quinta-feira, 9 de junho de 2016

CICLO DIVERSIDADE SXL: Eu Te amo Renato

Adriana, Beto e André: ménage (quase) constante. 

Renato Russo com suas letras à frente do Legião Urbana tornou-se o porta-voz de uma geração e o fato de ser homossexual assumido desde os 18 anos nunca foi problema para que fizesse história como um dos maiores ícones do rock brasileiro. Em 2012 o diretor Fabiano Cafure também fez história, só que no cinema nacional ao lançar o primeiro filme brasileiro feito diretamente para a internet. Some esse fato ao título (dedicado ao vocalista da Legião Urbana, Renato Russo) e você entenderá dois dos principais motivos do longa ter chamado atenção. Em sua primeira experiência como diretor Cafure ainda responde como diretor de fotografia, diretor de arte, roteirista e até aparece como ator (em uma pequena participação) e percebe-se durante todo o filme como o fato de ser uma produção independente (não atrelada a grandes estúdios, patrocínios e distribuidores) o ajudou a construir um filme bem diferente do que o cinema nacional está acostumado a fazer. Embora tenha seus tropeços, Eu Te Amo Renato (que você pode assistir agora mesmo, é só procurar na internet), merece destaque pela ousadia de contar a história de um triângulo amoroso formado pelo casal de namorados Adriana (Ingrid Conte) e Beto (Felippe Vaz) junto ao amigo André (Vinicius Moulin Allemand) na cidade de Valença na década de 1990. Adriana e Beto convidam André e sua pretendente, Camila, para um final de semana numa casa de campo. Camila acaba desistindo e André quase faz o mesmo, mas por insistência do casal acaba aceitando acompanhá-los. Acho essa primeira parte a mais interessante, onde se percebe através de toques e olhares, que existe uma atração entre os personagens. Fabiano Cafure consegue apresentar os personagens com bastante sinceridade até que começa um relacionamento a três no segundo ato do filme.  A câmera deixa claro que com o tempo, Adriana perderá espaço no trio e que as mágoas serão inevitáveis. Embora Cafure invista longos minutos no tórrido relacionamento dos personagens, o problema está no que está em volta do trio (tanto que opta por quase sempre isolá-los), já que o filme apresenta de forma tímida como a população conservadora reage ao trio de amantes - cabendo ao marrento irmão de André o posto de preconceituoso do filme. Levando em conta que a pequena Valença, cidade no sul do estado do Rio de Janeiro, tem pouco mais de 70 mil habitantes nos dias atuais, um relacionamento como o apresentado no filme causaria um rebuliço bem maior que o apresentado aqui - e o alto números de beijos não ajuda a narrativa (deve ser o filme com maior concentração de beijos da história do cinema nacional). Parece que um beijo vale mais que qualquer palavra... não é bem assim. Ainda existem alguns momentos que soam forçados, como Adriana divagando sobre a vida  ou os momentos em que uma canção é inserida nos diálogos quase que abruptamente (como se fossem realmente necessárias). É verdade que a trilha sonora tem papel importante, pena que não foi possível utilizar as músicas da Legião na versão original, sendo apresentadas somente versões (para não inchar o orçamento de 35 mil reais). Apesar dos tropeços, Eu Te Amo Renato conta com dois jovens atores esforçados, Felippe e Vinicius conseguem defender seus papéis com bastante desenvoltura, inclusive nas cenas em que demonstram maior intimidade diante da câmera. É por conta deles que o final se torna ainda mais emblemático com a notícia da morte de Renato Russo (que poderia até gerar risos da forma como é mostrada ao sobrepor duas perdas significativas para os personagens). Sem Renato, o futuro deixou de ser como era antigamente. 

Eu Te Amo Renato (Brasil, 2012) de Fabiano Cafure com Vinicius Moullin Allemand, Felippe Vaz, Ingrid Conte, David Manzano e Flavia Arruda. ☻☻

Você também poderá gostar destes filmes citados aqui no blog:
🌈 "Os 3" de Nando Olival
🌈 "Drama" de Matias Lira
🌈 "Tatuagem" de Hilton Lacerda

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