Os detetives e a vítima: as armadilhas da segunda temporada.
Ouvi vários críticos comentando que a segunda temporada de True Detective melhora depois do terceiro episódio, por isso demorei para escrever minhas inquietações sobre os novos capítulos de uma das séries mais cultuadas de 2014. Como seu criador, Nic Pizzolatto já havia mencionado, nessa nova fase da série na HBO mudou os personagens e o cenário (agora a trama se passa em Los Angeles), por isso, esperei que meu estranhamento passasse por conta da guinada que prometiam. Pois True Detective terá seu quinto episódio exibido no próximo domingo na HBO e, se levarmos em consideração que cada temporada tem apenas oito episódios, a trama já deveria ter mostrado a que veio faz tempo. Depois de colocar Matthew McConaghey e Woody Harrelson desbravando o lado mais sombrio de suas personalidades em meio a uma soturna visão do universo sulista americano, Pizzolatto preferiu aumentar o número de personagens e desenvolver uma história sobre o submundo de Hollywood com sexo, drogas e perversões variadas, ou seja, nada que já não tenha sido explorado em programas e filmes variados. Sem novidades, fica difícil escrever sobre os personagens dessa temporada, a todo instante escuto elogios às atuações de Rachel McAdams (a detetive durona Ani Bezzerides), Colin Farrell (o vacilante detetive Ray Velcoro) e Taylor Kitsch (o oficial Paul Woodrugh), mas apesar do esforço do trio, ainda não sei muito bem o que eles estão fazendo. Sei que Ani tem uma família problemática, que Ray tem envolvimento com o misterioso Frank Semyon (Vince Vaughn) além de problemas com a ex-mulher, sei que Paul quer esconder seu passado no Afeganistão (sobretudo seu envolvimento com um colega de combate), mas até o momento todos eles estão muito distantes da profundidade apresentado pelos detetives Rust e Marty da primeira temporada. Todos os personagens parecem distantes, vagando pelo roteiro em busca de um sentido em torno da morte de um empreendedor encontrado com olhos derretidos por ácido e sem genital. É esse crime que une os três detetives que não conseguiram (ainda) ter liga na narrativa, além disso, envolve Semyon. sobre o personagem, muita gente está surpresa com a atuação de Vince Vaughn, como se ele servisse apenas a encarnar idiotas em comédias (o que não procede, basta ver seus filmes na década de 1990), ou seja, nem a performance do ator me surpreende. Até agora houve duas cenas marcantes na temporada, quando aparece o atirador com cabeça de pássaro na casa de Velcoro e a longa cena do tiroteio que fecha o quarto episódio (e que poupa só o trio protagonista), mas nada que revele muita coisa, tudo fica no ar, na penumbra... em suma, o que vi até agora parece mais maçante e inútil do que interessante, mas fico sempre na expectativa que durante o episódio algo revelador apareça e deixe tudo fazendo sentido, só espero que isso não ocorra somente no último episódio. Afinal, levando em consideração o final abstrato da temporada anterior, essa está longe de ser a intenção de Pizzolatto. Chego então à conclusão que talvez meu apreço pela primeira temporada tenha mais relação com a forma como o criador manipulava nossos medos diante de uma história cheia de caminhos e possibilidades destinadas à danação, enquanto a segunda temporada, caiu na armadilha de ir para lugares mais comuns e gastos em dezenas de tramas policiais já realizadas.
True Detective - 2ª Temporada (EUA/2015) criada por Nic Pizzolatto com Rachel McAdams, Colin Farrell, Vince Vaughn, Taylor Kitsch e Kelly Reilly. ☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário