Cruz e Hirsch: faltou sintonia.
Tem filmes que tentam abraçar o mundo em suas histórias e acabam perdendo a chance de envolver o espectador. O italiano Bem-vindo ao Mundo (2012) de Sergio Castellito é um desses. Mesmo com a história dos personagens se misturando com a História de Sarajevo, o diretor tenta dar conta de vários elementos e termina com um resultado confuso em suas nobres aspirações. Estrelado por Penélope Cruz e Emile Hirsch, os dois vivem um casal de estrangeiros que se conhece e se apaixona em meio aos conflitos da Bósnia entre as décadas de 1980 e 1990. No filme conhecemos primeiro Gemma (Cruz) madura, casada, numa vida confortável na Itália ao lado do filho e do esposo. Não demora muito para que conheçamos o seu passado, onde se envolve com o fotógrafo Diego (Hirsch) e, apesar de todo o amor e companheirismo que sentiam um pelo outro, a dificuldade e de Gemma gerar um filho começa a criar problemas para o casal. Gemma sofre bastante com sua possível esterilidade, mas Diego é sempre compreensivo e a apóia em todos os planos da namorada para resolver a frustração. Os conflitos em Sarajevo servem como pano de fundo para a história do casal e ainda para o relacionamento delicado de Gemma com o filho (Pietro Castellito, filho do diretor) no tempo presente, já que ele é convidado a visitar Sarajevo com a mãe e conhecer o trabalho de seu pai que encontra-se em exposição. Fica evidente que todo o passado sofrido de sua terra natal não interessa ao rapaz, existe sempre um desconforto, um mal estar por parte dele como se uma verdade lamentável estivesse para emergir a qualquer instante. Até esse ponto o filme funciona bem, o problema é quando a verdade sobre o filho de Gemma se aproxima e o roteiro se enrola em surpresas que cansam o expectador até o final que pretende ser surpreendente. Porém, o espectador já está cansado perante a guinada que sofre o relacionamento de Diego e Gemma, o que compromete todo o cuidado com que o filme apresentou seus personagens na primeira metade. Penélope Cruz se esforça, mas o filme deixa sua personagem parecendo mais uma mulher desequilibrada do que mãe zelosa, ainda assim, a atriz espanhola devora seu parceiro de cena em vários momentos. É um tanto frustrante perceber que depois de tanto tempo Emile Hirsch (na época com 28 anos) continua sendo o mesmo ator promissor de sempre, um talento que custa a amadurecer. Talvez por isso, Diego sempre pareça um adolescente, sempre mais novo e sempre agitado demais para conter as necessidades emocionais e afetivas de Gemma. Essa pode ser até a intenção do roteiro, mas incomoda bastante uma certa falta de sintonia entre os dois personagens. Emile parece jovem demais para o papel. Porém, o maior problema do filme é a falta de sutileza como é mostrada a concepção do filho de Gemma, uma história triste, mas que aparece desvalorizada pelos elementos melodramáticos que Catellito utiliza em cena. Talvez no livro de Margareth Mazantini (esposa do diretor) as coisas fossem mais emocionantes, mas, da forma como foi filmado, o ápice da narrativa perde parte de sua força dramática pela mão pesada do diretor. Vale ressaltar que a viagem ao passado da protagonista é de uma qualidade técnica com cara de Oscar. A edição, a fotografia e a trilha sonora são impecáveis, faltou mesmo um pouco de bom senso para contar a parte em que o filme se torna mais complexo e, por isso mesmo, perigoso para um diretor cheio de boas intenções e pretensões.
Bem-vindo ao Mundo (Venuto al mondo/Itália-2012) de Sergio Castellito coim Penélope Cruz, Emile Hirsch, Pietro Castellito, Sergio Castellito e Mira Furlan. ☻☻
Não acho que ele quis abraçar o mundo mas sim quis mostrar uma relação de amor e doação quebrada pela violência, promovidas por humanos sem escrúpulos, de toda guerra que quer separar pessoas, no caso cristãos de muçulmanos que já interagiam entre si. Achei singela a representação de doação além dos nossos parâmetros tolhidos pelo egocentrismo.
ResponderExcluirNão sou critico mas discordo da afirmativa de o espectador ficar cansado à partir do meio do filme. Ele é envolvente e nos toca profundamente.
ResponderExcluirAmei o filme e pude, a partir dele, sentir e refletir sobre as tantas falhas humanas como o egocentrismo, as paixões exacerbadas, o poder e a covardia e a dificuldade em lidar com esta realidade. Nada foi pesado e muito menos monótono. Foi sim, uma feliz experiência.
ResponderExcluirConcordo com vocês, o filme é muito envolvente, forte, a muito um filme não me segurava assim, gostei demais!
ResponderExcluirÉ sempre bom ter opiniões diferentes e respeitosas por aqui! Voltem mais vezes, serão sempre bem vindos!!!
ResponderExcluirTambém discordo do Sr. Wellington Galvão porque adorei o filme, que prendeu minha atenção mesmo após ter que interromper para atender telefonemas. Gostei da trilha musical e amei a fotografia.A propósito, alguém sabe o nome da música?
ResponderExcluirNão precisa me chamar de Senhor... rs. Você pode procurar a música que procura aqui
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/playlist?list=PLF8oHJws6qBcswBYgDYmeXT5VNB8vKxPz
Espero que encontre. Abs.