Cinco produções assistidas no mês que merecem destaque:
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
domingo, 30 de outubro de 2022
#FDS Latino: Argentina, 1985
sábado, 29 de outubro de 2022
#FDS Latino: Todo Clichê do Amor
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
#FDS Latino: Mariposas Verdes
Resolvi fazer um #FDS Latino para encerrar esse tenso mês de outubro. Começarei pelo colombiano Mariposas Verdes do veterano Gustavo Nieto Roa (responsável pela versão original de Entre Lençóis/2007. A Colombia já demonstrou ter uma cinematografia interessante, tanto que já surpreendeu ao ser indicada ao Oscar de filme estrangeiro com O Abraço da Serpente (2016) de Ciro Guerra, mas Mariposas Verdes é um filme bem mais modesto, o que não impede que tenha sua cota de ambições a serem cumpridas. O filme foi relativamente comentado em sua época de lançamento, principalmente pela abordagem de temas delicados do universo adolescente. O filme mistura a descoberta do amor entre Mateo (Deivi Duarte) e Daniel (Kevin Bury) - como as inúmeras cenas de flashback deixarão claro, os dois são amigos de infância e desde pequenos já perceberam que o comportamento padrão que o mundo exigirá deles. Os pais de Mateo sobreviveram a uma separação e os de Daniel vivem brigando, enquanto o pai do primeiro parece atencioso, o pai do outro é um grosseirão que maltrata a esposa e o filho sem pestanejar. Como a mãe de Mateo viaja muito à trabalho, a presença afetiva mais marcante é da avó que está sempre por perto. A escola dos dois é conservadora, com um código rígido de conduta, mas que não impede que o sobrinho da diretora faça atrocidades com seus colegas - especialmente com Ángela (Victória Ortiz) que é vítima de várias situações de assédio e abuso. Existe um bocado de bullying, gordofobia e homofobia no filme com posturas condenáveis de adultos e adolescentes, deixando a impressão que o diretor e seus parceiros roteiristas queriam fazer uma versão colombiana de 13 Reasons Why com estética de novela colombiana. A impressão é que eu estava vendo uma versão Rebelde mais hardcore e com algumas cenas que sinceramente eu não entendi (aquela de Mateo desenhar um teclado nas costas de Daniel antes de transarem pela primeira vez... se queria ser poética ficou apenas esquisita, a abordagem sobre os direitos humanos fica apenas na superfície e os adultos no filme são muito mal desenvolvidos, rasos mesmo). A trilha sonora também não ajuda, deixando algumas cenas densas com uma conotação brega, tudo melhoraria se o desfecho fosse bem resolvido, mas tudo soa apressado, o desfecho do sobrinho da diretora termina sem maiores explicações e a cena final é um tantinho questionável por recorrer ao mesmo erro de 13 Reasons Why (que já era livro na época de lançamento d filme e virou série da Netflix no mesmo ano). Mariposas Verdes tem a alma de um filme com cara de alerta social e isso pode compensar para alguns os tropeços que faz pelo caminho, ao menos a dupla responsável pelo casal protagonista faz um bom trabalho em cena.
Mariposas Verdes (Colombia/2017) de Gustavo Nieto Roa com Deivi Duarte, Kevin Bury, Cecilia Suaréz, Julio Bracho, Maria Helena Doering, Juan Pablo Gamboa e Consuelo Luzardo. ☻☻
10+: Jessica Chastain
Vendo o respeitável currículo de Jessica Chastain fica até difícil acredita que a atriz chegou à Hollywood a pouco mais de dez anos. Ela começou a carreira em séries de televisão com participações pequenas em programas como Plantão Médico, Veronica Mars e Lei & Ordem, mas o cinema só lhe deu destaque em 2008 com Jolene (ainda inédito no Brasil). Esta lista é para lembrar dez grandes momentos na carreira desta atriz que já está no patamar das melhores de sua geração.
