Chris e Jon: acabando com o sossego de uma pacata cidade.
Faz tempo que dramas criminais são comuns no cinema americano e, de vez em quando, se tem a impressão de que os irmãos Joel e Ethan Coen serviram de inspiração para muitos jovens diretores, que como eles, tinham pouco dinheiro para filmar e muita habilidade para contar uma história. Doce Virgínia me lembrou muito o estilo dos irmãos, especialmente quando eles deixam o humor de fora e se concentram na sucessão de acontecimentos violentos que um ato egoísta pode gerar. O diretor Jamie M. Dagg não é americano, mas mora ali perto (é canadense) e chamou atenção quando lançou seu primeiro filme, River (2015) e colheu mais alguns elogios pela eficiência com que dirige seu segundo filme. Logo de início, três homens estão conversando num bar e não fazem ideia do que um freguês desconhecido fará após um desentendimento trivial que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. A partir dali, três assassinatos mudam a rotina da vizinhança. Aos poucos o motivo daquelas mortes aparecem, assim como a presença do assassino começa a colocar em risco a vida de outras pessoas. No meio destes acontecimentos, o ex-peão de rodeio Sam Rossi (Jon Berthal, ótimo como sempre) cumpre seu papel de amante de uma das viúvas da cidade (a sempre eficiente Rosemary DeWitt) e começa a colocar a vida sob nova perspectiva. Sam também se aproxima de um dos hóspedes do hotel que gerencia há algum tempo (e que concede nome ao filme), trata-se de Elwood (Christopher Abbott), uma rapaz de poucas palavras e um tanto... estranho. Doce Virgínia de doce não tem nada, pelo contrário, a aparência tranquila da cidade parece apenas camuflar o que alguns de seus cidadãos, aparentemente inofensivos, são capazes de fazer quando seus interesses estão em jogo. Dagg sabe utilizar as locações bucólicas da cidade, as ruas desertas e a escuridão noturna silenciosa para criar suspense e, neste ponto, o filme é um primor em sua economia. Em poucos momentos o filme utiliza trilha sonora, o que só aumenta a tristeza dos fatos e personagens que se embaralham na trama bem construída. Quem também merece destaque no elenco é Imogene Poots, que alcança aqui o seu melhor trabalho como uma personagem que é a versão feminina de tantos azarados vistos no universo dos Coen. Doce Virgínia é um filme que merece atenção, sobretudo daqueles que procuram filmes que não aliviam a tensão com piadinhas pelo meio do caminho.
Doce Virgínia (Sweet Virginia / Canada - EUA / 2011) de Jamie M. Dagg com Jon Bernthal, Christopher Abbott, Rosemay DeWitt, Imogene Poots, Odessa Young e Jonathan Tucker. ☻☻☻☻
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