Deladonchamps: em busca do pai desconhecido.
O francês Mathieu (Pierre Deladonchamps) trabalha com vendas de produtos agrários, tem um bom relacionamento com a ex-esposa e é atencioso com o filho pequeno. Sua vida segue sem grandes surpresas, até o dia em que recebe a ligação de um desconhecido canadense comunicando que seu pai morreu - e ele precisa pegar sua parte da herança. No primeiro instante o rapaz fica sem reação, mas depois lembra que sua mãe lhe contou, quando era um guri de quatorze anos, que aquele homem que sempre estava por perto não era seu pai biológico, era seu padrasto. Ao que parece Mathieu nunca conversou muito sobre o assunto. No entanto, o que deixa Mathieu mais instigado de viajar para o Canadá é o fato de ter dois irmãos por lá. Ele vai para o Canadá com um desejo incontrolável de conhecê-los, sendo amparado pelo amigo do falecido, Pierre (Gabriel Arcand), o que entrou em contato com ele e o fez cruzar o Oceano Atlântico pela sua herança (um quadro que vale muito dinheiro) Hospedado na casa junto à família de Pierre, a presença do bastardo desperta a curiosidade dos anfitriões, mas ninguém acha uma boa ideia ele comparecer no funeral se apresentando como alguém que esteve em segredo por mais de trinta anos. Nesta aventura pessoal, Mathieu precisa lidar com outro detalhe: o corpo do pai, que suspeitam ter sido vítima de um acidente de barco, não foi encontrado. Nesta busca pelo corpo, ele percebe a chance de se aproximar dos dois irmãos, que aos poucos demonstram ter outros interesses e alguns conflitos acabam surgindo. O Filho de Jean é um drama familiar bem simples, mas que envolve o espectador justamente pela capacidade de seu diretor contar a história sem firulas, rasteiras ou grandes truques. Trata-se de uma obra com um bom trabalho de atores que valorizam um roteiro redondinho, onde cada detalhe faz diferença, especialmente quando o desfecho se anuncia. O diretor Phillipe Lioret consegue realizar uma pequena pérola do cinema francês, tão despretensiosa quanto bem cuidada, capaz de deixar a plateia com um nó na garganta ao final da sessão. Conta muito para este resultado as atuações de Pierre Deladonchamps, que demonstra novamente ser capaz de expressar sentimentos conflitantes sem precisar de muitas palavras, e o veterano Gabriel Arcand que confere ao amigável Pierre camadas bastante interessantes. Os dois foram indicados ao Prêmio César, respectivamente nas categorias de melhor ator e melhor ator coadjuvante (o que foi bastante merecido).
O Filho de Jean (Le Fils de Jean / França - Canadá / 2016) de Phillipe Lioret com Pierre Deladonchamps, Gabriel Arcand, Pierre-Yves Cardinal, Patrick Hivon, Catherine de Léan, Marie-Thérèse Fortin e Martin Laroche. ☻☻☻☻
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