Langella e Neeson: embarcando na confusão de ser desconhecido.
O espanhol Jaume Collet Serra tem sido uma escolha comum em Hollywood para dirigir suspenses espinhosos. Foi assim com o remake de A Casa de Cera (2005), seguido pelo sucesso polêmico de A Órfã (2009) e agora com este Desconhecido. O que os filmes tem em comum? Além de uma dose competente de suspense, os dois últimos ainda contam com finais estapafúrdios que nas mãos erradas pode fazer parte da platéia pedir o dinheiro de volta. Mas nas mãos de Serra a coisa é mostrada com tanta seriedade que somos convencidos a embarcar nos absurdos – e ele ainda é esperto sabendo que o elenco ajuda bastante. Vistos em perspectivas seus filmes perdem a violência gradativamente, ao mesmo tempo em que o elenco se torna mais prestigiado. Se o primeiro tinha Paris Hilton (que não ajudou muito, mas serviu para dar projeção ao filme), quem ajuda aqui é Liam Neeson, que andava desacreditado até fazer sucesso com o subestimado Busca Implacável (2008). Desde então o ator ganhou crédito de herói de filmes de ação, o engraçado é que antes não haviam cogitado que este gigante irladês (o cara tem 1,93 metro) daria conta disso ao beirar os sessenta anos. É a credibilidade de Neeson que nos faz embarcar na trama um tanto confusa de um homem que perde sua identidade num país estrangeiro, ou pelo menos é isso que pensamos. Neeson é Dr. Martin Harris, que está prestes a participar de um congresso de neurociência na Alemanha quando, no hotel, se dá conta de que esqueceu sua maleta no aeroporto. Sem tempo para avisar a esposa (January Jones, a Emma Frost do novo X-Men) acaba a deixando na entrada do hotel. Pega um táxi, tenta ligar para a esposa - mas não consegue - e acontece um acidente que o deixa em coma por quatro dias. Quando procura sua esposa, acaba descobrindo que outro homem ocupa o seu lugar (no caso o sumido Aidan Quinn) e sua esposa parece aceitar tudo numa boa. Seria uma conspiração? Um golpe? Uma realidade paralela? Ou simplesmente um pesadelo? Serra conduz a trama sem grandes sobressaltos e embola cada vez mais as relações de seus personagens. Seu protagonista acaba sendo ajudado pela motorista do táxi do acidente (Diane Kruger, convincente, mas longe da garra mostrada em Bastardos Inglórios) que por acaso é imigrante ilegal. A conclusão do filme tenta ser “surpreendente” – e mesmo com a ajuda do grande Frank Langella - os mais espertos podem imaginar o que está acontecento quando se tocarem sobre o que é o tal congresso. Fotografia azulada e cenas de perseguição bem editadas devem empolgar os fãs do gênero. Para os cinéfilos de plantão o filme fica mais divertido se procurar os atores de filmes alemães indicados ao Oscar de filme estrangeiro nos últimos anos, estão lá Sebastian Koch (O Gosto dos Outros/2006), Karl Markovics (Os Falsários/2007), Stipe Erceg (Baader Meinhof Complex/2008) e o obrigatório Bruno Ganz (A Queda/2004). Serra demonstra mais uma vez ser eficiente na direção de atores, só falta agora ver o que o cara é capaz de fazer com um roteiro de primeira grandeza.
Desconhecido (Unknown/EUA-2010) de Jaume Collet-Serra com Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Bruno Ganz, Aidan Quinn e Frank Langella. ☻☻
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