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
PL►Y: O Enfermeiro da Noite
Ainda não tive coragem de ver a minissérie Dahmer na Netfix, mas acabei me deparando com outra produção sobre outro serial killer. Ontem assisti O Enfermeiro da Noite, especialmente pelo encontro de Jessica Chastain e Eddie Redmayne e não fazia a mínima ideia de que é baseado em uma história real. O filme conta a história da enfermeira Amy Loughgreen (Chastain), enfermeira que mantem em segredo um problema de saúde. Trabalhando no turno da noite, ela se sente sobrecarregada e fica feliz quando chega um novo funcionário, Charles Cullem (Redmayne), um rapaz tímido e reservado com quem logo estabelece um laço de amizade. Ele descobre a doença de Amy e promete ajuda-la até que o seguro saúde do emprego entre em vigor e a colega possa ter o tratamento adequado. Amy tem duas filhas pequenas e Charles acabou de atravessar um divórcio e nunca fica muito claro os motivos que levaram à separação. O fato é que quando Charlie começa a trabalhar com Amy mortes começam a acontecer no hospital e Amy começa a perceber que existe algo de estranho no motivo daquelas mortes. Começam a haver investigações internas e uma investigação policial que apontam na direção do aparentemente inofensivo Charles. O filme se concentra bastante na angústia de Amy em perceber que o amigo em que confiava até a companhia de suas filhas poderia ser um assassino e até o desfecho o filme ressalta que tudo era resultado de algo inexplicável. O filme não aprofunda muito a personalidade de Charles, se limitando a transformá-lo aos poucos em um sujeito muito estranho, gradativamente, seu tom atencioso e empático se torna assustador e Eddie Redmayne tem sua melhor atuação em muito tempo ao explorar as interrogações que ficam na cabeça do espectador. Seus olhares e gestos carregam a construção de um sujeito perturbado por seus fantasmas, mas que é incapaz de nomeá-los. Confesso que a curiosidade em torno de Charles me fez procurar algo mais sobre ele no Google já que o filme não concede muitas informações sobre sua história de vida. O Enfermeiro da Noite mostra-se um suspense bastante eficiente por utilizar a relação entre os dois personagens e o horror perante a verdade, banhado de dramas e estranhamento (não por acaso o filme é produzido por Darren Aronofsky) o filme foge de soluções fáceis e deixa a sensação de estranhamento em sua mente por um bom tempo.
O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse/ EUA - 2022) de Tobias Lindholm com Jessica Chastain, Eddie Redmayne, Noah Emmerich e Kim Dickens. ☻☻☻☻
Na Tela: Adão Negro
Faz mais de uma década de Dwayne Johnson, mais conhecido como The Rock, queria levar o personagem Adão Negro para as telonas. No entanto, no meio do caos que imperava no Universo DC nos cinemas, nem a sua popularidade empolgou para que o filme saísse do papel. Demorou um bocado para que a situação das produções da editora começasse a dar uma melhorada na Warner e The Rock aproveitou a deixa para fazer suas exigências garantindo que o filme seria um sucesso. Em tempos em que a Marvel anda deixando os fãs um tanto desapontados, o astro do momento provou entender o que o público desejava e o resultado é que os críticos não se empolgaram muito, mas a plateia parece ter gostado de tudo que o filme trouxe. A começar pelas várias cenas de ação, o humor encaixado (em vários momentos) na hora certa e algumas surpresas. Eu por exemplo não fazia a mínima ideia de que A Sociedade da Justiça aparecia antes do filme ser lançado, ver Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Ciclone (Quintessa Swindell) e Esmaga-Átomo (Noah Centíneo) na telona é grata surpresa para os fãs, especialmente pela dinâmica que se estabelece com o protagonista que é, em sua essência, um anti-herói. Dwayne Johnson faz praticamente o de sempre, mas se esforça para entregar um personagem sombrio cheio de frases de efeito, concebido pela mesma magia que deu os poderes para SHAZAM (2019), mas que seu temperamento explosivo perante a vida torna seus métodos questionáveis. Ele vive repetindo que não é um herói, após um grupo de rebeldes invadirem o seu templo e o evocarem após cinco mil anos, após tanto tempo, ele não reconhece o país em que nasceu, mas parece identificar que existe uma intervenção militar estrangeira por lá e um grupo de pessoas que precisa de sua ajuda. O fato é que Amanda Waller (Viola Davis) passou a se preocupar com o que pode acontecer por lá com a vinda de Adão Negro e manda a sociedade da Justiça intervir. Não espere uma trama muito elaborada, aqui você precisa se contentar com certo viés político e as ponderações do que faz uma pessoa um herói ou um vilão. De certa forma isso trabalha a favor do filme, que traz de volta uma narrativa dos tempos em que filmes de heróis eram mais simples e que o importante era apenas nos importarmos com eles perante os desafios que enfrentam. Sendo assim, Johnson, Brosnan e Hodges (favor colocar este moço em outros filmes, obrigado) cumprem seu papel sem maiores problemas, enquanto Noah e Quintessa fazem o que pode com o pouco destaque que possuem na trama, mas não decepcionam como novatos no ofício super-heróico. Com uma surpresa aqui e outra ali, se tornou o filme de super-herói em que vi o público sair mais satisfeito do cinema em 2022, o que não deixa de ser um elogio e um marco positivo para a escaldada DC - que acabou de dispensar seu chefão nos cinemas, o Walter Hamada após vários problemas em sua concepção dos heróis para a telona. Seria um recomeço para o universo cinematográfico da DC? O interessante é que Adão Negro se torna um sinal de esperança na tela e fora dela... os fãs agradecem.
