Fey: esforço inútil.
De início, A Seleção parece ser uma comédia inteligente sobre o angustiante processo de seleção que as universidades americanas submetem seus alunos todos os anos. Quem conhece sabe que o processo na Terra do Tio Sam é bem diferente do nosso vestibular, já que é levado em consideração toda a trajetória dos estudantes (especialmente as notas) e uma carta de apresentação em que deve ressaltar suas melhores habilidades. O fato de centrar a narrativa do outro lado, ou seja, dos avaliadores e não dos alunos, também soa atraente, já que faz parecer que estamos diante de uma ótica original sobre esse processo tão diferente do nosso. Coloque uma atriz com o carisma de Tina Fey como protagonista, some Paul Rudd e Lily Tomlin e a graça parece garantida sob a direção de Paul Weitz. Lá pela metade todas as suas expectativas vão para o ralo e você descobre que está diante de uma das maiores perdas de tempo do ano. O filme começa legalzinho e depois vai ficando cada vez mais chato, se perdendo numa trama que poderia ser até interessante, mas que desanda antes do que você imagina. Fey interpreta Portian Nathan, uma das responsáveis pela seleção de alunos para a Universidade de Princeton. O fato da faculdade ter caído do primeiro para os segundo lugar do ranking e a ideia de que a administração da Universidade sofrerá algumas alterações, torna o processo ainda mais estressante para a personagem. Não bastasse isso ela ainda precisa lidar com a mãe ultrafeminista (Tomlin) e um segredo do passado. O segredo aparece quando ela conhece John Pressman (Rudd), o diretor de uma escola rural, instituição que tentará pela primeira vez uma vaga em Princeton. O melhor candidato à vaga é Junior Lafont (Ben Levin), que Pressman acredita ser filho de Portian. Não vou nem perder meu tempo aprofundando a antiética ou o senso de oportunismo dos personagens envolvidos no processo, já que o roteiro ignora esses fatores quase que completamente. Também acho que chutar o politicamente correto faz muito bem para uma comédia, mas A Seleção vai do nada ao lugar algum. Existem tantos pontos a serem desenvolvidos (a atração de Portian por Pressman, o fato dela ter sido largada pelo noivo vivido por Michael Sheen, o sentimento maternal da personagem, culpa...) que o diretor Weitz aparece perdido mais uma vez com os elementos que tem em mãos. Tina Fey se esforça, mas o filme torna-se cada vez mais aguado diante dos nossos olhos, ao ponto que nada do que acontece desperta muito interesse. Nem adianta usar o recurso de materializar os alunos durante as análises de currículo, tão pouco o momento em que Portian tem sua ética corroída de vez e compromete sua carreira... até esse momento, nosso interesse já adormeceu. Penso que há dois aspectos que comprometem todo o filme, o primeiro é o jovem Ben Levin, em momento algum ele parece ser o garoto genial e adorável que o roteiro quer nos fazer acreditar, pelo contrário, sua apatia faz tudo parecer um golpe em cima da protagonista. Outro ponto é a direção de Weitz que parece cada vez mais desanimado. Ele já fizera isso em A Família Flynn (2012) e agora repete aqui e vou apelar mais uma vez: ESQUEÇA O EGO E VOLTE A FAZER FILMES COM O SEU IRMÃO, CHRIS WEITZ! Quando a dobradinha de vocês funcionou em Um Grande Garoto (2002) vocês simplesmente se separaram, por quê? Os Coen deveriam ter uma conversinha com esses dois, assim seríamos poupados de soníferos como A Seleção.
A Seleção (Admission/EUA-2013) de Paul Weitz com Tina Fey, Paul Rudd, Lily Tomlin, Martin Sheen e Ben Levin. ☻