A família: filhos cobaia.
Nos anos 1970, um casal de cientistas que está prestes a ter o primeiro filho resolve fazer uma pesquisa comportamental. Os dois procuram um financiador e conseguem investimento para um estudo que tem como base estimular três crianças de origens diferentes para áreas distintas e, com isso, provar se a herança genética é menos influente do que os estímulos que receberão. Além do filho biológico (que será estimulado para se tornar um artista), eles adotam mais dois bebês. A menina vem de uma família que não prima pela inteligência e há também um outro menino que tem origem em uma família muito agressiva. A menina será criada para se tornar um gênio e o menino será criado para ser um líder pacifista. Quando o casal é questionado sobre os problemas éticos em torno da experiência eles são bastante objetivos: "não faremos nada diferente do que qualquer família faz". Realmente, direcionar os interesses dos filhos é algo bastante comum entre as famílias... mas para evitar interferências no experimento social que planejam, a dupla se afasta da cidade e vai morar num bosque, contando apenas com a ajuda de um ex-atleta russo treinado em estimulação precoce de bebês e fazer relatórios isentos do olhar "parental" do casal de cientistas. Lançado por aqui com o nome (um tanto malajambrado) de Predestinados, vale saber que a crítica americana foi bastante dura com o filme e, depois que o assisti, eu me perguntava: será que eles entenderam o objetivo da história? Este é o segundo longa de ficção de Emanuel Hoss-Desmarais e ele merece elogios por deixar o público atento, mas também desconfortável diante do que vê na tela. Mesmo em se tratando de uma comédia de humor incomum, existe aqui material para vários debates depois da sessão, mas se você não quiser debater nada e apenas ver um filme diferente, Predestinados é uma ótima pedida. Toni Collette e Matthew Goode estão ótimos como o casal de cientistas que farão de tudo para comprovar suas teorias - mesmo que para isso estejam à beira de um surto. Como qualquer casal que tem filhos, basta os filhos começarem a demonstrar interesses diferentes dos propostos para que eles entrem em parafuso. É verdade que aqui tudo é elevado ao exagero, mas o resultado é bastante instigante, especialmente quando precisam abordar questões sexuais junto aos filhos. Torna ainda mais interessante a forma como o casal começa a confundir os papéis de cientistas e pais durante a pesquisa, o que só aumenta a tensão na casa. As crianças vividas por Jordan Poole (o artista), Megan O'Kelly (a gênio) e Hudson Leblanc (o pacifista) estão bem em cena, mas a atenção que recebem no roteiro está longe de ser equilibrada. O filme desliza de vez em quando ao evocar uma linguagem próxima dos filmes de Wes Anderson, o que lhe tira um pouco da personalidade, mas funciona bem ao brincar com uma família disfuncional formada por cientistas. Apesar do final destoar do resto da sessão, Predestinados tem um roteiro interessante, personagens curiosos e faz uma deliciosa reflexão sobre o papel dos pais no desenvolvimento dos filhos. Se encontrar com o filme por aí, vale a pena assistir.
Predestinados (Birthmark/EUA-2018) de Emanuel Hoss-Desmarais com Toni Collette, Matthew Goode, Fionnula Flanagan, Michael Smiley, Andreas Apergis, Suzanne Clément, Jordan Poole, Megan O'Kelly e Hudson Leblanc. ☻☻☻☻
Onde acho esse filme dublado? por favor me ajudem!
ResponderExcluirOlá Thiago, eu assisti na Netflix no final do ano passado. Acredito que ainda esteja por lá!
ResponderExcluirVOCÊ ASSISTIU DUBLADO NA NETFLIX WELLINGTON?
ResponderExcluirNão lembro rs
ResponderExcluirOi. Na netflix só legendado. Acabei de assistir e recomendo.
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