quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

DVD: Lanterna Verde

Reynolds: verde para o papel. 

Quantas vezes um ator tem a chance de dar uma guinada em sua carreira? Sei que não são muitas e raramente a tal guinada vem através de um único filme. É algo trabalhado aos poucos e que o ator sensato ao perceber que ganhou confiança dos estúdios faz o melhor possível para que sua carreira alcance outro patamar. Ryan Reynolds já fez todo tipo de filme, geralmente era tratado com tolerância, mas nos últimos tempos provou que era capaz de roubar a cena (como o tagarela Deadpool de Wolverine/2009) ou carregando um filme nas costas (Enterrado Vivo/2010). Por essas proezas, além de ter um dos corpos mais esculpidos de Hollywood, foi escolhido para fazer o filme do Lanterna Verde decolar. Fazia tempo que o herói esmeralda estava na pauta dos estúdios, mas desde o início a coisa não era levada muito a sério (chegaram a cogitar o rotundo Jack Black para o papel!), mas o sucesso de um herói secundário como Homem de Ferro para a Marvel, fez a Warner salivar com as possibilidades que a DC Comics tinha a oferecer. Escalaram o operário padrão Martin Campbell para dirigir e coadjuvantes auspiciosos como Peter Sarsgaard, Tim Robbins e Angela Basset para dar uma força. Os efeitos especiais também foram feitos no capricho para o filme ser exibido em 3D e o roteiro era calcado na antológica saga do vilão Paralax (apesar de ser direcionada de forma bem diferente dos quadrinhos). Ah, claro, estava me esquecendo, o Lanterna Verde escolhido para o filme é o mais famoso de todos, o piloto Hal Jordan (que usou o anel antes do intragável Guy Gardner e do politicamente correto John). O que poderia dar errado num filme feito somente para divertir? Algo essencial: o ator. Ryan Reynolds está péssimo na pele de Hal Jordan e não consegue imprimir credibilidade nem nos momentos em que a identificação do público seria óbvia (prova disso é a forma infantil com que lida com o estranhamento de ser escolhido por um alienígena para usar o anel). Apesar dos rombos no roteiro (afinal, que fim leva o sobrinho de Jordan que aparece só no início?) e das patetices (pista de hotwheels para salvar inocentes?) se houvesse um ator vigoroso defendendo a trama ela poderia ter rendido uma das matinês mais divertidas do ano. A escalação de Reynolds é um equívoco total e já começa por sua concepção pobre do protagonista que amadurece durante a trama. Jordan não é pedante como nos quadrinhos, aqui ele é apenas um idiota imaturo - e já que pode fazer qualquer coisa com a força do pensamento guiando seu anel ele poderia ter produzido um cérebro novo para ser mais interessante no decorrer do filme. O filme sempre baixa a voltagem quando o herói está em cena e a trama paralela com o seu rival contaminado pela misteriosa energia amarela, Hector (Sarsgaard) consegue ser muito mais interessante - apesar de conduzir tudo cada vez mais para o trash. Tudo soa vazio, da escolha de Jordan, passando pelo seu treinamento junto aos outros lanternas, seu primeiro conflito com Sinestro (o subaproveitado Mark Strong) e seu romance em ponto morto com Blake Lively. Para saber tudo o que o filme poderia ter sido, procure a animação Lanterna Verde - Primeiro Voo lançado em 2010 e que cumpria muito bem o papel de apresentar o seu personagem de forma coerente e adulta. Desculpe Reynolds, mas você perdeu todos os créditos conquistados nos últimos anos e acho inevitável registrar Reynolds não dava conta do herói nem no trailer, por conta disso deveriam ter escalado até o Nathan Fillion (que deu conta do personagem no fantrailer muito mais legal que pode ser visto no Youtube). Com bilheteria mirrada o destino de Lanterna Verde é incerto nas telas. 

Lanterna Verde (Green Lantern/EUA-2011) de Martin Campbell com Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Tim Robbins, Angela Basset e Mark Strong. 

2 comentários:

  1. Wellington, meu achado, eis-me aqui orgulhosa de você e vergonhosa de mim. Só agora, depois de "descer" páginas a fio, encontrei algo em comum em nós: o fato de termos assistido a este patético filme. E ainda devo dar graças a Antônio, por ter me levado de volta às telas do cinema - Que saudade! - Uma pena, contudo, que meu retorno tenha sido justo na estreia de "Lanterna Verde". Antônio não percebeu, maravilhado que estava com a luz que desprendia daquele anel fantástico, mas eu... quase dormi! Melhor seria se ao invés de termos ido ao cinema tivéssemos tomado o caminho do Habib's: a promoção contemplava com o anel verde (com aquele mesmo brilhinho) quem comprasse uns sanduíches. Teríamos ficado mais satisfeitos...
    Sou sua fã!
    Beijos.
    Karla Pontes.

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