Se Beber não Case: um dos grandes abacaxis de 2011.
Aproveitando o clima de expectativa do Globo de Ouro que acontece hoje à noite, lembrei que em 2010 Se Beber não Case derrotou todos os favoritos ao prêmio de Melhor Filme de Comédia ou Musical e todo mundo ficou com cara de bobo - apesar de todos terem feito do filme um sucesso mundial. O fator de maior sucesso de Se Beber Não Case era o clima de suspense que o diretor Todd Phillips conseguia construir através do desaparecimento de um personagem às vésperas do casamento (e o uso de uma narrativa de quebra-cabeça com pistas disponíveis em um quarto de hotel - coisas simples: uma galinha, um tigre, um bebê...). Em clima de ressaca o lesado Alan (Zack Galifianakis), Stu (mais conhecido como o dentista que perdeu um dente na noitada vivido por Ed Helms) e o mais sério Phil (Bradley Cooper) partem em busca do amigo desaparecido com o relógio aproximando cada vez mais a hora do casamento. Nessa exacerbação de que "o que acontece em Las Vegas fica em Las Vegas" os amigos se metem em situações engraçadas e assim como o espectador tentam entender o que aconteceu naquela noite de bebedeiras. Quanto mais solucionam situações, outros fatos e personagens aparecem para complicar (como Stu ter se casado com uma stripper interpretada por Heather Grahan). Claro que existem exageros, escatologias mas Phillips consegue imprimir uma ingenuidade nos marmanjos que é difícil não simpatizar com eles. O filme não é perfeito ou muito original, mas é uma ideia simples e bem executadas que arrecadou muitos milhões se tornando a comédia com censura 18 anos de maior bilheteria da história. Quando falaram de ter uma continuação os fãs ardorosos gostaram da ideia. Eu fiquei com medo. O mesmo raio cariria duas vezes no mesmo lugar? Phillips sabia disso e ao invés de criar novos truques em Se Beber Não Case II resolveu pegar o esboço do primeiro longa e mudar apenas algumas situações. Ao invés de Vegas os amigos foram para Malásia celebrar o casamento de Stu e o roteiro achou que isso era um bom pretexto para piadinhas preconceituosas (seja com os apagões constantes, com travestis ou macacos traficantes). Para não ser uma cópia idêntica o roteiro não some com o noivo, mas com um cunhado prodígio de 16 anos (o que é mortal quando se tem um sogro que já não vai com a sua cara). Daí em diante o filme repete algumas participações especiais do primeiro filme (como o bandido oriental vivido por Ken Jeong que não tem muito o que fazer em momentos bem desagradáveis como uma das cenas de apresentação mais cretinas do cinema). Todo aquele clima de colegagem do primeiro foi para o ralo, os personagens estão mais idiotas (e o Alan de Zack Galifianakis é o que mais sofre com isso, não bastasse ser bobo, agora ele é um chato completo) e infantis (pretexto para uma cena absurda e de mal gosto inaceitável com crianças bebendo e cheirando pó), sem falar do clima que ficou infinitamente mais sombrio. Ao invés de costurar ideias boas como as anteriores, o diretor resolveu baixar o nível da produção e deixar sua obra parecida com centenas de comédias vagabundas que vão direto para o DVD. Lá pela metade da sessão já suspeitamos onde está o tal cunhado (afinal, se tudo segue a receita do original o lugar deve ser o mais óbvio - mas os personagens só perceberão isso no final). Depois de quase duas horas de cenas chulas e desagradáveis nos damos conta de que o filme cometeu um pecado mortal para uma comédia: não ter graça. O roteiro até força a barra, mas alguém acha engraçado um macaco simulando sexo oral num monge? Ou crianças usando drogas numa noitada? Se Beber Não Case II parece querer matar a franquia para que Hollywood tenha ideias frescas para a próxima temporada - ou então irão repetir a dose no Rio de Janeiro no terceiro filme!
Se Beber Não Case (The Hangover/EUA-) de Todd Phillips com Bradley Cooper, Ed Helm, Zack Galifianakis, Heather Grahan e Justin Bartha. ☻☻☻
Se Beber Não Case (The Hangover II/EUA - ) de Todd Phillips com Bradley Cooper, Ed Helm, Zack Galifianakis, Justin Bartha e Paul Giamatti. #
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