Cinco filmes assistidos durante o mês que merecem destaque:
quarta-feira, 30 de junho de 2021
Ciclo DiversidadeSXL: Getting It
terça-feira, 29 de junho de 2021
Ciclo DiversidadeSXL: Um Fascinante Mundo Novo
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Ciclo DiversidadeSXL: Bem-vindo à Chechênia
Desde os primeiros minutos o documentário Bem-Vindo à Chechênia de David France, Tyler H. Walk deixa claro como o seu título pode soar irônico, mas vai além, apresentando uma realidade que nós não fazemos a mínima ideia que existe naquele país que vez por outra aparece nos noticiários. No entanto, o desconforto se torna ainda maior quando vemos o que acontece quando preconceito e política se tornam uma mistura perigosa e um governante faz de suas convicções pessoais a matéria-prima de seu governo no lugar de prezar o bem-estar da população acima de credo, sexualidade ou qualquer outra característica pessoal. Aqui conhecemos várias pessoas reais que sofrem perseguições sistemáticas por serem homossexuais em um país em que ser gay é considerado um ato criminoso - e a explicação para isso está nas conclusões mal ajambradas de uma operação anti-drogas. Vemos pessoas comuns que só gostariam de viver suas vidas, mas que são discriminadas, perseguidas, e torturadas por não corresponderem ao padrão que o governo do país considera adequado. São inúmeras histórias de pessoas assustadas que perderam a esperança de viver ali e apelam para uma rede de apoio clandestina que pretende lhes dar amparo, abrigo, empatia e um plano de fuga do país. Existe aqui um retrato bastante incômodo e amargo de uma realidade vivenciada vinte e quatro horas por dia naquele lugar. Vemos aqui como a intolerância é covarde e gera medo e angústia às pessoas por simplesmente serem o que são. Sendo assim, resta-lhes apenas a esperança de sair daquele país, com uma nova identidade e ter uma nova vida distante do horror embalado por sumiços e mortes. Mesmo com tantos recortes de jornais e programas de TV beira o inacreditável a perseguição vivida pelos homossexuais naquele país em pleno século XXI. Bem-Vindo à Chechênia se constrói de forma angustiante para o espectador em sua colagem de histórias e funciona como um filme de terror sobre a vida real, um terror tão verossímil que o rosto das pessoas precisou ser alterado digitalmente (um trabalho realmente impressionante que quase foi indicado ao Oscar de Efeitos Especiais deste ano) para evitar retaliações às pessoas que aparecem aqui.
Bem-Vindo à Chechênia (Welcome to Chechnya / Estados Unidos - Reino Unido / 2020) de David France & Tyler H. Walk com Maxim Lapunov, Olga Baranova, David Isteev e Zelim Bakaev. ☻☻☻☻
domingo, 27 de junho de 2021
Ciclo DiversidadeSXL: O Acrobata
Um homem está interessado em comprar um apartamento, em uma de suas visitas conhece uma pessoa por lá e aquele lugar se torna o cenário de um tórrido relacionamento. Lido assim, pode até parecer que vou comentar sobre O Último Tango em Paris/1972 (outro filme que estou devendo uma resenha faz tempo), mas na verdade estou falando de um filme diferente: O Acrobata, longa canadense escrito e dirigido por Rodrigue Jean que gerou polêmica ao ser exibido em festivais por suas cenas bastante explícitas. Foi esta semelhança que me deixou bastante curioso com esta produção. Sim, o filme de Bertolucci também gerou gera frisson por suas cenas de sexo (e inúmeras especulações sobre a sexualidade dos personagens), mas por aqui as cenas são bem mais desinibidas... e no lugar de Marlon Brando e Maria Schneider estão dois homens, o canadense Sébastien Ricard e o estreante bielorusso Yuri Paulau. Ricard tem vários filmes no currículo (incluindo o excelente ganhador do Oscar "As Invasões Bárbaras"/2003 de Denis Arcand) e surpreendeu muita gente pela desenvoltura como encarna Christophe, um homem maduro, solitário e que de vez em quando visita a mãe doente (a veterana Lise Roy) no hospital. O filme não gasta muito tempo apresentando os detalhes da vida do personagem, concentra-se mais nos efeitos que o encontro com Micha (Yuri) despertará em sua vida. O diretor opta por criar uma narrativa cheia de sobreposições e contrastes, seja da construção interminável que abre o filme e serve