Duplass: o retorno de um serial-killer.
Acostumado a encarnar papéis serenos e cômicos, Mark Duplass surpreendeu muita gente ao interpretar o psicopata de Creep (2014) e anos depois você não faz ideia do que o ator faz nesta continuação - que surpreendentemente atingiu aprovação de 100% no Rotten Tomatoes (eu nem costumo olhar este site, mas eu ouvi falar da cotação do filme e fui verificar... É VERDADE!!!). Se no primeiro filme o insano Aaron (Duplass) contrata um cinegrafista (vivido pelo diretor Patrick Brice) para registrar sua rotina (sem que ele faça ideia que ele é sua presa), neste aqui, ele faz o mesmo... só que com uma pequena mudança (que faz toda a diferença). Esta continuação mantém o estilo de usar câmera na mão em busca de mais "realismo" (com cenas trêmulas e sem foco), mas o roteiro aqui está mais lapidado e bem mais interessante que o visto no primeiro - principalmente porque desta vez, quem responde ao anúncio de Aaron é uma mulher. Parece um detalhe minúsculo para uma continuação, mas o filme capricha na atmosfera de tensão sexual que se instaura entre os dois personagens e, mais ainda, cria momentos bem humorados realmente divertidos (a melhor delas é aquela do rio minguado com pássaros atrapalhando as filmagens do lunático). Desta vez quem aparece para filmar do doido é a youtuber Sarah (Desiree Akhavan) que criou uma página dedicada a descobrir quem se esconde por trás dos anúncios dos classificados. Desta vez ela irá parar na casa de Aaron, que já se apresenta como um serial killer responsável por 39 mortes e que irá proporcionar a ela uma entrevista inédita sem colocar a vida dela em risco. Sara não acredita nas palavras do anfitrião, que aos poucos revela sua personalidade e história. No jogo de sedução entre os dois personagens (temperado com um pouco da atração que o perigo pode provocar em algumas pessoas). Desiree está convincente como a cinegrafista que percebe ter a chance de sua vida em um projeto arriscado, mas é Mark que está ainda mais a vontade na pele do assassino - potencializado com um sex appeal insuspeito até então (e aquela cena da massagem na banheira funciona mais do que a nudez frontal do personagem). O tom cômico de algumas (onde um nunca pode confiar muito no outro) também funciona bem e só erra o tom no final que se estende mais do que deveria. Com custo modesto e despretensão, Creep 2 passou em branco nos cinemas brasileiros e pode ser visto na Netflix em toda sua aura de terror indie.
Creep 2 (EUA-2017) de Patrick Brice com Mark Duplass, Desiree Akhavan e Karan Soni. ☻☻☻
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