domingo, 23 de fevereiro de 2025

INDICADOS AO OSCAR 2025: Direção

 Brady Corbet (O Brutalista) com 36 anos e três filmes no currículo, o diretor conseguiu sua primeira indicação ao Oscar (e também concorre na categoria de roteiro original e melhor filme, afinal, também assina como produtor). O estilo de narrativa que mistura o tom dos grandes épicos de Hollywood com uma certa modernidade fez toda a diferença entre os votantes da Academia. Cotado desde que o filme ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, a indicação pode ser a guinada que faltava na carreira do cineasta. O longa custou dez milhões de dólares e impressiona pelo seu cuidado na produção. Brady levou o Globo de Ouro na categoria. Vale lembrar que Brady começou a carreira como ator em filmes como Melancholia/2011 e o remake de Funny Games/2007

Coralie Fargeat (A Substância) a diretora francesa não apenas se tornou parte do pequeno grupo de mulheres diretoras indicadas ao Oscar de Melhor direção (é apenas a nona em 97 edições do prêmio) como também quebrou paradigmas ao tornar seu longa metragem o primeiro filme de horror indicado ao Oscar em muito tempo. Com referências que vão de David Lynch, Kubrick e David Cronenberg, a esperta Fargeat construiu um verdadeiro manifesto contra o hetarismo e a ditadura da beleza (com a vantagem de ser totalmente fora da caixinha). A ousadia rendeu ainda indicações a roteiro original (que foi premiado em Cannes e no Critics Choice) e pela produção do filme. Este é o segundo filme da cineasta que promete longas interessantes. 

Jacques Audiard (Emilia Pérez) é outro francês que está no páreo. Fazendo filmes desde 1994, o cineasta já realizou verdadeiras obras-primas como O Profeta (2009) e Ferrugem e Osso (2012). Já ganhou a Palma de Ouro em Cannes com Dheepan (2015) e até migrou para Hollywood com o fracassado Os Irmãos Sisters (2018). Embora O Profeta tenha concorrido ao prêmio de filme estrangeiro (e perdido), curiosamente seu reconhecimento só veio com um dos piores filmes de sua carreira. Embora tenha qualidades técnicas visíveis, a trama sobre o traficante em busca de redenção em sua vida como mulher é bastante problemática. Audiard também concorre a melhor canção (por El Mal), melhor roteiro adaptado e pela produção do longa.
 
James Mangold (Um Completo Desconhecido) confesso que fiquei surpreso quando vi o diretor entre os indicados, o fato era que em listas de apostas o operário padrão Mangold não estava cotado. O diretor já fez de tudo em Hollywood desde que recebeu reconhecimento no cinema independente com Paixão Muda (1995). James já dirigiu suspense, dramas, franquias milionárias, filmes de ação, musical e biografias. Se ele já tinha levado para as telas a vida de Johny Cash em Johny & June (2005), agora ele investe nos primórdios da carreira de Bob Dylan (e concorre também pela produção e roteiro adaptado). Mangold é o único da categoria a ter uma indicação anterior ao Oscar, pela produção de Ford Vs. Ferrari (2020).
 
Sean Baker (Anora) faz um tempinho que Sean Baker precisava de uma indicação para chamar de sua no Oscar. O cineasta que tempos atrás teve que se contentar com  a indicação de Willem Dafoe em ator coadjuvante por Projeto Flórida (2017), agora desponta como favorito ao prêmio de direção depois de ganhar o prêmio do Sindicato dos Diretores e o Independent Spirit. Ao contar as desventuras da dançarina erótica Anora após se casar com um herdeiro russo, Sean faz seu estilo parecer mais caótico do que nunca - e recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes pelo serviço. Baker ainda concorre como produtor na categoria de melhor filme, roteiro original e montagem. 

O ESQUECIDO: Edward Berger (Conclave) o cineasta alemão é responsável por um dos filmes mais cotados para levar o Oscar de melhor filme, mas ficou de fora da categoria de direção. A atmosfera conspiratória na eleição do novo Papa é um dos grandes trunfos de Conclave, mas a Academia parece ter imaginado que era preciso algo mais para que o diretor fosse reconhecido. Berger tem uma indicação no currículo pelo roteiro adaptado do excepcional Nada de Novo no Front (2023), que foi indicado em nove categorias, ganhou autro e o deixou de fora da categoria de direção do mesmo jeito. Berger pode dar as mãos a Denis Villeneuve (Duna Parte 2) entre os ausentes do ano. 

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