de paisagem para o apartamento habitado pelos amantes, até a relação dos guindastes com as cordas que suspendem os corpos dos acrobatas - e ao que tudo indica, uma desta cordas traiu Micha que se acidentou e está impossibilitado de continuar em seu ofício. De uma terra distante, sem trabalho e sem um lugar para ficar diante do rigoroso inverno canadense, Micha acaba retornando ao tal apartamento em que conheceu Christophe e os dois estabelecem um relacionamento tórrido que se intensifica em meio aos jogos de poder de um sobre o outro, com direito a traços sadomasoquistas. Neste ponto a própria forma como os dois personagens encaram as emoções torna o filme ainda mais interessante, a forma como Micha aprendeu a suportar a dor e o desprezo que sente pela vida regrada de Christophe dá o tom de várias cenas, assim como o fato de Christophe sentir-se instigado por aquele rapaz desconhecido e do qual sabe quase nada. O maior contraste do filme é a frieza da narrativa e das ambientações com as cenas de sexo protagonizadas pelos dois atores (que definitivamente deve fazer do filme uma obra da qual os conservadores devem manter distância). Quem se aventurar, irá conhecer a história de dois homens em um mundo secreto no qual podem perder as rédeas e fugir do que existe da porta para fora. Vendo o filme ainda percebi outras semelhanças com o filme do Bertollucci: a mulher no leito de morte, a cena da dança no final com sentido completamente diferente e, ao longo de todo filme, a dinâmica dos papéis sexuais instaurada entre os dois personagens. O desejo pode ser mesmo bastante revelador.
O Acrobata (L'Acrobate / Canadá - 2019) de Rodrigue Jean com Sébastien Ricard, Yuri Paulau, Lise Roy, Victor Fomine, Chloé Germentier, Françoise Mercure e Amine Farhat. ☻☻☻☻
PL►Y: À Segunda Vista
PL►Y: Paternidade
Hart e Melody: boas atuações em roteiro que não ajuda. |
Matt Logelin (Kevin Hart) parece ter encontrado sua alma gêmea e vive feliz e contente com a gravidez da esposa Liz (Deborah Ayorinde). Nascida a pequena Maddy, a alegria se torna completa, pelo menos até que as complicações no parto leve Liz ao falecimento. Agora, ele precisa consolidar o peso do luto e a responsabilidade de cuidar sozinho de sua filha. Filmes sobre pais que precisam cuidar de seus bebês sozinhos não são novidades no cinema, o difícil é fugir da cartilha deste subgênero e extrair alguma novidade. Pouca gente lembra, mas o diretor Paul Weitz tem uma indicação ao Oscar por seu magnífico trabalho no roteiro de Um Grande Garoto (2002) ao lado do mano Chris Weitz e Peter Hedges (curiosamente este era outro filme de um adulto precisando lidar com uma criança em seu cotidiano), no entanto, se você lembrar deste detalhe a expectativa sobre o filme aumenta consideravelmente e você pode ficar um tanto frustrado com a total despretensão desta produção que está em cartaz na Netflix. Como diretor, Paul costuma fazer o trivial, o mais comum feijão com arroz que funciona para quem só quer passar algum tempo diante de um longa metragem que não exige muito da plateia (e vice-versa). Paternidade segue passo a passo o que se espera deste tipo de filme, os pequenos dramas cotidianos, a superproteção paterna, a dificuldade em lidar com os parentes que tentam se meter na educação da filha, a tentativa de engatar um novo relacionamento, a desistência diante do primeiro obstáculo em ter outro membro na família e por aí vai até o final previsível. Montado como uma colagem de momentos engraçadinhos e outros para "emocionar" o filme se constitui num feel good movie que não deve arrancar elogios de quem espera um pouco mais desta ideia requentada. A grande curiosidade do filme fica por conta de Kevin Hart em um papel que lhe exige um pouco mais de carga dramática do que o costume - e ele dá conta numa boa (embora o texto não deixe o drama se instalar por mais de dois minutos em momento algum). Kevin tem uma ótima interação com a fofíssima Melody Hurd que interpreta sua filha, a menina é realmente uma graça! Outra que merece destaque no elenco é a escolada Alfre Woodard, que interpreta a incansável sogra de Matt e doida para conseguir a guarda da neta. O trio faz milagre com o roteiro protocolar que tem em mãos.
sábado, 26 de junho de 2021
Pódio: Joan Allen
Bronze: a mulher amarga |
Prata: a mulher colorida |
Ouro: a esposa difamada |
FILMED+: Tempestade de Gelo
domingo, 20 de junho de 2021
PL►Y: A Luz No Fim do Mundo
PL►Y: Espontânea
sábado, 19 de junho de 2021
PL►Y: Ela Morre Amanhã
Kate: tediosa premonição. |
Quando vemos Amy (Kate Lynn Sheil) pela primeira vez temos a impressão que ela já não está bem há algum tempo. Solitária e melancólica, durante os primeiros minutos do filmes somos apresentados ao tom desolador de seus últimos dias, afinal, logo o letreiro e as declarações de Amy deixarão clara a forte sensação de que ela morrerá no dia seguinte. Ela não sabe dizer muito bem o motivo desta espécie de premonição, mas de alguma forma ela pressente de que a morte está cada vez mais perto. Ela comenta sua angústia com Jane (Jane Adams), que aos poucos passa a ter a mesma sensação e torna-se capaz de transmiti-la para quem se aproxima dela. Assim, como se fosse uma doença contagiosa, a diretora Amy Seimetz constrói seu filme e roteiro com um grupo de personagens que começam a temer a morte iminente. O medo do fim da vida é algo bastante recorrente no cinema, mas em nenhum filme ele foi construído de forma tão direta e simplista (principalmente por conta da cadência irregular impressa pela diretora), muito por conta das várias oportunidades em desenvolver as personagens que o filme abandona pelo caminho. Se a postura de Amy indica que ela tenha um histórico de depressão ou crises de ansiedade (o que se torna presente nos diálogos), estes aspectos nunca recebem muito destaque na construção da história. Embora o filme emoldure a angústia de Amy com uma edição fragmentada, costurando momentos diferentes da personagem com outras que parecem retiradas de um filme experimental e o uso curioso de luzes coloridas na fotografia, as cenas de Amya sempre emperram a narrativa. Muito mais interessante é Jane (muito também por conta da excelente Jane Adams, grande atriz que nunca recebeu o devido reconhecimento desde que foi revelada em Felicidade/1998 de Todd Solondz) que não entende muito bem o que está acontecendo e extrai todas as potencialidades cômicas que esta trama inusitada pode render (e que poderiam ter sido mais exploradas ao longo da sessão). Algo me diz que Jane poderia render um bom filme sozinha ao contaminar todos os convidados de uma festa tediosa e que demonstra que o elenco é esforçado, mas o roteiro não ajuda muito. Embora tenha uma ideia interessante, Ela Morre Amanhã não consegue desenvolvê-la em toda a sua potencialidade, deixando várias possibilidades pelo caminho e pagando o preço de levar-se a sério demais - o que não impediu que este apesar do seu baixo orçamento e atmosfera indie, o longa ganhasse notoriedade durante a pandemia por conseguir retratar a sensação de vulnerabilidade conjugada à paranoia de que a morte está próxima. No entanto, enquanto filme, ele poderia ter galgado muito mais do que realmente tenta alcançar.
