Javier: Cabelo esquisito que vale um Oscar.
Onde os Fracos Não Tem Vez é o filme mais esquisito que lembro de ter ganho o Oscar. Tudo bem que ele não é surreal ou de história mirabolante, mas não lembro de uma narrativa tão seca e repleta de violência ter recebido tanta consideração da Academia. Vocês podem até lembrar de Os Infiltrados(2006) no ano anterior, mas o filme de Scorsese tinha trilha sonora e um certo humor irônico que os manos Coen não se preocupam em exibir nessa jornada de crimes adaptada da obra premiada de Cormac McCarthy. A ideia do filme é simples: um homem comum (Josh Brolin, num desempenho que merecia atenção nas premiações) encontra uma mala cheia de dinheiro (dois milhões de dólares, para ser exato) e precisa fugir com ela já que a encontrou na cena de um crime - a grana pertence a um bando de traficantes. Para piorar a narrativa aponta para o momento em que o caminho deste homem comum irá se cruzar com o de um psicopata que se diverte matando um por um do elenco. Todo mundo sabe do domínio cênico que os Coen possuem e neste filme não é diferente, eles conseguem construir uma atmosfera opressora com poucos diálogos e sem trilha sonora mas de um efeito dramático impressionante. Claro que o elenco ajuda muito, já que além de Brolin eles contam com Tommy Lee Jones, Woody Harrelson, Kelly MacDonald (que além de impressionar sendo inglesa e interpretando uma texana, ganhou de presente a melhor cena do filme ao lado do assassino), no entanto, os maiores louros do elenco foram para Javier Bardem como o assassino de cabelo esquisito e mil e uma habilidades na hora de matar. Para muita gente pode parece uma matança sem sentido, mas os Coen tentam mostrar que a violência nunca tem sentido mesmo e cresce sem parar deixando até os mais vividos assustados (e esse é o foco do xerife vivido por Lee Jones). Os Coen capricham nas cenas e no suspense, mas o filme está longe de ter aquele trato no roteiro que nos deu ao mundo pérolas como Fargo (1996) e Gosto de Sangue (1984). Apesar de autoral e apresentado como um faroeste contemporâneo o filme não teria o mesmo sentido se o assassino Anton Chigurh não fosse apresentado como um ser totalmente desconectado da humanidade, tendo uma frieza inexpressível que assusta mais do que a própria violência que pratica. Apesar de ser fã dos Coen considero um grande exagero o filme ter ganho quatro estatuetas no Oscar: Filme, direção, ator coadjuvante (Javier) e roteiro adaptado. Mas devo reconhecer que o filme impressiona pela forma com que conta uma história que anda em círculos o tempo inteiro.
Onde os Fracos Não tem Vez (No Country for Old Men/EUA-2007) de Joel & Ethan Coen com Josh Brolin, Kelly MacDonald, Javier Bardem, Tommy Lee Jones e Woody Harrelson. ☻☻☻
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