domingo, 23 de fevereiro de 2025

Na Tela: O Brutalista

 Adrien Brody: um dos alicerces de um filme colossal.
 
Quando O Brutalista foi eleito o melhor filme do Festival de Veneza com sua estética exuberante, a narrativa ambiciosa gerada com um orçamento de apenas dez milhões de dólares (!!!) parecia nascer ali o grande favorito ao Oscar de melhor filme. Figurando em todas as grandes premiações da temporada de ouro e levando o Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama o filme demonstrou ter fôlego para se consagrar perante a Academia. Embora a polêmica em torno do uso de Inteligência Artificial tenha arranhado a imagem do filme (o diretor Brady Corbet disse ter usado o recurso para ajuste de sotaques na pós-produção), o fato é que a produção é um dos filmes mais impressionantes dos últimos anos. Sua duração (mais de três horas de duração) já o transformaria em um colosso cinematográfico, mas a forma como o filme preenche todo este tempo é o que faz toda a diferença. O longa conta a história do arquiteto Laszlo Tóth (Adrien Brody), que foge da Europa no pós-guerra de 1947 depois de sobreviver ao holocausto. Buscando uma vida melhor nos Estados Unidos (e as cenas iniciais retratam de forma tensa a chegada no sonho americano, com a célebre imagem da Estátua da Liberdade invertida). Se Laszlo gozava de algum prestígio em Budapeste, agora ele é um desconhecido que precisa da ajuda de um primo (Alessandro Nivola) que reconfigurou sua identidade para ser absorvido pela Terra do Tio Sam. É por conta do primo que o arquiteto conhecerá o milionário Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce) e se o primeiro encontro entre os dois terá consequências devastadoras para o protagonista, os reencontros não levarão esta relação para caminhos diferentes quando um novo projeto se anuncia. Van Buren quer criar uma obra majestosa em homenagem à sua mãe e... se contar mais estraga. Corbet ousa ao fazer um intervalo no meio do filme, mas o recurso faz toda a diferença para que a plateia respire frente à uma guinada emocional reservada para a segunda parte com a chegada da esposa de Laszlo, Erszébet (Felicity Jones), após sobreviver à devastação da guerra na Europa. A chegada da esposa funciona quase como um contraponto à primeira parte do filme, o torna mais rico e ajuda a modificar até mesmo nosso olhar perante a história contada. Se antes o filme já tinha uma narrativa robusta, ela agora se torna mais humanista e pesada, com mais camadas e nuances na relação entre os personagens e constrói situações que são de tirar o fôlego (incluindo aquele outro símbolo invertido antes do epílogo). A qualidade técnica de O Brutalista é impressionante! Fotografia, trilha sonora, figurinos, montagem, tudo é perfeito e emoldura o trabalho de um elenco impecável! Se Adrien Brody corre o risco de ganhar o segundo Oscar da carreira, eu aceitaria tranquilamente que Felicity Jones surpreendesse ao ser premiada. Com as poucas cenas que possui, ela constrói um impacto impressionante de sua personagem ao longo da sessão. Vale ressaltar que embora o diretor Brady Corbet tenha se inspirado em personagens reais para criar Laszlo Tóth, ele é um personagem fictício, o que só amplia o trabalho excepcional do diretor ao criar um filme com tanta complexidade.  Corbet começou a carreira como ator (teve destaque em Melancholia/2011 e o remake de Funny Games/2007) e foi apontado como um galã promissor, mas preferiu migrar paras trás das câmeras em 2015 com A Infância de Um Líder e três anos depois lançou Vox Lux (2018), no entanto, nenhum de seus trabalhos anteriores demonstram a escala épica vista em O Brutalista. A produção está indicada aos Oscars de melhor filme, direção, ator (Adrien Brody), atriz coadjuvante (Felicity Jones), Ator coadjuvante (Guy Pearce), roteiro, trilha sonora, fotografia, montagem e design de produção.  

O Brutalista (The Brutalist / EUA - Reino Unido - Canadá / 2024) com  Adrien Brody, Felicity Jones, Guy Pearce, Joe Alwyn, Raffey Cassidy, Stacy Martin, Alessandro Nivola, Ariane Labed, Michael Epp e Isaach de Bankolé. ☻☻☻☻

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