sábado, 9 de novembro de 2024

PL►Y: O Dublê

Ryan e Emily: juntos em um dos flops do ano.

Ryan Gosling e Emily Blunt estrelaram os dois maiores sucessos do ano passado, ele interpretou Ken em Barbie, ela foi a esposa de Oppenheimer. Ambos os filmes foram indicados ao Oscar de Melhor Filme e o casal foi indicado aos prêmios de coadjuvante muito próximos dos favoritos da categoria. Juntar dois artistas tão populares parecia promessa de um campeão de bilheteria, bastava temperar com humor, romance e ação, mas não foi isso que aconteceu com O Dublê. O longa que prometia ser um dos mais queridos da temporada, amargou uma bilheteria de 178 milhões de dólares, pouco perante o investimento de 125 milhões. O diretor David Leitch (que inaugurou a famosa saga John Wick/2014 um marco da ação do século XXI) pode ter uma mente arrojada para criar cenas de ação, mas a ideia de abraçar vários gêneros e públicos ao mesmo tempo deixou o filme um tanto confuso. Não que a história tenha algo de muito complicado, mas tentar disfarçar uma trama simplória com uma montagem embaralhada não foi uma boa ideia, antes houvesse se rendido ao apelo nostálgico da trama inspirada na série Duro na Queda (1981-1986) e a trilha sonora que apela para um hit do Kiss a cada quinze minutos, que ganha até uma versão repaginada com foco nos mais jovens, esse olhar focado em dois grupos tão diferentes me parece o maior problema do filme. Mirar em gerações tão diferentes é um risco gigante para uma produção de orçamento tão inchado. A trama conta a história de Colt Seavers (Ryan Gosling) que é dublê de um dos maiores astros de Hollywood, Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson). No início Colt é um dos mais respeitados do ramo e está em ótima fase na carreira e na vida amorosa, afinal, ele está apaixonado pela assistente de direção Jody Moreno (Emily Blunt). Tudo seria ótimo em sua vida se um acidente não colocasse tudo a perder. O tempo passa e ele deixa a carreira e o prestígio para viver longe das câmeras. Eis que recebe o convite de uma produtora (Hannah Waddingham) para voltar a trabalhar como dublê, no filme de estreia de Jody como cineasta.  Obviamente que ele fica todo animado, mas existe um bocado de ressentimentos a serem trabalhados durante as filmagens, com muita lavagem de roupa suja em público e você tem a impressão que aquela discussão irá se arrastar por todo o filme até que você descobre que a produtora precisa de Colt para encontrar Tom que está desaparecido - o que compromete a continuação das filmagens e... a situação se complica cada vez mais. O filme tem dois aspectos que me incomodaram muito durante as longas duas horas de duração. O primeiro deles é a montagem caótica, que interrompe momentos empolgantes para apresentar conversas triviais entre dois personagens, causando quebras de ritmo irreparáveis achando que isso deixa o filme mais esperto e "moderninho". Não é, deixa apenas a narrativa menos fluída e mais irritante. A outra é que por mais que eu gosto de Emily Blunt, achei sua personagem uma chata. É muito difícil simpatizar com alguém que gosta de torturar um sujeito que perdeu tudo após um acidente que o quebrou todo. Entendo toda a mágoa que ela carrega no coração, mas não era mais fácil sentar e conversar já que o filme repete o tempo inteiro que os dois se amam? Que amor é esse? Eu não sei, mas é ele que motiva o filme a andar no meio da conspiração que é armada em torno do protagonista. O Dublê é um daqueles filmes que exageram nas cenas de ação (muitas vezes sem sentido) para disfarçar um roteiro boboca, o triste é ver nomes tão talentosos envolvidos num flop dessa magnitude. 

O Dublês (The Fall Guy / EUA - 2024) de David Leitch com Ryan Gosling, Emily Blunt, Hannah Waddinghan, Aaron Taylor Johnson, Winston Duke, Teresa Palmer e Stephanie Hsu. ☻☻

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