domingo, 15 de julho de 2018

PL►Y: A Síndrome de Berlim

Teresa e Max: dormindo com o inimigo. 

Parece que a Marvel finalmente deu sinal verde para o filme solo da Viúva Negra. A notícia era aguardada faz tempo e esta semana teve o nome da diretora divulgado, a escolhida foi a australiana Cate Shortland - a favorita de Scarlett Johansson para assumir o filme de sua famosa personagem. Conhecida por seus trabalhos de cores fortes, o último trabalho da diretora foi o angustiante Síndrome de Berlim que está disponível em serviços de streaming aqui no Brasil. Se você quiser conhecer melhor o trabalho da cineasta, o filme é uma boa pedida para sentir a atmosfera de tensão que ela é capaz de produzir em cena. O filme conta a história de uma jovem australiana chamada Jesse (Teresa Palmer, que é a versão australiana - e boa atriz - de Kirsten Stewart) que chega à Berlim guiada pelo seu gosto por história e fotografia. Em suas andanças ela conhece Andi (Max Riemelt, famoso por aqui pela série Sense 8), um professor de inglês que também é treinador do time da escola nas horas vagas. Com seu jeito gentil, educado e um tanto reservado, Andi  conquista a confiança da visitante que se envolve com ele. Ela nem desconfia do apartamento do rapaz que é um tanto isolado, mesmo estando dentro da cidade. Também não estranha o fato da janela não abrir ou da tranca da porta ser mais reforçada do que qualquer outra que ela tenha visto na vida. Depois de uma noite tórrida, a moça acorda e percebe que está trancada naquele lugar. Ela acha que ele esqueceu de deixar a chave para ela e... a coisa só piora. Embora você possa achar que Jesse seja ingênua demais para confiar assim em um desconhecido, Andi passa gradativamente do sujeito sedutor a um  cara doentio de histórico realmente assustador. Não demora muito para que o tratamento dado para moça seja cada vez mais abusivo e o roteiro queima uma a uma as chances da moça se safar com vida da situação. Palmer e Riemelt tem boas atuações, que de vez em quando assustam mais pela química entre os dois do que pela violência explícita que a diretora utiliza em alguns momentos. É neste entrosamento que  que o título se revela um trocadilho com a famosa Síndrome de Estocolmo (aquele em que a vítima passa a ter empatia pelo seu algoz, só que aqui esta atração acontece antes),  principalmente se levarmos em conta que realmente existe uma síndrome de Berlim (e que não tem nenhuma relação com a história do filme). Cate Shortland é esperta para saber criar um clima claustrofóbico durante a sessão - e que se torna cada vez mais opressor ao longo da história, porém, esta habilidade não evita que em alguns momentos a história se torne cansativa por sempre anunciar uma chance de fuga que decepciona, mas fica muito mais interessante quando explora a estranha relação entre os personagens. Por vezes eu pensei estar vendo uma versão moderna de O Colecionador (clássico de 1965 baseado do livro de John Fowles - que falando nisso, recebeu uma bela reedição recentemente), mas que perde em sutileza quando se rende à fórmula de tantos outros do gênero.  

A Síndrome de Berlim (Berlin Syndrome / Australia - 2017) de Cate Shortland com Teresa Palmer, Max Riemelt, Matthias Habbish e Emma Bading. ☻☻☻

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