sábado, 21 de abril de 2018

PL►Y: Certas Mulheres

Lily Gladstone: uma atriz para lembrar. 

A diretora Kelly Reichardt é um nome que chama cada vez mais atenção no cinema independente norte americano. Seus admiradores ressaltam suas narrativas sem concessões e pulso firme na condução de seus atores, quem não curte seu trabalho considera geralmente tudo bastante tedioso. Talvez o que Kelly procure é justamente surpreender, foi assim quando enveredou pelo faroeste com O Atalho (2010) e depois pelo ativismo mais radical dos personagens de Movimentos Noturnos (2013), mas, considerando estes dois projetos anteriores, Certas Mulheres chega a ser um tanto dissonante. A diretora escolheu três contos da escritora Malie Maloy para criar seu sétimo filme, o resultado foi lembrado em premiações independentes, mas foi ignorado pelo público - mesmo com atrizes bastante conhecidas no elenco. As três histórias giram de tornos de quatro personagens femininas que fogem dos arquétipos típicos do cinema americano, mas que tem em comum o fato de viverem na cidade de Livingston, no friorento estado de Montana. Laura Dern é uma advogada que precisa lidar com um cliente desesperado (Jared Harris) que a enxerga quase como uma figura maternal. Michelle Williams é uma mulher que tem o projeto de construir uma casa conceitual, mas que ninguém parece leva-la a sério, nem o esposo, nem os operários ou a filha que a desafia sempre de forma irritante. Embora as duas personagens sejam interessantes e apresentem suas características em situações triviais,  a opção da diretora deixar suas histórias em aberto (mesmo depois que uma última cena deixada para o final apareça) quebra o fluxo da história e demonstra dificuldade em lidar com histórias tão internalizadas. Não são poucos que irão perceber que as duas histórias parecem promissoras, mas que não atingem os pontos que deveriam. São histórias que deixam a sensação que estão pela metade, talvez pela diretora deixar muito nas discretas entrelinhas. Curiosamente o melhor resultado ficou por conta da história protagonizada por Kirsten Stewart, onde ela vive uma advogada que leciona em uma cidadezinha distante. Entre suas alunas está uma jovem (Lily Gladstone) que passa o dia todo cuidando de animais num rancho e, sem dizer uma palavra sobre isso, percebemos o quanto aquela professora é importante na vida de Lily. Se Stewart é a mesma apatia de sempre, ela pelo menos serve para ampliar ainda mais a marcante atuação de sua parceira de cena. Sem dizer muitas palavras, contando apenas com sorrisos tímidos e olhares sugestivos, Gladstone ganha o nosso coração com  uma personagem que descobre o amor, mas que não tem coragem de dizê-lo (embora o demonstre com atos bastante nobres). Lily foi indicada a aluns prêmios pelo papel, incluindo o Independent Spirit de atriz coadjuvante, por elevar um filme que quase fica pelo meio do caminho nas três histórias que tem para contar. Lily é um nome para lembrar nos próximos anos e, somente sua atuação, já vale o filme inteiro. 

Certas Mulheres (Certain Women/EUA-2016) de Kelly Reichardt com Laura Dern, Michelle Williams, Lily Gladstone e Kirsten Stewart. ☻☻

Um comentário:

  1. Eu acho que o melhor foi o elenco! Filme sensível sobre a mulher e seus sentimentos a partir de 3 mulheres que se descobrem e se revelam a cada momento em estórias que não se cruzam, mas que partem da mesma referência. Entre as vidas da advogada Laura Wells (Laura Dern do óptimo The Tale”, um filme incrível) , Gina Lewis e da recém-formada Beth Travis há pouca coisa em comum além do fato de que elas moram em Livingston, no estado de Montana. No entanto, as circunstâncias de suas vidas farão com que suas histórias se entrelacem de uma maneira íntima e profundao eu não gostei achei um filme totalmente desinteressante o tipo de filme que você começa assistir e daqui a pouco quando você vê se tá mexendo no celular ou fazendo qualquer outro tipo de coisa menos assistindo não prendeu muito minha atenção.

    ResponderExcluir