Chris Evans: Capitão América como manda o gibi.
A Marvel Studios ficou preocupada com a rejeição que o filme do Capitão América poderia ter ao redor do mundo por ser confundido com mais um exercício de patriotada americana e por isso resolveu colocar o acréscimo "O Primeiro Vingador" no título (além de fazer uma certa propaganda de Os Vingadores que estreia esse ano). Vendo o filme eu percebo o motivo da preocupação - e os comentários maldosos que ouvi sobre o filme também ajudaram nessa compreensão -, mas PELO AMOR DE DEUS! É O FILME DO CAPITÃO AMÉRICA! O sentimento antiamericano já havia afetado a venda dos gibis do herói e não queriam que a coisa afetasse o filme, mas precisa ser bastante alienado para rejeitar o filme por causa de um sentimento tão preconceituoso à uma obra de ficção. Os xiitas podem até dizer que filmes de entretenimento servem para expandir o império do Tio Sam e blábláblá, mas acredito que as pessoas não são facilmente manipuláveis. Deixando esse delírio nerd de lado, eu gostei bastante de Capitão América, especialmente pelo fato da produção ser totalmente fiel à história do personagem (sua criação relacionada ao alistamento de jovens na força militar, sua luta contra vilões fascistas e, especialmente, sua ingenuidade por pertencer a uma época em que ser super-herói era mais simples do que hoje em dia). O diretor Joe Johnston não é um gênio mas consegue aplicar durante toda a sessão aquele clima de matine que é bastante coerente com o personagem que vemos na tela. Além disso, penso que a Marvel aprendeu que para trabalhar personagens menos populares, precisa construir uma identidade muito própria para seus longas. Se Thor bebe na fonte da mitologia, ousando utilizar até uma cadência shakesperiana (cortesia de Kenneth Branagh), Capitão América é moldado como um filme de guerra tradicional, com mocinhos que são mocinhos e vilões que são vilões e ponto. Além do ritmo correto durante toda a sessão, efeitos especiais bem realizados e cenas de ação capazes de agradar todos os públicos, os produtores ainda tiveram o bom senso de escolher o ator correto para o papel. Chris Evans tem shape de galã, mas já mostrou em outros filmes que é mais eficiente do que, por exemplo, Ryan Reynolds (o mal fadado Lanterna Verde), prova disso é quando vive o jovem soldado Steve Rogers franzino (com ajuda daquele efeito especial que cola seu rosto sobre um ator magrelo) onde consegue exteriorizar sua boa índole e intenções - as principais características do Capitão América. Quando passa por experiências que o anabolizam (literalmente), Rogers tem tudo para virar um herói coerente com os perigos da Segunda Guerra Mundial, mas ainda não tem confiança das forças armadas (personificada por Tommy Lee Jones e sua antipatia natural). Acaba sendo garoto propaganda do exército, fazendo showzinhos para venda de títulos, vira personagem de gibi e até faz alguns filmes (esse pedaço me lembra um bocado os melhores momentos de Watchmen/2009 de Zack Snyder), mas só depois, num ato de indisciplina percebe que tudo isso é puro mercantilismo e é preciso ser um herói de verdade. Johnston carrega seus mocinhos de sentimentos nobres como amizade e gratidão (o que pode soar piegas nos filmes de hoje), fazendo com que tudo funcione numa atmosfera nostálgica criada com auxílio da boa reconstituição de época. Até o clima de romance com Peggy Carter (Hayley Atwell) não parece forçado, acontecendo gradativamente até um final que pode levar os mais sensíveis às lágrimas. Além disso, se muitos reclamam que Rogers é mostrado bonzinho demais é mais do que compreensivo que considerem o vilão Caveira Vermelha (Hugo Weaving) exagerado, mas acredito que seja tudo proposital. O maior inimigo do Capitão é mostrado como o líder de uma subdivisão nazista, a Hydra, que produz armamentos tecnológicos ultramodernos. O Caveira é fruto de experiências semelhantes a que sofreu Rogers, só que com alguns efeitos colaterais. Esqueça o que poderia ser patriotada e aproveite já que o filme serve para criar ainda mais expectativa para Os Vingadores (sempre elogio o fato da Marvel criar um universo próprio e bem amarrado para seus filmes, aqui, por exemplo, o pai de Tony Stark tem papel de destaque na atuação de Dominic Cooper). Apesar de não ter feito o sucesso esperado nos cinemas (rendeu 368 milhões ao redor do mundo, quase o dobro do que custou) a sequência está programada para 2014. Oba!
CAPITÃO AMÉRICA - O PRIMEIRO VINGADOR (Captain America - The First Avenger/EUA-2011) de Joe Johnston com Chris Evans, Hayley Atwell, Hugo Weaving, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci, Dominic Cooper, Toby Jones, Sebatian Stan e Samuel L. Jackson. ☻☻☻☻
Confesso a minha ignorância cinéfila diante de tantas informações, cuidadas e ao mesmo tempo apresentando de forma comum e legível a que serve a produção. Parabéns meu amigo, penso que poderia estar enviando para jornais e ganhar espaço nas colunas especializadas. Belo trabalho, fiquei com muita vonta de assisitr o filme.
ResponderExcluirObrigado, obrigado... rsrs :D E o filme é bem legal!
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