sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Na Tela: A Teoria de Tudo

Jones e Eddie: os Hawkins em drama romântico. 

Um filme sobre um dos homens mais inteligentes do mundo não pode ser pouca coisa, por isso mesmo, desde que A Teoria de Tudo começou a ganhar forma recebeu atenção dedicada da mídia. O diretor James Marsh (do oscarizado documentário O Equilibrista/2008) ainda foi esperto o suficiente para escolher um casal de bons atores que ainda não são estrelas, mas que tem potencial de sobra para isso. O desafio maior era evitar romancear demais os dramas da vida do casal Jane e Stephen Hawking, especialmente por ser baseado no livro dela sobre os anos em que foi casada com um dos maiores cientistas de todos os tempos. Se você espera conhecer a fundo as teorias de Stephen  é melhor procurar suas obras (sobretudo o clássico Uma Breve História do Tempo), já que o foco do filme está nos desafios do casal ao lidar com a rara doença degenerativa que compromete o sistema motor de Stephen (e, aos poucos, o seu casamento). O casal se conheceu na Universidade de Cambridge nos anos 1960 e o romance evoluiu perante o diagnóstico da doença aos vinte um anos do rapaz, mas a moça não intimidou-se diante da previsão de dois anos de vida do homem com quem casaria e teria três filhos (já que conforme Stephen esclarece tão bem, algumas funções do corpo masculino funcionam de forma "automática"). Assim como O Jogo da Imitação o filme é bastante romanceado para dar corpo à trama de um filme, mas funciona bem pelas boas atuações e o visual apresentado. Eddie Redmayne encarna Stephen com maestria, mas seus maiores méritos vão para além do seu trabalho corporal, tendo os melhores momentos nas cenas em que seu olhar precisa demonstrar todas as emoções de um personagem cuja fama precede o filme em décadas. Redmayne apresenta não apenas o tom espirituoso do personagem, mas também grande naturalidade nas cenas em que precisa demonstrar que é um gênio envolto em teorias sobre buracos negros e a história do tempo. Redmayne é seguido de perto por Felicity Jones, que exibe a presença cênica já apresentada anteriormente, numa atuação bastante humana de uma mulher que aceita os tons mais sombrios de seu destino. Apesar da forte quimica de seu par de atores, Marsh tem algumas dificuldades ao abordar os conflitos na relação do casal, eles são sempre apresentados de forma discreta e resolvidos da forma mais branda possível - o que já foi criticado por não estar de acordo com a realidade vivida pelo casal, sobretudo no doloroso processo de separação (mesmo a relação com o amigo Johnatan vivido por Charlie Cox parece sempre amarrada demais para se aprofundar como deveria). O resultado é um filme agradável de assistir, com boas atuações e excelente trabalho de fotografia (que terminou esquecida do Oscar). A Academia rendeu cinco indicações ao longa: Filme, ator (Redmayne, que tornou-se o favorito da categoria), atriz (Felicity), roteiro adaptado e trilha sonora (que já levou o Globo de Ouro), mas acredito que o maior elogio que o filme recebeu foi o próprio Stephen Hawking afirmar que ao assistir ao filme, pensava que era ele mesmo que estava na tela - um comentário desses faz até esquecer as críticas sobre o tom açucarado do filme. 

A Teoria de Tudo (The Theory of Everything/Reino Unido - 2014) de James Marsh com Eddie Redmayne, Felicity Jones, Emily Watson, David Thewlis, Harry Lloyd e Charlie Cox. ☻☻☻

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