segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

PL►Y: Jurado nº2

Nicholas: dilema moral em julgamento.

Justin Kemp (Nicholas Hoult) parece levar uma vida pacata com seus trabalhos para revistas e ao lado da esposa, Allison (Zoey Deutch), que está prestes a ter um bebê. A rotina dele muda quando é escalado para ser jurado, ele até tenta escapar da tarefa, mas não tem jeito, ele é escolhido para participar do julgamento no posto de jurado número 2. O crime em questão é sobre uma jovem que é encontrada morta após uma discussão no bar com o namorado que, visivelmente perde o controle. Prova em si de que foi o rapaz que cometeu o crime não existe, existem apenas indícios pelo seu comportamento suspeito naquela noite. Conforme os relatos avançam, seria melhor que Justin realmente não fizesse parte do júri, já que ele parece ter ligação direta com o crime. Quanto mais o julgamento avança, mais Justin começa a questionar a sua presença ali e, mais do que isso, passa a ter mais certeza da inocência do acusado além de sua própria culpa, embora, nem ele saiba ao certo o que aconteceu naquela noite. É interessante como Jurado Nº2 tem como cenário um ambiente em que busca-se a verdade em nome da justiça, mas que por outro lado, compõe cada vez mais um cenário de incertezas, tanto sobre o veredicto quanto decisões a serem tomadas e suas consequências. Se por um lado existe a certeza de que o acusado tinha um comportamento abusivo com a namorada (e alguns acreditam que cedo ou tarde algo ruim iria acontecer), por outro, existe um personagem que tenta corrigir sua postura diante dos vícios e da família que planeja construir. Embora o roteiro de Jonathan A. Abrams invista em alguns clichês dos filmes de tribunal (como a personalidade estereotipada de alguns jurados e a promotora que quer se promover com o caso, esta vivida com segurança por Toni Collette), o filme amplia os dilemas dos personagens que estão cada vez mais diante de uma verdade desconfortável, enquanto outros permanecem presos à uma percepção já pré concebida sobre o veredicto. Dirigido por Clint Eastwood, mais uma vez o cineasta segue sua linha direta e um tanto seca na direção, sem firulas ou melodramas, deixando muito por conta do espectador tirar suas próprias conclusões sobre o desenrolar daqueles fatos. Não fosse toda a má vontade do estúdio (a Warner que perdeu muita grana com Coringa2 e só tem olhos para Duna2 na temporada de prêmios),  o longa poderia até figurar em algumas categorias das premiações que se aproximam. Nicholas Hoult está muito bem no papel principal com sua cara de bom moço que fez coisas erradas no passado e confesso que gosto do rapaz desde que ele era o moleque de Um Grande Garoto (2002) e não deixa de ser interessante que ele tenha alguns duelos com Toni Collette, a atriz que interpretava sua mãe naquele filme. Ambos estão competentes em cena e ajudam o diretor a conduzir a narrativa de forma pouco óbvia. Embora não seja inesquecível, cumpre o que promete e faz a plateia pensar um pouco mais sobre seus conceitos de justiça e impunidade. Falando em justiça é estranho que a Warner tenha jogado o filme de qualquer jeito nos cinemas dos EUA antes de colocar direto no streaming por aqui (está em cartaz no Max). Após tantos anos de serviços prestados de Clint à história do cinema. Filmando aos 94 anos, este pode ser o último filme do astro e considero que ele merecia um pouco mais de respeito. 

Jurado nº2 (Juror #2 /  EUA - 2024) de Clint Eastwood com Nicholas Hoult, Toni Collette, Zoey Deutch, Chris Messina, Gabriel Basso, J.K. Simons, Kiefer Sutherland, Leslie Bibb, Drew Scheid e Adrienne C. Moore. ☻☻☻

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