NªTV: Sweet Tooth
segunda-feira, 14 de junho de 2021
PL►Y: Quo Vadis, Aida?
Desde que foi exibido na disputa ao Leão de Ouro no último Festival de Veneza, o longa Quo Vadis, Aida? se tornou um daqueles filmes tão comentados que se torna praticamente impossível não ter vontade de vê-lo. Some isso às indicações aos prêmios de filme estrangeiro que concorreu no Oscar e no BAFTA e a curiosidade só cresce ainda mais. No entanto, o bom mesmo, é que o filme da diretora Jasmila Zbanic (indicada ao BAFTA de melhor direção) é realmente impressionante. O filme conta as horas que precederam o aterrorizante massacre de Srebrenica, um dos momentos mais sangrentos da guerra civil iugoslava, marcada pelos conflitos entre países do Leste Europeu que perdurou de 1991 até 2001. Vale ressaltar que a narrativa do filme acontece durante os ataques da Sérvia à Bósnia e Herzegovia, cujas tropas promoviam um verdadeiro genocídio étnico após a Bósnia proclamar independência em 1992. A trama do filme é ambientada três anos depois, na cidade de Srebrenica que está prestes a ser invadida pelos Sérvios. É bom destacar este contexto histórico, já que o filme não se preocupa em contextualizar historicamente o que se vê na tela, para a emoção que a diretora pretende despertar em seus espectadores, basta saber que existe um grupo enorme de pessoas que deixam seus lares temendo por suas vidas e buscam abrigo na base da ONU. O que move todo o filme é a angústia do drama humano que transborda de uma tragédia anunciada. Conduzindo a narrativa está Aida (Jasmila Zbanic), a protagonista do filme, que teme por tudo o que pode acontecer perante o caos que se instaura no país, mas teme, principalmente, pela vida de sua família. Trabalhando como intérprete da ONU, ela transita entre os refugiados e as autoridades, sofrendo por ver os rumos dos acontecimentos sem poder fazer muita coisa perante o que acontece diante dos seus olhos. Aos poucos o local que deveria transmitir segurança se torna uma verdadeira bomba relógio, com acordos políticos surgindo aqui e ali, fermentando a permissividade de quem deveria protegê-los e que se tornam cúmplices de uma tragédia. A atriz Jasna Djuricic está perfeita como Aida, ela se comporta feito uma verdadeira leoa enjaulada, aos poucos sua angústia cresce perante a impotência que se revela implacável. O trabalho de Jasna é fundamental para que o filme alcance o nível que o trabalho da direção almeja: ser urgente, cru e numa linguagem quase documental (que é o formato dos primeiros trabalhos da diretora). Jasmila Zbanic filma como se estivesse dentro de uma panela de pressão e faz doer ao encaixar aqui e ali cenas de um passado próximo em que os inimigos eram vizinhos e amigos de longa data. Se terminasse naquela cena desoladora do pátio o filme seria perfeito, mas ele se estende um pouco mais e não era necessário. Ainda que seja um retrato de um período histórico recente de um país distante, o ódio disseminado pela política de "nós versus eles" mostra-se bastante próximo quando vemos até onde a sandice humana pode ir.
