Edgerton, Fry e Smith: policial no mundo da magia.
Não sei se já havia uma relação, mas no Festival de Cannes deste ano, quando houve toda uma grande polêmica de filmes da Netflix concorrerem ao prêmio máximo do Festival, Will Smith defendeu a empresa de streaming na privilegiada posição no júri do Festival. Não deixa de ser interessante que o filme mais badalado deste fim de ano da Netflix seja protagonizada pelo próprio astro - que foi incansável na divulgação do longa, inclusive no Brasil. O filme também marca a nova parceria do ator com o diretor David Ayer, que o dirigiu no espinafrado Esquadrão Suicida (2016). Tão logo Bright ficou disponível choveram críticas ao filme que o consideravam um novo desastre - não era para tanto. Nesta semana foi divulgado que o filme foi visto por mais de onze milhões de pessoas nos três primeiros dias de exibição, o que o torna um verdadeiro blockbuster. O sucesso de público e o fracasso de crítica são compreensíveis, já que mais uma vez Ayer demonstra ser um diretor de grande criatividade visual (vale lembrar que Esquadrão levou para a casa o Oscar de maquiagem e penteados) e aqui não faz feio quando precisa construir um mundo onde seres humanos convivem com seres mágicos. Entre Orcs, elfos e fadas, Will Smith vive o policial Daryl Ward. Ele ainda não se acostumou com seu novo parceiro, o orc Nick Jackoby (Joel Edgerton dando conta de ser carismático debaixo de uma máscara complicada). Jackoby é o único orc do departamento e costuma ser vítima de preconceito, especialmente depois que, por deslize, deixou seu parceiro ser baleado por outro orc. No início o filme se ocupa de apresentar este mundo híbrido e suas tensões (e dá conta já nos créditos iniciais de fazer o serviço), tornando fácil simpatizar com Jackoby dentro da hierarquia que se percebe entre as espécies que compõem o filme (e não é por acaso que existe um policial negro num mundo onde os orcs são vítimas de preconceito), não por acaso, Nick é o personagem mais bem explorado na trama. A coisa começa a desandar quando um estranho incidente revela que uma elfo (Lucy Fry) roubou uma varinha mágica para evitar que uma gangue (conhecida como inferni) evoque o senhor das trevas para reinar sobre a Terra. Basta aparecer a varinha na história que o andamento do filme se torna pura perseguição até o desfecho - e toda a criação daquele universo fica parecido com tantos filmes policiais que já vimos anteriormente. Bright não chega é um desastre, mas seu universo criativo prometia tantas surpresas que existe um sabor de decepção nos rumos que o roteiro segue. Porém, vemos que Ayer consegue manter a coerência de sua trama de fantasia, sem ter as ideias picotadas por um grande estúdio. Ainda que esteja longe de ser genial como prometia, a obra funciona como filme de ação com maquiagem e efeitos especiais bem realizados. Os fãs do gênero que procuram apenas um passatempo não devem reclamar, mas acho que até eles gostariam que o filme prezasse sua originalidade do início ao fim.
Bright (EUA-2017) de David Ayer com Will Smith, Joel Edgerton, Lucy Fry, Noomi Rapace, Édgar Ramírez. ☻☻
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