Daniel: virando o chifrudo da cidade.
Alçado ao posto de diretor de horror moderninho com o cult Alta Tensão (2003), o francês Alexandre Aja tinha grandes expectativas com o lançamento de Horns no ano de 2013. A trama sobre o rapaz acusado de matar a namorada e que, misteriosamente, vê chifres crescendo em sua testa era tão cheia de possibilidades que atraiu a atenção do jovem astro Daniel Radcliffe (sempre disposto a conseguir um papel diferente do eterno Harry Potter) e, por consequência, conseguiu escalar bons atores para os papéis coadjuvantes.... pena que o resultado beira o desastre (tanto que o filme teve problemas de distribuição depois de fracassar na bilheterias de vários países). O maior problema é que a história é confusa demais, cheia de reviravoltas bruscas, seja nos rumos da trama, dos gêneros que abraça e até na identidade dos personagens. Entre altos e baixos acompanhamos por duas horas a trajetória de Ig (Radcliffe), acusado de matar a sua amada Merrin (Juno Temple). Ainda que Ig afirme ser inocente, nem os seus pais acreditam nele, o que só o deixa mais tenso com a rejeição que a população local passa a ter dele. Eis que um belo dia Ig acorda com chifres crescendo em sua cabeça, mas eles não são chifres comuns: fazem com que as pessoas digam o que se passa de pior em suas cabeças. O recurso poderia injetar um pouco de humor na história, mas o resultado é bem sem graça, com um bando de personagens que aparecem na história só para falar alguma atrocidade e depois desaparece da história. Ig passa quase uma hora nessa palhaçada, até que o protagonista perceba que pode usar esse "poder" para descobrir quem é o verdadeiro vilão da história. Nisso, entra na história uma garçonete que sonha em ser uma celebridade (Heather Graham, que incorpora o espírito trash que o filme tenta disfarçar), um advogado amigo do protagonista que acredita em sua inocência (Max Minghella) e o irmão de Ig (Joe Anderson), mas não espere uma história bem amarrada. Quando você acha que entendeu como funciona a história, o filme muda do humor negro para um horror de guinadas forçadas que aponta um assassino em cada cena conforme Ig torna-se cada vez mais descontrolado (ou seria diabólico?). Nessa parte, os diálogos que já não eram bons ficam piores e alguns risos involuntários podem aparecer. Depois de torturar alguns personagens a verdade surge e o filme inventa um final que se estende mais do que deveria, deixando tudo cada vez mais arrastado. Amaldiçoado mostra como um autor pode tornar uma boa ideia num filme que é puro exercício de paciência para o espectador mais otimista. Ainda que queira parecer romântico, poético e moderninho, o filme deve conseguir alguns fãs somente nos admiradores de filmes classe Z.
Amaldiçoado (Horns/EUA-Canadá/2013) de Alexandre Aja com Daniel Radcliffe, Juno Temple, Max Minghella, Joe Anderson, Heather Graham, David Morse e Katheleen Quinlan. ☻
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