Cinco filmes assistidos durante o mês que merecem destaque:
sábado, 31 de julho de 2021
PL►Y: A Maldição dos Esquecidos
PL►Y: Noite de Reis
sexta-feira, 30 de julho de 2021
PL►Y: A Arte de Ser Adulto
PL►Y: Verão de 85
quinta-feira, 29 de julho de 2021
PL►Y: A Guerra do Amanhã
terça-feira, 27 de julho de 2021
4EVER: Orlando Drummond
PL►Y: Frequencies
segunda-feira, 26 de julho de 2021
Pódio: Florence Pugh
Bronze: a irmã caçula. |
Prata: a musa pagã. |
Ouro: a esposa frustrada. |
Na Tela: Viúva Negra
domingo, 25 de julho de 2021
PL►Y: Pinóquio
PL►Y: Inside
PL►Y: Amizade Adolescente
Pode se dizer que Zeke (Pete Davidson) está no final da adolescência. Ele já terminou o Ensino Médio e resolveu não fazer faculdade. Ele também não liga muito para trabalho, já que assim que arranja algum não faz esforço algum para mantê-lo, afinal de contas, o trabalho toma demais o seu tempo - que poderia ser aproveitado conversando com os amigos, bebendo ou usando drogas. Embora já tenha passado dos vinte anos, ele namora uma garota aparentemente mais jovem, a Holly (Sydney Sweeney), e tem entre seu grupo de amigos um garoto de 16 anos, Monroe (Griffin Gluck), irmão mais novo de uma namorada que permanece fascinado por aquele figura irresponsável. Monroe e Zeke não poderiam ser mais diferentes, enquanto o primeiro tem toda uma postura de bom moço, o segundo não se preocupa com muita coisa. No entanto, a influência de Zeke irá colocar Monroe em situações complicadas, especialmente quando descobre que o rapazinho de aparência inocente e insuspeita é capaz de ser seu distribuidor de drogas em festas adolescentes. Este é um resumo do que acontece em Amizade Adolescente, filme de estreia de Jason Orley como diretor e roteirista que começa bastante despretensioso e cresce aos poucos se tornando uma experiência surpreendente. Afinal, durante toda a sessão eu fiquei especulando sobre o que fazia Monroe ser tão próximo de Zeke e não parava de pensar em quando ele era mais novinho e tinha um rapaz mais velho em casa para conversar e lhe contar algumas bobagens. Imaginei a admiração que Zeke despertou naquele menino que demora para perceber que ele cresceu, mas Zeke nem tanto - e isso se torna um problema a partir de determinado ponto da história e desperta muita preocupação do pai (Jon Cryer da série Two and a Half Man em um ótimo trabalho sério) que há tempos parece perceber que o ex-namorado da filha não é boa companhia nem para si mesmo. Enquanto Monroe ganha fama de traficante descolado entre os colegas da escola, suas primeiras experiências amorosas e sexuais começam a evidenciar como ele e seu mentor são diferentes - já que as dicas que ele oferece são realmente desastrosas. Conforme a trama avança o filme demonstra que seu maior mérito é saber equilibrar drama e comédia, tendo vários momentos engraçadinhos calcados nos personagens que se recusam a crescer e outros dramáticos quando Monroe percebe que está na hora de descobrir sua verdadeira identidade no meio da confusão de referências enfrentada na adolescência. Vale destacar que um aspecto fundamental para o filme funcionar é a química entre Gluck (rosto conhecido nas séries Locke & Key e Vândalo Americano, ambas da Netflix) e Davison (humorista de stand up que também fez parte do elenco do antológico Saturday Night Live) que sabem dosar exatamente o carisma de cada personagem. Amizade Adolescente (o título no Brasil também é desastroso para o original Big time Adolescence) começa como um filme bobinho para passar ao tempo e aos poucos é lapidado para se revelar uma verdadeira pérola dos filmes adolescentes que merece ser descoberta por oferecer bem mais do que aparenta.
Amizade Adolescente (Big time Adolescence/EUA-2019) de Jason Orley com Griffin Gluck, Pete Davison, Jon Cryer, Sydney Sweeney, Emily Arlook, Julia Murney, Oona Lawrence e Thomas Barbusca. ☻☻☻☻
sábado, 24 de julho de 2021
Na Tela: Um Lugar Silencioso 2
sábado, 17 de julho de 2021
PREMIADOS FESTIVAL DE CANNES 2021
Parece que depois de toda a confusão com o Festival de Cannes do ano passado às voltas com o Corona Vírus (e que levou ao adiamento e cancelamento do Festival), o júri (liderado por Spike Lee) resolveu demonstrar que cinema também se faz com um bocado de ousadia. Afinal, entre todos os exibidos na mostra competitiva deste ano, nenhum deles foi capaz de provocar a aversão da plateia como Titane, o segundo longa de Julia Ducournau (que estreou com Raw, aquele canibalista mesmo que você deve ter visto na Netflix). O longa que prima pela capacidade de chocar a plateia com sua fantasia agressiva entre sua protagonista e automóveis levou a Palma de Ouro mais surpreendente dos últimos anos. Os longas que eram apontados como favoritos acabaram levando outros prêmios como espécie de consolação. Quem gosta de especular já pode começar a pensar quem deve manter o fôlego até o Oscar do ano que vem, mas dificilmente Titane cairá no gosto da Academia de Hollywood (e sinceramente, não é este o seu objetivo). Pelo menos, a jovem Julia entra para a história como a segunda vez em que o prêmio máximo do Festival vai para as mãos de uma mulher em 74 anos de Festival (a primeira foi com Jane Campion por O Piano/1993). A seguir todos os premiados desta edição:
segunda-feira, 5 de julho de 2021
CICLO DIVERSIDADESXL: Quem vai Ficar com Mário?
domingo, 4 de julho de 2021
#FDS Ciclo DiversidadeSXL: A Irmandade
Discursos de ódio, intolerância e preconceito são temas recorrentes nos dias de hoje, especialmente pela velocidade com que se alastraram com o advento da internet e das redes sociais. Além de gerarem violência (física, psicológica e social), eles alimentam grupos que ao longo da história já foi demonstrado claramente como podem ser perigosos. É por lidar com estes temas delicados que o dinamarquês A Irmandade recebeu elogios e levantou discussões quando foi lançado em festivais europeus. O filme conta a história de um jovem oficial do exército que é afastado das forças armadas quando descobrem que ele se insinuou para homens do pelotão que comandava. O filme não entra no mérito se trata-se de um boato ou realidade, mas a criação do comentário em si, já é considerado suficiente para que Hans (Thure Lindhart) não seja respeitado nas forças armadas. Paralela à história de Hans, conhecemos Jimmy (David Dencik), membro de um grupo neonazista que de vez em quando aparece nos noticiários por seus ataques a judeus, refugiados e homossexuais. Hans está um tanto desolado quando o grupo a que Jimmy pertence cruza o seu caminho, ele logo percebe que o discurso daquele grupo não tem muita lógica, mas é construído na medida certa para atrair jovens que se sentem inferiorizados e excluídos da sociedade. Por ser um tantinho mais esperto, Hans não é atraído para aquele grupo com facilidade - sua mãe trabalha na política local (e seu pai fala absolutamente nada na história), tem uma vida confortável e os pais insistem para que ele volte para o exército (como se ele tivesse saído por vontade própria, mas, por vergonha, ele também não conta o motivo de seu afastamento). Eis que uma discussão familiar acontece e o rapaz se muda para a casa de Jimmy. Esta ideia de ser aceito por um grupo parece fundamental para ele neste momento complicado que atravessa e, por conta disso, torna-se capaz até de abandonar suas convicções que antes pareciam tão sólidas. Hans e Jimmy são muito diferentes, mas desde o início percebemos a fagulha de algo mais entre os dois. Nos abraços agressivos, na proximidade de seus corpos, nos diálogos provocativos... sabemos que é uma questão de tempo para que algo mais aconteça entre dois - e o fato de Hans logo se destacar no grupo também colabora para complicar as coisas, especialmente pelo ciúme que começa a despertar em algumas pessoas do grupo (especialmente Patrick que... bem, melhor você tirar suas conclusões). A Irmandade é um filme de material explosivo, mas que opta pela contenção de sua narrativa. O resultado funciona envolto em melancolia e todo mundo sabe o que irá acontecer quando aquele grupo extremista descobrir que entre os seus existe um casal de amantes. O mais interessante do filme é como ele faz com que aquele relacionamento incomode por mostrar aqueles dois homens feitos de carne e osso como qualquer outro do grupo - e isso os torna tão perigosos e, os outros, muito mais vulneráveis perante os sentimentos que podem nascer entre duas pessoas. Embora explore um microcosmo, o diretor Nicolo Donato não faz feio quando precisa universalizar as emoções que a história envolve, afinal, discurso de ódio, intolerância e preconceito não são privilégios de grupos extremistas, afinal, muitas famílias e grupos sociais diversas rezam pela mesma cartilha e consideram muito natural praticar situações de violência contra homossexuais. Exibido com elogios na Mostra Internacional de São Paulo e indicado a vários prêmios em sua terra natal, o filme não seria o mesmo sem o belo trabalho dos atores de Dencik e Lindhart, que vivem os conflitos dos protagonistas de forma bastante convincente e vigorosa.
