quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

PL►Y: Wicked

Cynthia e Ariana: o hit presente no Oscar2025.

Acho que na história recente dos musicais da Broadway, Wicked deve ser um dos espetáculos mais populares, talvez até mais do que isso, seja um fenômeno do gênero. Baseado na obra de 1995 de Gregory Maguire sobre A História Não Contada das Bruxas de Oz, o musical chegou aos palcos em 2005 com músicas compostas por Stephen Schwartz e libreto de Winnie Holzman. A ideia de revisitar as entrelinhas do livro de Frank Baum, sob a perspectiva de entender melhor a figura da temida Bruxa Má do Oeste gerou um musical de enorme sucesso nos palcos e uma versão para o cinema era cogitada faz tempo - a pergunta era se a popularidade do musical renderia um sucesso de bilheteria. O musical não é um gênero muito querido do público atual, mas o sucesso de Wicked nos cinemas demonstra que é uma questão de ajustar alguns botões e entregar ao público o que ele deseja. O cineasta Jon M. Chu (que recebeu o Critic's Choice de melhor diretor pela obra) faz exatamente isso ao colocar a fantasia em primeiro plano (afinal estamos falando de uma trama que bebe em um dos clássicos do gênero) e deixar que os momentos musicais funcionem de forma mais fluente durante a narrativa. Além disso, conta com o trunfo de ter duas atrizes que cantam de verdade à frente do elenco. Uma delas é Cynthia Erivo (indicada ao Oscar de melhor atriz) no papel de Elphaba, uma personagem com poderes mágicos naturais e que causa estranhamento desde a nascença por sua pele verde, a outra é Ariana Grande (indicada ao Oscar de atriz coadjuvante) que vive Glinda. A primeira será futuramente a bruxa má do Oeste e a segunda será a Bruxa Boa do Sul. O filme explora o momento em que as duas se conhecem na escola de feitiçaria de Shiz e acabam sendo colegas de quarto. Elphaba parece mais do que acostumada a ser destratada devido à sua pele diferente, enquanto Glinda está acostumada a ter tudo o que quer. A dinâmica entre as duas funciona como se estivéssemos diante de uma comédia estudantil vista diversas vezes, mas que ganha novas camadas quando percebemos que naquele mundo de fantasia existe uma tensão crescente. Debaixo de todo o colorido, das canções (a maioria bastante bem humoradas) existe um subtexto sobre relações de poder e estratégias de dominação através de eleger um inimigo em comum (capaz de unir as pessoas e fazê-las perder o bom senso, ou seja, algo bastante atual). É interessante como o diretor trabalha os tons (coloridos e sombrios) desta narrativa e consegue ampliar a trama para personagens bem defendidos por um notável elenco de apoio que vive personagens como a diretora Madame Morrible (Michelle Yeoh), Oz (Jeff Goldblum) e o príncipe Fyero (Jonathan Bailey que parece surpreendentemente a vontade no seu primeiro número musical em tela). Particularmente achei o filme um tanto longo com suas duas horas e quarenta minutos, mas levando em conta que é só a primeira parte, ele consegue desenvolver bem a primeira parte da trama e deixar aquela sensação de ampliar ainda mais a história vista nos palcos. Não existe aqui a sensação de ser uma peça de teatro filmada, parece um projeto idealizado para a telona com bastante capricho. Lançado no final do ano passado, o filme se tornou um sucesso nas bilheterias e emplacou dez indicações ao Oscar. Para além das suas atrizes indicadas, ainda concorre a melhor filme, maquiagem e penteado, trilha sonora, efeitos especiais, montagem, design de produção, figurino e melhor som. Mesmo que não leve prêmio algum, será fonte de muitos espectadores assistirem ao Oscar2025.

Wicked (EUA-2024) de Jon M. Chu com Cynthia Erivo, Ariana Grande, Michelle Yeoh, Jonathan Bailey, Jeff Goldblum, Peter Dinklage, Ethan Slater e Keala Settle. ☻☻☻

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