sexta-feira, 6 de julho de 2018

Na Tela: Os Incríveis 2

Helen e Bob: trocando papéis. 

Quando terminou a primeira aventura de Os Incríveis (2004) o espectador já pensava que os personagens poderiam render outros filmes de sucesso. As possibilidades eram infinitas e não havia Universo Marvel nas telas (e a DC Comics só lançaria a cultuada trilogia do Cavaleiro das Trevas no ano seguinte). Os filmes de Super Heróis já apresentavam desgaste, tendo apenas os X-Men para garantir sucesso de público e crítica. Assim, a animação de Brad Bird ganhou até os Oscars de melhor animação e melhor edição de som, além de ter conquistado indicações ao Oscar de Roteiro Original e mixagem de som, ou seja, ao longo da história, poucas vezes uma animação conseguiu ser tão bem sucedida. Além da qualidade técnica, o trunfo também estava no roteiro, que mesclava com perfeição os dilemas de uma família com o universo dos super-heróis. Ao longo do tempo boatos sobre uma continuação eram constantes e, eu imaginava, que a sequência mostraria aquela adorada família com novos dilemas, com os filhos mais crescidos, os efeitos do tempo afetando seus poderes e, talvez, a presença de novos heróis (e vilões). Quando foi divulgado que a continuação começaria exatamente do ponto em que o primeiro terminou eu fiquei desconfiado, afinal, aqueles personagens, naquele período da vida, já foram trabalhados muito bem. Os deuses do cinema quiseram que quatorze anos separassem os dois filme e, diante a expectativa enorme... o novo filme se parece demais com o primeiro. Para começar, não existe uma guinada na vida dos heróis após a primeira aventura, eles continuam clandestinos, só que desta vez, quem recebe um convite de trabalho é a Mulher-Elástica, que deixa o esposo Incrível cuidando das crianças numa casa hi-tech. Daí em diante, tirando as alfinetadas feministas, o filme segue bastante semelhante ao anterior, apenas invertendo os papéis do Sr. e da Srª Pêra (e não estou falando somente de cuidar da casa). Restaria então avançar no desenvolvimento dos filhos, mas Flecha continua o mesmo, Violeta recebe um destaque maior na história e Zezé continua o bebê com poderes variados que cria confusão... como dá para perceber, o problema está no desenvolvimento da história. A presença dos novos heróis é discreta e a chegada do vilão Hipnotizador é empolgante - mas sua resolução não empolga e até as surpresas são, digamos, bem previsíveis (principalmente se você lembra como foi no primeiro longa). A sorte é que o roteiro preguiçoso não estraga a simpatia dos personagens ou as cenas de ação elaboradas (com destaque para o jogo de luzes na luta de Mulher-Elástica com o Hipnotizador, que resulta empolgante inovadora), no entanto, quando o filme termina, não existe o encantamento deixado pelo primeiro filme - mesmo assim, eu não quero esperar mais quatorze anos para ver outra aventura Incrível. Ainda penso que envelhecer os personagens ainda é uma boa saída para trazer novos elementos para a dinâmica dos personagens. Os Incríveis 2 apenas aponta uma nova versão para os fatos do primeiro filme e, por isso mesmo, perde em originalidade. 

Os Incríveis 2 (The Incredibles 2 / EUA - 2018) de Brad Bird com vozes de Holly Hunter, Craig T. Nelson, Samuel L. Jackson, Sarah Vowell, Huck Milner, Bob Odenkirk, Catherine Keener, Sophia Bush, Brad Bird e Isabella Rossellini. ☻☻☻

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