Toni e Rossy em destaque: interessante comédia de costumes.
O milionário americano Bob Fredericks (Harvey Keitel) casou com a professora de golf, Anne (Toni Collette), e em uma temporada em Paris - para acertar a venda de um cobiçado quadro - os dois resolvem organizar um jantar para doze pessoas influentes na comunidade local. Para organizar este momento, o casal conta com a fiel empregada Maria (Rossy de Palma), mas a visita inesperada do do enteado de Anne, o escritor Steven (Tom Hughes), pode colocar tudo a perder. Não que o rapaz seja problemático ou grosseirão, mas porque agora sentarão treze pessoas na mesa e, segundo os princípios da anfitriã isto é um mal sinal. Como medo do jantar ser um fracasso, Anne convence Maria a fingir ser uma convidada. Tudo poderia sair como o esperado se Steven não contasse uma mentirinha para um dos convidados, David Morgan (Michael Smiley) - por acaso o responsável pelas negociações em torno do quadro. Desde o primeiro momento existe algum interesse de David por Maria e o sentimento só cresce no decorrer do filme, deixando Anne inconformada. Madame é uma comédia de costumes que utiliza de leve os conflitos de classe, afinal, qual seria o motivo para Anne ficar tão incomodada com a vida amorosa da empregada? Apesar do bom-humor a diretora Amanda Sthers demonstra uma visão bastante ácida sobre as relações humanas, já que a amizade, o casamento e a fidelidade são problemas para os personagens - e o desfecho pode deixar a plateia sedenta por um final alternativo. O grande destaque do longa é o elenco, que veio de toda parte do mundo. A australiana Toni Collette já é um rosto conhecido, mas aqui constrói um tipo bem diferente do que conhecemos, está altiva, arrogante e não perde uma oportunidade de humilhar e atrapalhar a vida de Maria, mas o personagem enfraquece por ser unidimensional demais. O americano Harvey Keitel também não tem muito o que fazer em cena, mas sua presença já contribui para que Bob funcione (o mesmo não se pode dizer do inglês Tom Hughes, que vive um personagem autocentrado em demasia e sua presença se torna indiferente na história). O melhor ficou para a espanhola Rossy de Palma que está ótima como Maria e torna impossível não torcer por ela. Famosa por seus trabalhos com Almodóvar, tenho a impressão que a idade fez muito bem a dona de um dos rostos mais marcantes do cinema europeu. Antes ela era convidada para encarnar personagens caricaturais, agora, a atriz dá conta de personagens mais palpáveis como a amarga Marian (em Julieta/2016) ou a senhora com transtorno obsessivo compulsivo de Toc Toc (2017). Rossy está arrasadora em Madame e desenvolve uma química interessantíssima com seu parceiro de cena, o irlandês Michael Smiley, que oferece um charme irresistível ao personagem. Rossy e Michael são atores com tipos que fogem do padrão e convencem ainda mais como um casal que precisa muito da torcida da plateia para que funcione. Com bons atores, direção de arte e figurinos bem cuidados, faltou apenas para a cineasta francesa perceber que o desfecho poderia funcionar bem no papel, mas com o trabalho de seus atores, ele destoa de todo o resto do filme. O filme foi lançado diretamente on demand no Brasil.
Madame (França/2017) de Amanda Sthers com Toni Collette, Rossy de Palma, Harvey Keitel, Michael Smiley, Tom Hughes e Stanislas Merhar. ☻☻☻
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