Em tempos em que existem inúmeras cinebiografias que seguem a mesma fórmula de colagem de momentos importantes de um famoso, existem aqueles que costumam temperar as histórias com elementos imaginários e alegorias para fugir da obviedade. Outros preferem escolher um episódio em particular de seu biografado para condensar sua personalidade e dar conta dos caminhos de sua vida. Michael Mann buscou fazer isso em Ferrari, seu filme sobre o homem por trás da famosa marca de automóveis. O homem no caso é Enzo Ferrari, que se arriscou muito para se tornar o proprietário de uma das marcas mais famosas do mundo. No entanto, o recorte escolhido por Mann se concentra em um tempo em que Enzo ainda não era dono de um império, mas era um sujeito que buscava se firmar no competitivo mercado automobilístico. Em 1957 Enzo (vivido or Adam Driver) demonstra sempre o comprometimento com sua marca, sua busca por estratégias para expandir a marca e a proximidade com seus pilotos de corrida. Aqui lança-se o desafio de vender duzentos carros por ano (quando as vendas ficavam bem abaixo disso). Fazia dez anos em que havia fundado a empresa tendo como sócia a esposa, Luiza (Penélope Cruz) e um ano que os dois amargavam a morte do herdeiro. enquanto Luiza se tornava cada vez mais triste, não apenas pelo luto, mas também pelos relacionamentos extraconjugais do esposo. Enzo organizava cada vez mais a vida ao lado de Lina Lardi (Shailene Woodley), com quem tinha um filho, Piero (Giuseppe Festinese). O roteiro (escrito com base em uma parte do livro "Enzo Ferrari: The Man, The Cars, The Races, The Machine") se concentra então nos negócios e neste triângulo amoroso vivido pelo protagonista. Adam Driver está convincente no papel de Enzo, parece realmente ser mais velho do que realmente é, mas é Penélope Cruz que rouba a cena com os rompantes de Luiza. Quando ela está em cena o filme cresce consideravelmente, mas a base do relacionamento dos personagens é tão repetitiva quanto limitada para que possam entregar um pouco mais em cena. Quem sai perdendo é Shailene Woodley, que tem pouco para fazer em cena. Existe algum destaque em cena para os pilotos da Ferrari, que lutavam por ganhar uma corrida perante os carros que ainda precisavam ser melhorados. Entre Patrick Dempsey e Jack O'Connell, está o brasileiro Gabriel Leone como o piloto recém chegado Alfonso de Portago, que recebe status de celebridade enquanto pretende vencer uma corrida. No início parece que Ferrari tem tudo no lugar para funcionar, mas depois de um acidente perto do final da sessão, tive a impressão de que e estrutura do roteiro está desconjuntada - já que termina dando a impressão que o filme termina no meio. Se os desdobramentos do acidente fossem apresentados à plateia, considero que o resultado seria muito mais envolvente do que duas horas que demoram para engrenar. O resultado é que apesar da produção caprichada, o filme foi praticamente ignorado nas premiações. A mistura de negócios e dilemas familiares recebem um desfecho com baixa voltagem que torna o filme pouco memorável.
Ferrari (EUA - Reino Unido - Itália / 2023) de Michael Mann com Adam Driver, Penelope Cruz, Shailene Woodley, Gabriel Leone, Patrick Dempseu, Jack O'Connell, Giuseppe Festinesse, Derek Hill e Giuseppe Bonifati ☻☻☻
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