sábado, 22 de março de 2025

PL►Y: Um Lugar Silencioso - Dia Um

Quinn, Lupita e Frodo: um filme com coração.
 
Acho que já ficou claro que nada será comparável com o primeiro Um Lugar Silencioso (2018), o surpreendente filme dirigido e estrelado por John Krasinski e sua esposa, Emily Blunt (que estava estupenda em cena). Tive a honra de assistir ao filme no cinema e a sensação daquela necessidade de silêncio em uma sala escura era indescritível. Era interessante como o filme subvertia uma regra do cinemão de Hollywood: que o público odeia o silêncio nos filmes. Krasinski nos fez lembrar como o silêncio é necessário, sobretudo para ampliar a tensão de uma narrativa. O filme foi um sucesso, gerou uma sequência que contava os rumos da família após os acontecimentos do primeiro longa, mas também um pouco de como foram aquelas minutos iniciais com a chegada das criaturas sanguinárias de ouvidos ultrassensíveis. No entanto, enveredar por uma outra sequência poderia desgastar a fórmula antes do que deveria. Eis que tiveram a ideia de contar uma prequel, mas com outros personagens daquele universo. Diante da proposta de ampliar a franquia, considero que foi um grande acerto escalar Michael Sarnoski para escrever o roteiro e dirigir o novo filme. O rapaz foi responsável por uma das gratas surpresas de 2021, Pig (filme que provou sozinho que Nicolas Cage ainda era um baita ator). O cineasta já demonstrava ali que sabia lidar com cenas dramáticas sem errar a mão nos momentos de ação e aqui, não faz diferente. Aqui ele não exagera na correria e sabe exatamente onde colocar o coração do filme: nos personagens. Portanto, torna-se fundamental fazer escolhas certas e ele faz ao colocar Lupita Nyong'o como protagonista. Ela vive Sam, uma mulher que tem câncer em estado terminal. Desiludida e um tanto amarga, ela não tem esperanças de que sua situação melhore. Enquanto um grupo do qual faz parte vai para um teatro de marionetes em Nova York, Sam tenta convencer o enfermeiro responsável (Alex Wolff) a deixa-la comer uma pedaço de pizza em uma pizzaria específica da cidade. Antes que ela consiga convencê-lo, a cidade será atacada por aqueles monstrengos que já vimos nos filmes anteriores. Sempre acompanhada de seu gato, Frodo (um dos pets mais expressivos que apareceram nas telas recentemente), ela irá tentar manter-se viva, enquanto o mundo se torna um monte de ruínas ao seu redor. Ela poderia passar o filme somente com o seu gato, mas Eric (Joseph Quinn) cruza seu caminho implorando por ajuda. Ele veio para Nova York estudar direito, a família vive na Inglaterra e sem ter com quem contar, a sisuda Sam torna-se sua melhor opção. Os dois irão desenvolver uma amizade que garante ótimos momentos no filme. Sempre que vejo Lupita na tela, ela me proporciona um encantamento que me faz perguntar, como uma atriz deste quilate não aparece em mais produções? Ela carrega toda a tristeza da personagem no olhar desde a primeira cena e prossegue na construção de um arco narrativo comovente até o desfecho catártico. Quinn também está ótimo ao demonstrar, sem pudores, toda a vulnerabilidade do seu personagem e espero que continue aparecendo na telona com bons trabalhos. Também não posso esquecer do gatinho, que mantém a tradição de Sarnoski em abordar os laços entre seus personagens com animais de estimação e o que eles representam. Muita gente não se empolgou com o filme porque queriam explicações sobre os monstros (ai gente, precisa? Que diferença faz?), mas fiquei satisfeito com o que o longa tem a oferecer ao contar uma boa história de amizade e sobrevivência em meio ao caos. Isso é mais do que muito filme badalado teve a oferecer em 2024. 

Um Lugar Silencioso - Dia Um (A Quiet Place - Day One / EUA - 2024) de Michael Sarnoski com Lupita Nyong'o, Joseph Quinn, Alex Wolff, Djimon Housson e Alfie Todd. ☻☻

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