Verónica e Toni: diferenças passadas a limpo.
É curioso ver a presença do renomado ator Toni Servillo numa comédia despretensiosa como este Deixe Ir, não fosse por ele, provavelmente o filme não teria chamado minha atenção. Toni deve ser o ator mais concorrido do cinema italiano atualmente e, no meio de tantos papéis dramáticos elogiados, ele resolveu relaxar embarcando em um roteiro que chega a surpreender pelas situações absurdas em que coloca o seu personagem. Ele interpreta Elia, um terapeuta que tem como maior diversão o atendimento aos seus clientes problemáticos. Ele ainda se encontra com a ex-mulher, mas enquanto a vida amorosa dele estagnou, ela tenta seguir a dela em frente - o que o deixa ainda mais inseguro. O maior problema para Elia tem sido a vida sedentária, com alimentação inadequada e ausência de atividade física, os quilos foram se acumulando e o coração começa a pedir ajuda. Nem um pouco animado em se exercitar numa academia, ele acaba conhecendo uma personal trainner maluquete, Claudia (Verónica Echegui). Dona de uma energia Almodovariana, Claudia cria uma rotina de exercícios para o seu novo aluno e, embora os dois sejam completamente diferentes - e se estranhem de vez em quando - tendo a moça sempre por perto, fica perceptível que entre os dois se constrói uma amizade. Embora o roteiro force que exista um romance entre os dois, o casal funciona melhor quando ele emana uma imagem paternal para Claudia, que é um tanto perdida sobre os caminhos que precisa seguir na vida. Geralmente ela se mete em encrenca e, obviamente, que Elia irá se meter n maior delas. Quando o filme parece que irá se tornar mais uma comédia romântica, o roteiro cria uma guinada retomando a primeira cena que a maioria dos expectadores nem lembraria e o filme se torna uma espécie de comédia policial. A ideia oferece novo fôlego para a narrativa - e faz graça com o trabalho do seu protagonista, além de colocar o caráter da bela Claudia sob suspeita (além de trazer um irreconhecível Luca Marinelli, de A Solidão dos Números Primos/2010 como a maior ameaça aos dois). Deixe Ir tem como única intenção provocar risadas em um ritmo elétrico, não é o tipo de comédia que você irá lembrar por muito tempo, mas enquanto você assistir, provavelmente irá considerar o programa divertido. Além disso, demonstra que o estilo austero do badalado ator italiano funciona até em uma comédia um tantinho mais escrachada. Para os fãs do ator, torna-se uma opção ainda mais interessante.
Deixe Ir (Lasciati Andare/Itália-2017) de Francesco Amato com Toni Servillo, Verónica Echegui, Carla Signoris, Luca Marinelli e Pietro Sermonti. ☻☻☻
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