A Irmandade (Broderskab/Dinamarca-2010) de Nicolo Donato com David Dencik, Thure Lindhart, Nicolas Bro, Morten Holst, Lars Simonsen, Jon Lange, Claus Flygare e Hanne Hedelund. ☻☻☻☻
sábado, 3 de julho de 2021
#FDS Ciclo DiversidadeSXL: Ammonite
A inglesa Mary Anning existiu de verdade, no entanto, sabe-se pouquíssimo sobre sua vida, especialmente acerca de sua intimidade. Atuante na primeira metade do século XIX, subestimada em vida, o tempo a fez ser reconhecida como uma das paleontólogas mais importantes do seu tempo, no entanto, a vida de Mary foi marcada pela pobreza e por seu temperamento. Diante de uma vida pessoal que é um grande segredo, o diretor Francis Lee resolveu utilizar esta personalidade verídica para construir uma história de amor fictícia entre duas mulheres. Interpretada por Kate Winslet, Mary Anning revela seus sentimentos aos poucos durante as duas horas de filme, até que lá pelo final, percebemos que ela construiu para si uma casca protetora que evita frustrações, mas que também evita a possibilidade de romances. Por aqui o amor aparece personificado por Charlotte Murchinson (Saoirse Ronan), jovem casada e com diagnóstico de saúde frágil que irá viver na casa de Mary por algum tempo - mas na verdade o esposo dela (James McArdle) quer mesmo é se livrar da moça e curtir a vida bem longe do litoral em que a deixa aos cuidados da paleontóloga. Se no início Mary é séria e arredia, aos poucos, a proximidade entre as duas revela novas camadas na vida da protagonista, gerando até possibilidades de felicidade em seu futuro. Francis Lee tem um interesse genuíno por personagens do mesmo sexo que se envolvem em relacionamentos improváveis, mas se em seu filme anterior (O Reino de Deus/2017) ele marcou sua estreia em longa-metragem com um filme modesto, mas de grande potência - o que chamou a atenção da crítica que o colocou em algumas listas de melhores filmes daquele ano. No entanto, em Ammonite o diretor sofre alguns tropeços. Começando pela atmosfera gélida em que ambienta o seu romance, deixando suas preciosas protagonistas com a sensação de tocarem uma nota só - e embora Kate e Saoirse tenham algumas cenas de sexo bem despudoradas, elas parecem filmadas debaixo de um jato de água fria de tão equivocadas que as cenas são construídas. Talvez isso tenha contribuído para que o filme recebesse críticas severas que o compararam com o aclamado Retrato de uma Mulher em Chamas (2019), alegando que não existe aqui o mesmo viço. Particularmente acho os dois filmes bastante diferentes e distantes, mas o fato de ser um filme de época, com uma protagonista amargurada que se apaixona por outra mulher, deve ter feito a sirene tocar em algumas cabeças. O preço disso foi ser completamente ignorado na temporada de prêmios (para tristeza de Kate Winslet e da distribuidora Neon que investiu pesado na campanha do filme), além de sofrer com a revolta dos parentes de Mary Anning que alegaram não haver evidência alguma da homossexualidade da personagem real retratada aqui. Se a ideia era fazer uma homenagem fictícia para uma personalidade subestimada da paleontologia, Ammonite parece um tiro que saiu pela culatra, resta ao menos o capricho da produção.
Ammonite (Reino Unido / Austrália / EUA - 2020) de Francis Lee com Kate Winslet, Saoirse Ronan, Gemma Jones, James McArdle, Sam Parks, Fiona Shaw, Sarah White e Liam Thomas. ☻☻☻
sexta-feira, 2 de julho de 2021
#FDS Ciclo DiversidadeSXL: Supernova
Na última temporada de premiações houve uma campanha para que Stanley Tucci recebesse uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante por seu trabalho em Supernova. A ideia gerou certa controvérsia, uma vez que tanto ele quando Colin Firth são protagonistas deste drama bastante discreto dirigido por Harry MacQueen. Eles interpretam o casal formado pelo pianista Sam (Firth) e o escritor Tusker (Tucci), que viajam pela Inglaterra para visitar familiares. A câmera parece escondida enquanto os dois seguem por estradas e rodovias emolduradas por belas paisagens e tem conversas triviais sobre suas vidas. Após vinte anos vivendo juntos, os dois parecem estar naquela fase do relacionamento em que existe uma sintonia perfeita entre eles e o fato dos atores serem amigos de longa data ajuda mais ainda a tornar convincente a intimidade existente entre os personagens. No entanto, nas entrelinhas dos diálogos travados entre os dois, percebemos que existe um problema sério de saúde pairando sobre Tusker e a partir de determinado momento existe um corte brusco no tom que o filme possuía até então. A coisa se torna ainda mais dramática quando Sam descobre o que seu companheiro pretende fazer diante do inevitável que se aproxima. As discussões são inevitáveis e se instaura no espectador uma espécie de dilema perante a situação que se encontram aqueles personagens. Este é o segundo filme de MacQueen (o anterior foi Hinterland/2014) e aqui ele demonstra mais uma vez prezar por histórias intimistas e interesse por cenas em que existem poucos personagens em cena - e não por acaso, são nas cenas em que Firth e Tucci estão juntos que o filme prende mais a atenção do espectador (todo o resto acaba parecendo uma digressão da história que quer ser contada), no entanto, o cineasta ainda tem dificuldade em criar um ritmo envolvente na narrativa, tendo a sorte de ter escalado dois ótimos atores para o seu projeto. Vendo os dois atores na tela, eu só pensava no movimento que cobra dos estúdios oportunidades para atores homossexuais viverem personagens homossexuais. Os héteros Tucci e Firth já viveram homossexuais antes e o fazem com tanto respeito e sensibilidade que fica difícil protestar sobre a escalação de ambos. Ainda que tenha ficado de fora das premiações, Supernova comprova, mais uma vez, que os dois ainda merecem nossa atenção quando estão em um projeto.