Quo Vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina | Áustria | Romênia | Noruega | Alemanha | Polônia | França | Noruega | Turquia - 2020) com Jasna Djuricic, Izudin Bajrovic, Boris Ler, Johan Heldenbergh e Raymond Thiry. ☻☻☻☻
domingo, 13 de junho de 2021
#FDSérie DIVERSIDADESXL: Feel Good
sábado, 12 de junho de 2021
#FDSérie: Special
sexta-feira, 11 de junho de 2021
#FDSérie DIVERSIDADESXL: Todxs Nós
Confesso que estou muito enrolado para dar conta de ver os filmes para fazer uma semana de Ciclo DiversidadeSXL deste ano, então tive a ideia de comentar três séries que buscam abordar a diversidade sexual de uma forma diferente. Fugindo dos lugares comuns e apresentando seus personagens para além de um rótulo, mas enquanto pessoas em descobertas, dilemas, conflitos que vão para além das questões de preferência sexual. Para começar este #FDS resolvi escrever sobre uma série lançada pela HBO no ano passado e aguarda a sua segunda leva de episódios. Todxs Nós me surpreendeu não apenas pela forma como aborda questões de sexualidade e de gênero como também encontra espaço para falar sobre amizade, crescimento, fidelidade, família, veganismo e muitas outras coisas! Sendo composta por oito episódios com menos de trinta minutos e embalados por uma trilha sonora bastante, digamos, peculiar, a série conta a história de dois amigos de longa data, Vini (Kelner Macêdo) e Maia (Juliana Gerais), que dividem um apartamento em São Paulo e seguem suas vidas sem maiores novidades. Vini ainda tenta a sorte como ator e está com problemas com o namorado (Felipe Frazão) que insiste em convencê-lo a ter um relacionamento aberto, enquanto Maia trabalha em um escritório publicitário e está cada vez mais interessada em um colega de trabalho (Rafael de Bona do bom 45 Dias Sem Você/2018) que já é comprometido. A rotina da dupla é alterada com a chegada da prima do Vini, ou melhor, de prime do Vini, Rafaela, agora Rafa (Clara Gallo) que acaba de se descobrir uma pessoa não-binária e está prestes a fazer várias mudanças em sua vida. As mudanças vão para além do corte de cabelo e o visual, mas inclui a exigência no uso de pronomes neutros quando se referem a Rafa, no entanto, o maior problema é a família que não entende muito bem o que está acontecendo. Até Vini, gay aparentemente descolado, enfrenta dificuldades em lidar com as mudanças referentes a prime e em determinados momentos demonstra seus preconceitos com aquela história. No entanto, o processo de crescimento de Rafa inclui ainda algumas verdades que precisam ser encaradas (como aprender a se bancar sem ajuda financeira do pai e perceber que ainda que você se considere entre iguais, existem espertalhões "binários" ou "não-binários" em toda parte). O clima despojado e bem-humorado ajuda a manter o equilíbrio quando algumas situações pesam na vida do trio, além disso o roteiro consegue manter o tom certo perante o desafio de lidar com temáticas delicadas em tempos de politicamente corretos (sim, mesmo que as intenções da série sejam as melhores possíveis, por vezes ela também demonstra o desafio em tocar nestes assuntos com humor sem ser ofensiva) assim temos cenas no melhor estilo "eu posso rir disso?" (que soam como provocações ou até armadilhas para quem se considera "desconstruído") conjugadas com outras que pecam quando investem num tom mais didático. Todxs Nós acerta mesmo é quando apresenta seus personagens de carne e osso com qualidades, defeitos, anseios, desejos (e a série tem uma cenas bem desinibidas) sem perder o tom de alfinetada (e sobra alfinetada até para a galera de teatro, dos coletivos, dos militantes, dos preconceituosos... e por aí vai). No entanto, o programa deixa claro que não cria uma bolha para si, sempre busca a realidade, especialmente em seu último episódio em que a intolerância explode em sua forma mais covarde. Eu não costumo ter sorte com séries brasileiras da HBO (eu adorava FDP/2012 e ela foi cancelada logo após sua primeira temporada), mas com a segunda temporada de Todxs Nós prestes a estrear neste ano, eu adoraria ouvir que a terceira também chegará no ano que vem. Enquanto a nova temporada não vem, a primeira está disponível na HBO GO.
