Kim e Joaquim: estreia na direção de Guillermo Arriaga.
Não é todo dia que podemos ver num único filme três gerações de louras hollywoodianas se dedicando com tanto empenho aos seus papéis. Quando ouvi falar pela primeira vez em Vidas que Se Cruzam, chamou minha atenção poder ver Kim Basinger e Charlize Theron num mesmo filme. Você deve estar pensando "mas e a terceira?", o posto fica a cargo de Jennifer Lawrence, em seu primeiro papel importante no cinema. Por conta de Vidas que Se Cruzam, a celebrada atriz recebeu (aos 17 anos) o prêmio destinado aos talentos revelados no Festival de Veneza. Para além do time feminino que compõe o filme, o longa também chamou a atenção por ser a estreia na direção do roteirista Guillermo Arriaga - famoso por sua parceria com Alejandro González Iñárritu em Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e (pela briga pela autoria de) Babel (2006). Depois que a amizade entre os dois foi para o vinagre por conta desse último, Arriaga quis mostrar que tinha talento suficiente não apenas para escrever, mas para dirigir uma história. O resultado dividiu opiniões, não apenas pela semelhança de estilo entre Arriaga e Alejandro, como também pela estrutura da trama e a sensação de que todos os seus filmes contam (com algumas alterações) a mesma história. Quando nos deparamos com a narrativa fragmentada com diversos tempos e personagens, temos mais ou menos a ideia do que está por vir. Essa sensação de que a história é previsível (ao ponto da maior graça ser juntar as peças - e se você conhece o trabalho do moço irá fazer isso antes da primeira hora de sessão) pode prejudicar o programa. Quando o filme começa sabemos que um casal de amantes morreu queimado enquanto fazia amor dentro de um trailer, não demora muito para que a plateia conheça o tal casal. Gina (Kim Basinger, ótima no momento mais tocante de sua carreira) vive a esposa de um caminhoneiro (Brett Cullen), ela passa a maior parte do tempo sozinha cuidando da casa e dos filhos. Como se não bastasse a solidão, Gina traz dolorosas marcas do passado em seu corpo. A forma como lida com essa marca parece ser um dos motivos para que ela se apaixone por Nick Martinez (o português Joaquim de Almeida). Aos poucos conhecemos as famílias de ambos e outros personagens que possuem alguma ligação com o tal desastre. Em meio ao drama das famílias, conhecemos Sylvia (Charlize Theron), bela mulher que trabalha num restaurante refinado e que tenta juntar os cacos ao lados dos vários homens que demonstram interesse por ela. Quando o passado encontra Sylvia, ela terá que tomar algumas decisões importantes e enfrentar uma tragédia pessoal. Acho que falei até demais sobre a história (e nisso o título genérico brasileiro ajuda a manter o suspense que o nome original revela sem pudores). É verdade que Arriaga (como sempre) capricha no drama de seus personagens, desenvolvendo suas dores e os momentos que guiarão a protagonista para a redenção pessoal. É uma história repleta de boas atuações e com uma montagem mais do que eficiente. No entanto, tem o sabor de mais do mesmo na carreira do roteirista que estreou na direção, no entanto o trabalho de Arriaga tem seu méritos num mundo onde os personagens valem cada vez menos diante de efeitos especiais e piadas chulas na tela do cinema.
Vidas que se Cruzam (The Burning Plan/EUA-Argentina) de Guillermo Arriaga com Charlize Theron, Kim Basinger, Joaquim de Almeida, Brett Cullen, Jennifer Lawrence, Rachel Ticotin, José María Yazpik, John Corbett e Robin Tunney. ☻☻☻
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