Margot e Max: reviravoltas demais.
Não resta dúvidas de que a australiana Margot Robbie é uma das jovens estrelas mais interessantes de Hollywood. Revelada pelas lentes de Martin Scorsese no sucesso O Lobo de Wall Street (2013) e recentemente indicada ao Oscar de melhor atriz por Eu, Tonya (2017), Margot está cada vez mais interessada em produzir seus filmes. Foi ideia dela levar para as telas a versão da patinadora Tonya Harding para todas as polêmicas em que se meteu. O projeto teve bom humor e ousadia na medida certa, o mesmo não se pode dizer desta outra produção da atriz, A Vingança Perfeita. O filme estreou nos Estados Unidos e recebeu críticas mornas. O público também não se interessou muito pelo filme e, com estas credenciais, o filme nem chegou a passar nas telas brasileiras. O filme é um suspense de humor obscuro sobre um grupo de marginais, algo que já foi visto um milhão de vezes, mas que poderia alcançar um resultado melhor se o roteiro não fosse uma grande confusão. A história acontece numa cidade não identificada, onde todos participam de uma armadilha. Logo vemos uma dupla de bandidos presos num quarto aguardando um serviço - e não demora muito para perceber que o experiente Vince (Dexter Fletcher) e o novato Alfred (Max Irons, o filho do Jeremy) não se entendem muito bem. A espera de ambos é permeada por cenas do encontro de uma garçonete (Margot Robbie) com um homem que acredita estar perto da morte (Simon Pegg) e, para costurar a relação entre os personagens, existe um supervisor do terminal metroviário que funciona como um garoto de recados (vivido por Mark Myers, sempre exagerado e caricato, mas que até convence dado ao personagem). O roteiro é verborrágico e nem sempre acerta em suas tiradas "espertas" que pretendem ser descoladas como nos primeiros filmes de Tarantino e Guy Ritchie. Só isso já bastaria para deixar o andamento da história um tanto emperrado, mas a edição picotada e as atuações cheias de pose não ajudam muito a dar credibilidade para a produção, mas o pior é a mania de criar reviravoltas sucessivas que começam a cansar lá pela metade do filme. Nada contra "revelações surpreendentes", mas, como qualquer artifício narrativo, funciona uma ou duas vezes, mas quando a cada cinco minutos um novo fato muda os rumos de tudo, sempre fica a sensação de que nada faz muito sentido (mesmo quando o filme utiliza a montagem para tentar explicar que tudo se encaixa com perfeição... não é tão simples). O visual do filme abusa da iluminação neon e de trilha sonora esperta, poderia ser até um exercício neo-noir interessante se sua última parte não ganhasse uma forte pegada trash. Margot Robbie parece repetir os trejeitos de sua Arlequina em Esquadrão Suicida (e cheguei a pensar que o texto foi repaginado de um plano de aventura solo da vilã da DC Comics no cinema), sorte que a presença magnética da atriz segura nossa atenção, especialmente quando faz um dueto cômico sombrio com Simon Pegg. A Vingança Perfeita termina pagando o preço de se achar um filme esperto demais, quando na verdade é mais irregular e confuso do que qualquer outra coisa. Margot tem ótimos projetos que farão seus fãs esquecerem logo desta mancada - em breve ela será a prima Elizabeth I em Mary Queen of Scots/2018, um dos filmes mais esperados da temporada de ouro que vem por aí.
A Vingança Perfeita (Terminal/EUA-2018) de Vaughn Stein com Margot Robbie, Simon Pegg, Max Irons, Dexter Fletcher, Mike Myers, Nick Moran e Matthew Lewis. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário