domingo, 10 de novembro de 2024

PL►Y: Twister | Twisters

 Daisy e Glen: atraídos pelo perigo.

Quando assisti ao trailer de Twister em 1996, ele se tornou o filme que eu mais queria ver naquele ano. Mais do que Independence Day. Eu não lembrava de nenhuma produção que houvesse feito tornados de forma tão convincente até então. Estrelado por Helen Hunt (já famosa pela série Mad About You e perto de ganhar o Oscar por Melhor É Impossível/1997) e Bill Paxton (que faleceu em 2027) encarnando um casal que acaba de se desfazer. Os dois eram caçadores de tornados e criaram um experimento (a Dorothy) que seria capaz de rastrear os movimentos desses fenômenos imprevisíveis da natureza. Só que ele já havia deixado essa vida de aventuras e só precisa que ela assina os documentos do divórcio. Enquanto a assinatura não sai, ele segue atrás dela em uma temporada de tornados. A química entre os dois se tornou fundamental para que o público embarcasse na história e se importasse com os dois toda hora que os efeitos especiais aparecem para destruir tudo e fazer vacas voarem pelos ares (cena que se tornou clássica).  Jan de Bont acabava de sair de outro sucesso que investia em uma ideia diferente nos filme de ação (Velocidade Máxima/1994) e demonstrava mais uma vez ser capaz de fazer as engrenagens de uma narrativa de ação funcionar a seu favor. Twister ficou entre os filmes mais vistos daquele ano e fez o maior sucesso nas locadoras (vixe...) e repetiu várias vezes na televisão. Gerou algumas cópias descaradas, mas sem o mesmo sucesso, afinal, embora o texto não fosse lá grande coisa, a produção funcionava como filme pipoca que era uma beleza (e funciona até hoje)! O interessante é que todo o sucesso não gerou uma sequência para o filme até que em 2024 resolveram reativar a ideia. Ainda que não seja um remake, o filme tem muita semelhança com o primeiro, aqui Helen Hunt não aparece para uma participação especial, mas mencionam a Dorothy e sua importância para o trabalho no estudo dos tornados (e personagens usam codinomes de outros personagens do Mágico de Oz). Mais uma vez a trama é sustentada por um casal. Kate Carter (Daisy Edgar Jones) é uma cientista que procura informações sobre tornados com uma pesquisa que ainda precisa de mais dados, mas uma tragédia envolvendo seu grupo de pesquisa irá comprometer sua trajetória. Ela vai então para a cidade trabalhar de forma mais segura, mas o convite de um amigo (Anthony Ramos) faz com que ela volte a campo. Ela descobre que os tempos são outros e precisa lidar com a popularidade de Tyler Owens (Glen Powell), que junto com a sua trupe barulhente persegue tornados para postar vídeos na internet. Logo se estabelece uma rixa entre o grupo de cientistas (que ainda conta com o novo Superman, David Corenswet) e a trupe de Tyler, mas que não demora muito para o público adivinhar o que acontece quando se coloca os rostinhos bonitos de Daisy e Glen no mesmo filme. A sorte é que os dois também são talentosos e conseguem gerar torcida na plateia enquanto compartilham o mesmo fascínio pelos tornados. Os efeitos especiais continuam feitos no capricho e tenho a impressão que existem mais cenas de devastação por aqui, no entanto, o primeiro me parecia construir uma tensão mais estruturada e criava uma sensação de você estar no meio de toda aquela destruição. Talvez essa diferença aconteça por conta da direção de Lee Isaac Chung experimentar aqui o seu primeiro filme de ação. Chung ficou famoso por seu trabalho em Minari (2020), que lhe rendeu o Oscar de roteiro original e uma indicação ao Oscar de direção. Ele não poderia ter embarcado em um projeto mais diferente. No entanto, o fato de ser nascido em Denver, no Colorado, lhe proporciona uma certa intimidade com aquela realidade devastadora. O mais incrível de sua direção é a forma poética como filma Kate observando os sinais da natureza para a força destruidora que se aproxima. Seja soltando um dente de leão no ar ou vendo os campos de trigo, Chung torna convincente estes momentos, sei que parece bobagem, mas isso faz toda a diferença na essência do filme. Ainda que eu prefira o primeiro, este aqui consegue ser interessante, mas talvez se houvesse mudado o foco de bancar uma comédia romântica nas entrelinhas, o filme teria ficado mais original (mas teria feito o mesmo sucesso?). Vale lembrar que os dois filmes estão disponíveis no Max (e alguns de seus genéricos também). 

Helen e Bill: o apelo continua intacto.

Twister (EUA - 1996) de Jan de Bont com Helen Hunt, Bill Paxton, Philip Seuymour Hoffman, Jamie Gertz, Cary Elwes, Alan Ruck, Lois Smith e Jeremy Davies. ☻☻

Twisters (EUA - 2024) de Lee Isaac Chung com Daisy Edgar-Jones, Glen Powell, Anthony Ramos, David Corensweat, Sasha Lane, Maura Tierney, Daryl McCormack, Kiernan Shipka, Austin Brooks e James Paxton.

Nenhum comentário:

Postar um comentário