Keanu Reeves: a diferença é o cachorro.
Quem acompanha o blog sabe que não sou grande fã de filmes de ação. A combinação de sangue, tiros e explosões costuma me dar uma soneira que você nem imagina. Nem eu sei explicar, ela simplesmente acontece! Por conta disso, resisti bravamente por muito tempo a ver o primeiro filme protagonizado por John Wick, que foi lançado por aqui com o nome de De Volta ao Jogo. Eu sei, Wick (vivido por Keanu Reeves) já teve até uma sequência - e um terceiro filme está ganhando forma - mas toneladas de recomendações não me convenciam de que eu iria gostar de assistir mais um filme de matador profissional que volta a matar por algum motivo qualquer. Bem, o motivo de Wick não é um motivo qualquer e, para esta modesta pessoa que lhes escreve (com atraso sobre o filme lançado há quatro anos), faz toda a diferença. Wick volta à ativa não porque lhe prometeram alguns milhões para matar alguém, mas porque enquanto amarga o luto da esposa falecida, um filho mimado de criminoso cruza o seu caminho. O cretino não apenas rouba-lhe o carro (que Wick parece nem ligar muito), como também destrói um dos poucos elos que restaram com a esposa (este sim, parte o coração!). Daí em diante, Wick quer vingança, mas ela aqui surge diferente, de forma quase intimista e fica impossível não torcer por ele. O diretor Chad Stahelski, com ajuda não creditada de David Leitch, cria um filme cheio de violência e com um trato visual incomum para o gênero. Além disso, tem alguns elementos que conferem bastante charme para a história (um hotel que revela-se um reduto de criminosos, velhos conhecidos que sempre cruzam o caminho do protagonista...). Em meio a tantos criminosos, o papel de vilão fica por conta de Michael Nyqvist, que vive um gangster que já utilizou os serviços de Wick e, sabendo que o filho fez uma grande bobagem, tenta evitar que a morte do herdeiro aconteça. O mais interessante do filme é que as cenas de ação são absurdas e existe um humor inesperado que lhe cai muito bem, mas o que dá liga mesmo à história é o desempenho de Keanu Reeves. O ator é realmente um caso curioso em Hollywood, nem sempre ele acerta em suas escolhas, mas de vez em quando consegue um grande sucesso em longa de ação arriscados. Foi assim com Velocidade Máxima (1994), Matrix (1999) e agora, John Wick que já tem um fã-clube em expansão. Quem desconfiaria disso quando Keanu começou em filmes indies assinados por nomes feito Gus Van Sant? Reeves, pode não ser muito expressivo, mas seu talento cai muito bem a este tipo de papel e, mais ainda, seu grande diferencial é a elegância nos movimentos que deixa qualquer brutamonte roxo de inveja. Ninguém atira, salta sobre um carro ou distribui facadas em seu oponente feito ele. Eu sei, é algo absurdo, mas é a pura verdade! Quando o filme foi lançado, o ator tinha completado 50 anos e ele continua conduzindo a carreira do mesmo jeito, escolhe os projetos que lhe atrai e some por algum tempo se nada interessante aparecer. Coleciona fracassos, sucessos e a vida segue com aquele ar zen incomum no cinema americano (mesmo quando extermina metade do elenco).
De Volta ao Jogo (John Wick/EUA-2014) de Chad Stahelski com Keanu Reeves, Willem Dafoe, Michael Nyqvist, Alfie Allen, Adrianne Palicki, John Leguizamo, Ian McShane e Lance Reddick. ☻☻☻☻
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