quinta-feira, 20 de junho de 2024

PL►Y: O Mal que nos Habita

 
Salomón: pandemia diabólica. 

No meio da noite no interior da Argentina, dois irmãos ficam intrigados com os tiros que escutam. Pela manhã, descobrem um corpo dilacerado em meio às árvores e descobrem a ligação daquela vítima com uma moradora da vizinhança. Eles chegam então até uma casa em que uma família aguarda a chegada de alguém que irá ajudá-los a lidar com um caso de possessão na família. Uma espécie de exorcista. Diante do que veem, os irmãos resolvem dar conta daquela situação por conta própria com ajuda de um outro vizinho e nada sai como o planejado. Dali em diante, o que acontece é uma espécie de epidemia diabólica, em que os habitantes daquela cidadezinha precisarão lidar com uma sucessão de pessoas possuídas. Enquanto os dois irmãos tentam proteger a família, novos acontecimentos sinistros começam a acontecer na narrativa caótica encadeada pelo diretor argentino Demián Rugna. Pela forma desesperada com que a história é contada, O Mal que Nos Habita se tornou um dos filmes de terror mais falados do ano passado, caindo nas graças não apenas dos fãs do gênero. O filme capricha no tom sinistro dos acontecimentos e não tem medo de extrapolar nas cenas grotescas, o que fica entre o nojo e o estranhamento da plateia que não sabe muito bem o que esperar do que se vê na tela. Embora em determinado momento uma personagem cite algumas regras que deveriam ser respeitadas pelos personagens, só temos mais certeza que estamos diante de um trem descarrilhado. Para além dos elementos narrativos, é preciso elogiar a produção pela forma como dribla o orçamento modesto para construir um olhar assustador sobre um universo bastante particular dentro do gênero. Particularmente gosto mais quando o filme investe na atmosfera carregada que paira sobre os personagens do que na histeria que toma conta dos atores em vários momentos, no entanto, foi um grande acerto escolher a dupla Ezequiel Rodríguez e Demián Salomón para dar vida aos irmãos Pedro e Jimmy, que precisam endossar a autenticidade caótica proposta pelo roteiro. Entre as dúvidas e desafios dos manos, a religiosidade se faz menos presente do que a ausência de fé, algo que funciona a favor do filme ao ressaltar o tom de desesperança de seus protagonistas. O curioso é verificar as fontes de inspiração do cineasta para construção de sua história. Em entrevistas, ele citou ter se inspirado em uma notícia em que moradores de regiões de plantação na Argentina começaram a apresentar problemas graves de saúde relacionados ao uso de um pesticida que provoca câncer. Rugna teve a ideia de trocar a doença por um demônio, além de imaginar o que os moradores locais fariam enquanto não chega um exorcista para dar conta da situação. Com cenas brutas e estética de pesadelo, O Mal que nos Habita está disponível na Netflix e se destaca pela total ausência de concessões em sua narrativa, o que o torna pouco recomendável para os mais sensíveis. 

O Mal que Nos Habita (Cuando acecha la maldad / Argentina - EUA / 2023) de Demián Rugna com Ezequiel Rodríguez, Demián Salomón, Silvina Sabater, Marcelo Michinaux, Federico Liss, Virginia Garofalo e Emilio Vodanovich. ☻☻ 

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