Todxs Nós (Brasil/2020) de Vera Egito, Heitor Dhalia e Daniel Ribeiro com Clara Gallo, Kelner Macêdo, Juliana Gerais, Rafael de Bona, Felipe Frazão, Gilda Nomacce e Felipe Frazão. ☻☻☻☻
domingo, 6 de junho de 2021
KLÁSSIQO: Andrei Rublev
Andrei Rublev (União Soviética /1966) de Andrei Tarkovsky com Anatoliy Solonitsyn, Ivan Lapikov, Nikolay Grinko e Irina Tarkovskaya. ☻☻☻
sábado, 5 de junho de 2021
PL►Y: Saída à Francesa
Michelle e Lucas: pendengas familiares a resolver. |
Quando foi anunciada a versão cinematográfica do best-seller French Exit do americano Patrick DeWitt muita gente ficou animada. Quando Michelle Pfeiffer foi escalada para viver a protagonista as expectativas foram nas alturas e a colocaram na lista de favoritas para o Oscar 2021... mas bastou o filme ser exibido no Festival de Nova York para que as opiniões se dividissem. Confesso que ouvi tantas críticas ao filme (no entanto, sempre destacando o trabalho oscarizável de Pfeiffer) que quando o assisti o achei bem melhor do que eu esperava. Já lançado em plataformas digitais por aqui com nome de Saída à Francesa, o filme é uma espécie de comédia amalucada que peca por sua instabilidade quando o desfecho começa a ser necessário e o diretor insiste em continuar. O cineasta Azazel Jacobs quase cometeu o mesmo erro em The Lovers/2017, mas soube contornar o problema em seus 97 minutos de duração. Aqui o efeito é um tantinho mais problemático por se levar mais a sério do que deveria em quase duas horas de duração, no entanto, o trabalho de Michelle e Lucas Hedges consegue prender a atenção quando o ritmo começa a ser um problema em situações pouco interessantes que fazem o filme beirar duas horas. Aqui acompanhamos a viúva Frances Price (Michelle Pfeiffer que foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz pelo papel), uma beldade que se tornou uma espécie de celebridade na alta sociedade de Nova York décadas atrás, mas desde a morte do esposo (Tracy Letts), Frances está fora do eixo. Não sabe muito bem o que fazer com o tédio de seus dias na companhia do filho, Malcolm (Lucas Hedges) e o gato Frank. Eis que ela aceita a ideia de uma amiga para passar uma temporada em sua casa na França e desde a sua viagem ela começa a conhecer novas pessoas e revelar um pouco mais de suas esquisitices. A começar pelo gato (que tem uma particularidade que não vou dizer para não estragar a surpresa) e aquela mania de dar grandes quantias de dinheiro para estranhos que lhe despertam alguma simpatia - esta mania talvez seja por Frances ter problemas sérios em se relacionar com outras pessoas, foi assim com o esposo, com o filho e até com uma socialite que deseja ser sua amiga em território francês, mas enquanto ela precisa resolver suas questões (afinal a localização geográfica muda, mas os problemas são internos e não externos), Malcolm também tem seus próprios dilemas para lidar (seja o noivado que ficou pelo meio do caminho para acompanhar à mãe ou a rejeição paterna mal resolvida até hoje). Por deixar algumas possibilidades pelo caminho, Saída à Francesa soa como uma brincadeira com a bolha dos endinheirados americanos, seu estilo de vida e excentricidades (em alguns momentos o filme me lembrou muito A Estranha Família de Igby/2002). O filme se embola quando passa a retomar personagens sem muito propósito e poderia terminar naquela cena em que Frances caminha pelas ruas francesas (uma trilha sonora mais presente no início também faria milagres para criar empatia pela produção), no entanto, do jeito que está, pode ser visto como um filme interessante para passar o tempo, com o mérito de ter uma grande atriz que parece cada vez mais subestimada em Hollywood.
