Outro filme cheio de ambições que fracassou recentemente foi The Killer Inside Me. O mais curioso é que o filme me faz pensar em por que o diretor Michael Winterbotton quando tem um roteiro mais convencional nas mãos ele acaba fazendo uma obra descartável. Foi assim com O Preço da Coragem (2007) estrelado por Angelina Jolie e é o que acontece também neste filme que tem como maior trunfo a atuação de Casey Affleck. No entanto, existe um fator que acaba trabalhando contra o ator, já que ele interpreta mais uma vez um assassino - como na sua atuação anterior em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford (2007), onde interpreta o Ford do título que é xará do protagonista do filme de Winterbotton. O Ford daqui é um xerife que recebe a missão de afastar uma prostituta das redondezas (Jessica Alba, pior do que péssima), mas depois de tomar uns tabefes da profissional ele acaba libertando seu lado mais agressivo. A partir dali se tornam amantes, ele se tornando cada vez mais agressivo e ela aceitando suas maiores perversões. Essa parte do filme é tão apressada e mal contada que nem dá para sentir alguma coisa pelos dois. Winterbotton não perde tempo delineando personagens, suas ações ou situações em que se metem. O espectador nem entende muito bem o andar da trama até que ela parece tomar corpo num plano esquisito de Ford: matar sua amante para se vingar do policial que incriminou seu irmão. Nesse momento Winterbotton passa dos limites do bom senso ao mostrar o cara socando o rosto de Alba (que mostra de vez ser um caso perdido em termos de atuação). Casey Affleck se esforça para expor como funciona a mente perturbada de seus personagem, mas o roteiro não ajuda. Sempre que o filme parece que vai decolar (a melhor parte é o miolo onde arquiteta maneiras de despistar as investigações do primeiro crime que cometeu) ele volta para a ideia malajambrada do início. Só que desta vez com a participação de sua futura esposa Amy (Kate Hudson, mostrando, mais uma vez, que não faz feio quando recebe um papel que presta) e um mendigo que quer acertar as contas com o personagem. A impressão é que Wintebotton não faz a mínima ideia do que fazer com o filme, tenta ser irônico, cool, misterioso, engraçadinho (só ele deve ter achado graça nas músicas animadinhas nos momentos desagradáveis) e quando achamos que Affleck terá sua apoteótica cena final a coisa degringola de vez num desfecho ridículo onde uma de suas vítimas volta das catacumbas. Não bastasse isso tudo termina num fogaréu ao som deu outra música animadinha! Dizem que nem o elenco se empolgou quando viu o filme pronto e deixaram Winterbotton sozinho nos festivais para justificar sua opção por explorar ao máximo as chocantes cenas de violência contra as mulheres de seu longa. Baseado no livro homônimo de Jim Tomson - que explorava os meandros da mente doentia de seus personagem - O Assassino em Mim parece até um filme bom pela dedicação de Affleck e Hudson, mas não é. Trata-se de um exercício noir mal sucedido de um diretor que já produziu pérolas misturando linguagem documental e ficção como Bem Vindo a Sarajevo (1997) e A Festa Nunca Termina (2002).
O Assassino em Mim (The Killer inside Me/EUA-2010) de Michael Winterbotton com Casey Affleck, Jessica Alba, Kate Hudson, Simon Baker e Elias Koteas. ☻
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