Adão Negro (Black Adam / EUA - 2022) de Jaume Collet-Serra com Dwayne Johnson, Pierce Brosnan, Aldis Hodge, Noah Centineo, Quintessa Swindell e Viola Davis. ☻☻☻
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
PL►Y: Cidade Perdida
terça-feira, 25 de outubro de 2022
PL►Y: Lobisomem na Noite
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
PL►Y: Mammal
Rachel e Barry: romance complicado. |
A primeira vez em que assisti um filme com a australiana Rachel Griffiths foi em O Casamento de Muriel (1994) em que ela vivia a melhor amiga da protagonista de Toni Collette. O tempo passou e ela foi indicada ao Oscar de coadjuvante por seu trabalho em Hillary & Jackie (1999) e colecionou prêmios por seus trabalhos nas séries A Sete Palmos (2001-2005) e Brothers & Sisters (2006-2011), mas atualmente ela pode ser vista em The Wilds na Amazon Prime Video. Como se percebe o cinema a deixou de lado faz tempo, mas ela não se importa desde que de vez em quando um papel interessante apareça para vermos como os holofotes nem sempre se voltam para os grandes talentos. Mammal é um desses, um pequeno filme irlandês que colheu elogios em alguns festivais e até concorreu a alguns prêmios em seu país de origem, mas bem que merecia um tantinho mais de atenção por conta dos trabalhos de Rachel e de seu parceiro de cena, o sempre interessante Barry Keoghan. Ela vive Margaret, uma mulher melancólica que trabalha em uma loja modesta e aluga um quarto vazio de sua casa para ganhar algum dinheiro extra. Logo no início já imaginamos o motivo da tristeza que transborda da personagem, por conta de uma cicatriz e da casa solitária em que vive, tentamos imaginar a triste história que se esconde por trás de sua rotina - que parece encontrar algum alento somente nos dias em que utiliza a piscina de um clube das redondezas. A mesma piscina é frequentada por Jo, um adolescente um tanto perdido e que cruza o caminho de Margaret enquanto ela recebe uma sucessão de notícias preocupantes. Tanto Rachel quanto Jo precisam de ajuda e os dois se agarram um ao outro como uma tábua de salvação. A diretora Rebecca Daly não se inibe ao embaralhar as emoções de sua protagonista, que ora observa Jo com olhar maternal e aos poucos passa a desejá-lo - e a câmera da diretora faz questão de criar uma transição física da vulnerabilidade e a sexualização do corpo do rapaz, por vezes em ângulos que revelam o quanto Keoghan é de fato um ator destemido. Vale ressaltar que a diretora utiliza aqui uma verdadeira subversão aos romances intergeracionais que costuma chegar nas telonas. Rachel tinha 48 anos durante a estreia do filme, enquanto Barry tinha metade de sua idade (embora aparente bem menos). Por mais estranho que pareça, a desenvoltura de ambos em personagens complicados são o grande trunfo do filme que por vezes abusa da cadência silenciosa. Obviamente que para além da questão da ausência a ser preenchida na casa de Margaret, o relacionamento entre ambos irá gerar um bocado de incompreensão. Não por acaso o longa (que se chamaria Mamífero, caso fosse traduzido) é repleto de simbologias sobre a maternidade, mas em sua essência, o filme de Rebeca Daly é apenas um filme sobre duas pessoas que precisam ser amadas com todas as cicatrizes que carregam.