Saída à Francesa (French Exit/EUA-2020) de Azazel Jacobs com Michelle Pfeiffer, Lucas Hedges, Tracy Letts, Danielle MacDonald, Imogen Poots, Valeria Mahaffey e Susan Coyne. ☻☻☻
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Pódio: Michael Douglas
Bronze: o pianista icônico. |
Prata: o engravatado inescrupuloso |
NªTV: O Método Kominsky
Michael e Kathleen: parceiros de longa data. |
Foi com tristeza que me despedi hoje da última temporada de O Método Kominsky da Netflix. Confesso que quando foi lançado eu assisti ao primeiro episódio e não me empolgou a ideia de ver Michael Douglas como um professor de atores que lidava com o amigo rabugento vivido por Alan Arkin. No entanto, no meio da pandemia, retomei a série e foi um verdadeiro deleite. Não apenas por ver um programa que ousa brincar com o politicamente incorreto em tempos tão estranhos, como também pela forma cada vez mais lapidada com que conseguia abordar temas centrais complicados como envelhecimento e morte (que sempre pairaram sobre as outras temáticas que eram amizade e sucesso/fracasso - atrelado a não ter problemas financeiros). Pode se dizer que este foi o melhor papel de Michael Douglas desde que fez Minha vida com Liberace (2013) em que encarnava o próprio, ali, ao se aproximar dos temidos setenta anos, o ator percebeu que estava na hora de brincar com a imagem de sedutor que quase sempre lhe coube nas telas. Na pele de Sandy Kominsky é fácil perceber que é uma versão de Michael num universo paralelo, em que foi celebrado por seu trabalho no teatro, mas nunca decolou na carreira diante da câmeras. Se o sucesso não veio para Sandy, a mulherada foi um aspecto marcante de sua vida, especialmente o casamento com a doutora Roz (Kathleen Turner), com quem teve uma filha, Mindy (Sarah Baker) que está prestes a se casar com um homem mais velho (Paul Reiser). O interessante é que em suas três temporadas (as duas primeiras com oito episódios e a última com seis), o programa sobre expandir seus universo, inserindo novos personagens que recebiam o devido destaque não deixando toda a responsabilidade sobre os ombros da dupla protagonista. Mais interessante ainda é como o programa lida de forma bem humorada com aspectos relacionados à idade avançada, o corpo que não funciona como antes, as doenças que começam a aparecer, a busca por novos romances quando o viagra começa a ser mais usado do que você gostaria, a busca pelo reconhecimento e o arrependimento do que poderia ter feito diferente, mas tudo desviando da pieguice de forma surpreendente. Fora isso, a série ainda contou com participações mais do que especiais de atores veteranos (Morgan Freeman, Allison Janney, Jan Seymour, Nancy Travis...) e outros que andavam esquecidos (como Haley Joel Osment provando de vez seu talento cômico bem distante do menininho de O Sexto Sentido/1999). No entanto, o melhor de tudo desta última temporada foi colocar Kathleen Turner em destaque! A atriz que atuou ao lado de Douglas em sucessos como Tudo por uma Esmeralda (1984), A Joia do Nilo (1985) e A Guerra dos Roses (1989) pode não ser mais a beldade de Corpos Ardentes (1981), mas comprova que merecia ser mais lembrada pelos produtores que não a escalam para papéis no cinema. Sua química com Michael Douglas está intacta e ajuda a deixar a tristeza um pouco de lado com a ausência de Norman (Alan Arkin) na temporada. Claro que no desfecho Kominsky merecia ter o seu momento e a série o constrói de forma redondinha quando vista em perspectiva com as temporadas anteriores. Com o cinema olhando cada vez menos para os seus veteranos, Michael Douglas (que sempre foi um produtor esperto) já tem outras produções em vista para a telinha, será Ronald Regan na minissérie Regan & Gorbatchev e também aparecerá em E se..., a aguardada série da Marvel em que viverá novamente o cientista Hank Pym na brincadeira com os caminhos do universo cinematográfico da editora. Aos 78 anos, a aposentadoria de Michael Douglas parece cada vez mais distante.
O Método Kominsky (The Kominsky Method / EUA / 2018-2021) de Chuck Lorre com Michael Doulgas, Alan Arkin, Sarah Baker, Paul Raiser, Kathleen Turner, Nancy Travis, Jane Seymour, Nancy Travis, Elisa Edelstein e Haley Joel Osment. ☻☻☻☻