Lloyd e Max: lidando com a sociopatia.
Faz tempo que o comportamento de John Cleaver chamou a atenção de sua mãe que rapidamente procurou um psicoterapeuta para ajudá-lo. Ao que tudo indica, a dificuldade do jovenzinho sentir empatia e ter pensamentos estranhos, demonstra que ele é um sociopata. No entanto, como muitos que possuem este transtorno e fazem acompanhamento médico, ele criou uma série de mecanismos para não sucumbir aos seus impulsos mais perigosos. Porém, desde a primeira cena de Eu Não Sou um Serial Killer, nós sabemos que existe um assassino serial na pacata cidade onde John vive e, obviamente, o interesse do rapazinho pelo assassino só cresce. Você pode até imaginar o arrependimento da mãe por ter sugerido que o rapaz trabalhasse na casa funerária da família, mas preparar os mortos para o funeral e o sepultamento só indicavam que o interesse do menino pelo mórbido já era patológico. Baseado no livro de Dan Wells, chega a ser engraçado que o protagonista seja encarnado por Max Records, o menino de Onde Vivem Os Monstros (2009) de Spike Jonze. Max cresceu e, se quando pequeno conseguia dar conta de um menino birrento e suas fantasias, agora ele consegue lidar com um personagem crescido bastante complexo, que poderia ser versão adulta daquele menino. A direção de Billy O'Brien acerta em cheio no início, temperando a história com doses de humor negro e uma insolência adolescente que funciona muito bem. O protagonista cresce diante dos nossos olhos, ganha nuances interessantes e lança um olhar curioso sobre a própria sociopatia. No entanto, quando o garoto descobre quem é o tal assassino da cidade, o filme perde um pouco da intensidade e começa a ser mais um jogo entre um jovem e o que ele pode se tornar no futuro... pena que depois piora ao enveredar pelo sobrenatural. Aquelas qualidades do início começam a rarear e você quer apenas descobrir como aquilo tudo vai terminar. Talvez Billy O'Brien (que com este criou o seu terceiro filme de terror com baixo orçamento) nem imagine o quanto ele pode ser bom quando investe nas sutilezas da história que tem em mãos. Eu Não sou um Serial Killer não termina tão bem quanto começa, mas consegue ser sombrio e manter a tensão durante todo o filme, mas se mantivesse o teor psicológico de seu suspense, o resultado seria ainda mais interessante.
Eu Não Sou um Serial Killer (I am Not a Serial Killer/EUA-2016) de Billy O'Bryen com Max Records, Christopher Lloyd, Laura Fraser, Christina Baldwin e Karl Geary. ☻☻☻
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