Marjorie: outro terror para o currículo. |
Acho que existe uma unanimidade de que Marjorie Estiano é uma das melhores atrizes do Brasil. A moça começou na novela juvenil Malhação em 2004 e desde então seu talento só amadureceu ao longo do tempo (e apesar de toda sua afinação, foi um grande acerto dedicar mais tempo à atuação). Seus trabalhos na série Sob Pressão (2017-2022) e na minissérie Fim (2023) são as provas mais recentes de que, aos 42 anos, a atriz merece sempre atenção. Acho de depois de escrever isso não será surpresa revelar que ela é o principal motivo para que eu assistisse Abraço de Mãe em cartaz na Netflix. A produção chamou atenção do público na semana de sua estreia e, de fato, merece uma olhada, primeiro pela Marjorie e segundo por ser um filme de terror bastante eficiente com uma pegada psicológica que só amplia o efeito na plateia. Desde as primeiras cenas o diretor Cristián Ponce demonstra estar disposto a construir uma atmosfera tensa. A bombeira Ana (Estiano), que acaba de voltar de uma licença por conta de um período complicado em sua saúde mental, está visivelmente desapontada por ter sido indicada para o serviço burocrático. Ela deseja provar que está preparada para voltar aos resgates. Embora alguns membros de sua equipe ainda desconfiem de sua estabilidade, outros parecem dispostos a lhe dar a apoio durante este retorno. A trama é ambientada na histórica tempestade tropical ocorrida no Rio de Janeiro em 1996 e, quando ela está prestes a começar, a equipe é chamada para ajudar na evacuação de um antigo hospital com risco de desabamento. No entanto, as pessoas que estão por lá se recusam a ir embora. Ponce começa então a construir um clima sinistro naquele ambiente, com personagens que parecem guardar um segredo que se revela aos poucos. Afinal, o que mantém aquele grupo de pessoas ali? Se no início a equipe é hostilizada, aos poucos, começa a se deparar com situações que comprometem cada vez mais a tarefa e uma presença estranha que influencia as relações naquele lugar. Ponce capricha na tensão e não a deixa baixar o nível antes do desfecho e, para isso, contribui muito a sensação claustrofóbica orquestrada durante todo o filme é ainda mais ampliada pelo elenco de coadjuvantes misteriosos. Claro que a capacidade de Marjorie dar conta da complexidade emocional de sua personagem ajuda bastante a manter o coração do filme quando as situações assustadoras começam a tomar conta da trama e seus traumas começam a vir à tona. Abraço de Mãe é um terror eficiente, mas que poderia ser melhor se fosse um tantinho mais objetivo na revelação dos mistérios que movem à narrativa. Vale lembrar que recentemente Marjorie também participou de outro notável terror nacional recente (As Boas Maneiras/2018) o que não deixa de ser uma ousadia para um gênero que ainda luta para ganhar espaço entre as produções brasileiras.
Abraço de Mãe (Brasil - Brasil / 2024) de Cristián Ponce com Marjorie Estiano, Javier Drolas, Thelmo Fernandes, Helena Varvaki, Rafael Canedo e Reynaldo Machado. ☻☻☻
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