Supernova (Reino Unido - 2020) de Harry MacQueen com Colin Firth, Stanley Tucci, Pippa Haywood, Nina Marlin e Ian Drysdale. ☻☻☻
quinta-feira, 1 de julho de 2021
Ciclo DiversidadeSXL: Seu Nome Gravado em Mim
Taiwan se tornou o primeiro lugar da Ásia a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e, não por acaso, o drama Seu Nome Gravado em Mim se tornou um sucesso absoluto no país, se tornando o segundo filme mais assistido por lá em 2020. Por aqui, o filme foi lançado pela Netflix e embora não tenha alcançado o sucesso de seu país de origem, tornou-se uma produção de destaque no catálogo da empresa. Seria um exagero dizer que o filme conta a história de amor entre dois rapazes, já que embora tenha grandes demonstrações de afeto aqui e ali, a partir de um determinado momento a coisa começa a desandar de um jeito que fica até cansativo de acompanhar. A história é ambientada em 1987, período em que o país foi liberado de suas leis marciais e começou a caminhar em direção à uma maior liberdade maior de expressão. No entanto, o filme situa este momento como um recorte temporal de transição, em que algumas questões ainda precisavam ser revistas e a repressão continuava muito presente, tanto que durante a história percebemos que não apenas o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo não era bem visto como também, a própria escola frequentada pelos alunos começava a receber estudantes do sexo feminino e as regras tentavam a todo custo manter meninos e meninas separados com medo das consequências, digamos, sexuais que a convivência poderia gerar. A direção da escola é bastante conservadora e parece não fazer a mínima ideia que a tensão sexual existe entre pessoas do mesmo sexo também (ou então acreditavam que as sanções que rolavam entre os próprios alunos seriam tão graves que seria evitada a todo custo relações homossexuais por ali). Este ponto confere ao filme uma certa ironia muito bem-vinda às toneladas de carga melodramática que lá pela metade começa a pesar sobre os personagens. O introspectivo A-Han (Edward Chen) e o expansivo Birdy (Jing-Hua Tseng) são dois colegas de escola que começam a se aproximar cada vez mais, no entanto, o receio do que pode acontecer caso assumam um relacionamento começa a pesar, aumentando a tensão e a agressividade entre os dois. Embora Birdy pareça confortável com sua sexualidade, sua postura começa a deixar A-Han cada vez mais confuso sobre os desdobramentos do que sentem um pelo outro. Quem tenta ajudar um pouco no ambiente sufocante em que os dois vivem é um padre canadense (Fabio Grangeon), que é responsável pela banda mista da escola (um dos raros locais em que meninos e meninas podem interagir no espaço escolar). Há muitos gritos, brigas e choros no filme, o que faz com que as sutilezas impressas pelo diretor Kuang-Hui Liu construam os melhores momentos do filme (vale lembrar que o filme foi baseado nas próprias vivências do cineasta). As atuações de Edward e Jing são grandes responsáveis por prender a atenção à história, afinal, mesmo com toda a discrição do filme, ambos conseguem demonstrar a intensidade dos sentimentos que seus personagens sentem um pelo outro. Destinado a ser um clássico do cinema asiático, Seu Nome Gravado em Mim tem qualidades e defeitos, mas funciona bem, sobretudo pelo desfecho, que consegue olhar para o passado e seus conflitos com um olhar terno e bastante maduro.
Seu Nome Gravado em Mim (The Name Engraved in Your Heart / Taiwan - 2020) de Kuang-Hui Liu com Edward Chen, Jing-Hua Tseng, Jean François Blanchard, Leon Dai, Lenny Li, Fabio Grangeon, Akira Chen e David Hao-Chi Chiu. ☻☻☻☻