Mammal (Irlanda - Países Baixos - Luxemburgo/ 2016) de Rebeca Daly com Rachel Griffiths, Barry Keoghan, Michael McElhaton, Joanne Crawford e Johnny Ward. ☻☻☻☻
domingo, 23 de outubro de 2022
Pódio: Luca Marinelli
Bronze: O namorado triste. |
Prata: O Escritor Ambicioso. |
Ouro: O Matemático Platônico. |
FILMED+: Entre Tempos
sábado, 22 de outubro de 2022
PL►Y: Uma Garota de Muita Sorte
NªTV: Ruptura
Não sei vocês, mas adoro quando me deparo com uma série feito Ruptura que está na AppleTV+. Eu gostei tanto da série que vi os episódios aos poucos para que não acabasse logo (e eu aguardasse ansiosamente uma nova temporada). A julgar por esta primeira leva de episódios, as expectativas para a continuação ficam ainda maiores, já que o novo episódio finaliza com revelações que deixam vários ganchos para a próxima (a julgar por todos os elogios merecidos que a série recebe, ela deve render mais alguns anos). A ideia do estreante Dan Erickson parte de algo que já deve ter passado pela cabeça de muita gente: estar no local de trabalho e deixar a vida particular do lado de fora. No entanto, aqui a ideia é radicalizada em tempos que nem Black Mirror costuma superar a realidade. Acredito que todo mundo já deve ter passado por aquele dia difícil e teve que ir cumprir suas obrigações laborais pelo salário no fim do mês - mas que teria sido mais produtivo se a vida pessoal tivesse ficado de fora por alguma horas. A ideia pode parecer boa numa primeira olhada, mas se torna um verdadeiro pesadelo. Aqui estamos diante da Lumen, uma empresa que adota um recurso tecnológico inovador, o procedimento de Ruptura. Um chip é implantado na cabeça do funcionário e assim que ele chega no trabalho, um dispositivo é ativado, fazendo com que o trabalho se torna o único foco de sua vida. Após a jornada de trabalho, ele sai do escritório e volta à sua vida normal. Simples. Funcional e... eficaz? Se você levar em consideração o viúvo Mark (o bom moço Adam Scott), aquelas oito horas são um verdadeiro alento, já que ele não lembra da viúva que faleceu a alguns meses. No entanto, tão logo Mark é promovido ele tem problemas com Helly (Britt Lower), que por conta de uma recepção atrapalhada começa a resistir à ideia de esquecer a vida fora do escritório. Assombrada pela ideia de viver continuamente no local do trabalho (afinal, são as únicas memórias que estes funcionários possuem) ela faz de tudo para convencer seu "eu externo" a pedir demissão, mas a tarefa é mais árdua do que ela imagina. Completam a lista Dylan (Zach Cherry) e Irving (John Turturro), se o primeiro aceita bem sua rotina laboral até que um incidente coloca tudo a perder, o segundo começa a vivenciar um flerte no local de trabalho com um colega mais velho (Christopher Walken), que se torna sua principal motivação para prosseguir. Além dos desdobramentos destes personagens, existe ainda uma penca de mistérios que tornam Ruptura um programa imprevisível em sua forma e conteúdo. Há de se destacar ainda que Ruptura é mais uma parceira para lá de certeira entre Ben Stiller e Patricia Arquette. Stiller deixa de lado sua popularidade como ator e investe mais uma vez em sua verve de diretor interessante, aparentemente é ele que dita a atmosfera misteriosa com certo verniz cômico e crítica social, algo que ele tentou em sua segunda experiência como cineasta (lembra de O Pentelho/1996 com Jim Carrey?) mas que aqui surge tão amadurecida como envolvente. Já a oscarizada PAtricia Arquette atuou ao lado de Ben em Procurando Encrenca/1996 e uma grande afinidade parece ter surgido entre os dois quando ambos tentavam um lugar ao sol de Hollywood. Ainda que tenham seguido caminhos distintos, Patricia voltou a ser celebrada com Boyhood (2014) e retornou à TV, espaço que se tornou seu abrigo quando Hollywood se deslumbrava com outras atrizes. Foi neste retorno que ela e Ben trabalharam juntos em Scape At Dannemora que rendeu a ela o Globo de Ouro, o SAG e o Critic's Choice de melhor atriz de TV, os prêmios continuaram com The Act e não duvido que sua versátil interpretação de gélida chefe e acolhedora vizinha de Mark lhe renda outras estatuetas. Entre estranhezas e mistérios, Ruptura é o tipo de série que faltava a algum tempo, especialmente pelo seu estilo (até agora) redondinho de contar uma história envolta de mistérios.
Ruptura (Severance - EUA / 2022) de Dan Erickson com Adam Scott, Britt Lower, Patricia Arquette, John Turturro, Zach Cherry, Christopher Walken, Dichen Lachman e Tramell Tillman. ☻☻☻☻☻