Banks e Crowe: plano mirabolante em drama familiar.
Russel Crowe pode não ser tão badalado quanto era na década passada, mas ainda tem talento suficiente para carregar um filme nas costas. O astro de Gladiador (2000) também não tem a forma física de antigamente, mas o visual rechonchudo ajuda a dar credibilidade ao professor universitário que cria um plano de fuga mirabolante para tirar a esposa da prisão. Não fosse por Crowe o filme poderia ser apenas mais um suspense mediano sobre a didática de uma fuga na prisão, mas todo mundo sabe que mesmo calado o ator consegue expressar uma gama de sensações que poucos atores conseguiriam. É a atuação de Crowe que consegue nos manter interessados durante a sessão (já que o tal plano mirabolante só conhecemos quando está em execução, até lá, vemos uma série de cacos e pistas correspondente ao mosaico complexo que o personagem pendura na parede de sua casa). Na verdade, o filme é uma refilmagem de um longa francês de chamado Pour Elle (2008) protagonizado por Diane Kruger e Vincent Lindon, só que sofreu alguns retoques para a realidade estadounidense, ou melhor hollywoodiana - e esta nova versão apenas arranha as motivações do personagem pacato desacreditar dos tramites legais que não funcionam (todos os recursos em todas as instâncias foram negados) e apelar para a marginalidade. Desde o início o marido confia na inocência da esposa (vivida por competência por Elizabeth Banks) e pelo filme ser baseado em seu olhar sobre os acontecimentos, torcemos por ele - que além de cuidar da casa e do filho sozinho ainda tem a mente disposta a criar uma elaborada fuga e resistir à tentadora Olivia Wilde! Paul Haggis se aventura por um gênero que tem feito a glória de Liam Neeson (que faz até uma participação especial no filme), onde um pai de família precisa bancar o herói mesmo que não tenha muita experiência no ramo. Mas o diretor continua com a mão pesada de seus longas anteriores (o oscarizado Crash/2004 e No Vale das Sombras/2007), sinal do exagero é a cena da prisão da esposa do professor, na frente do filho pequeno na hora do café da manhã. A cena pode até aumentar a carga dramática do filme, mas é difícil de digerir (assim como a cena em que o protagonista invade a casa de um traficante em busca de dinheiro ou aquela cena "susto" desnecessária na rodovia). O que importa é que mesmo com alguns tropeços (incluindo o uso de canções do Moby em hora inadequada), o filme se redime quando o plano é posto em execução e só nos resta grudar os olhos na tela para ver os malabarismos do marido para alcançar seu objetivo.
72 Horas (The Next Three Days/EUA-2010) de Paul Haggis com Russel Crowe, Elizabeth Banks, Olivia Wilde, Bryan Dennehy e Liam Neeson. ☻☻☻
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