não é fácil ser Bond no século XXI. 

Sem Tempo Para Morrer - 007 (No Time to Die / Reino Unido - EUA / 2021) de Cary Joji Fukunaga com Daniel Craig, Léa Sydoux, Rami Malek, Lashana Lynch, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Ben Wishaw, Rory Kinnear, Jeffrey Wright, Ana de Armas, Billy Magnussen e Christioph Waltz. 

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